Nelo & Idália. 17 anos depois, o sketch transformou-se em série

Nelo & Idália. 17 anos depois, o sketch transformou-se em série


Uma casa em Mem Martins decorada por Nelo, uma família portuguesa, uma senhoria perversa e uma empregada doméstica a condizer. A receita é esta.


Herman José tem um propósito: fazer uma coisa de que ele próprio goste. “Se eu gostar, alguém vai gostar”, atira. A reedição do Nelo & Idália promete manter o que já se conhecia, mas a ideia “não é alargar o sketch para um formato maior”, garante o humorista.

São mais textos, mais abordagens, mais personagens que acabam por interagir num cenário onde apenas Nelo e Idália mantêm a mesma postura, a mesma forma de estar que os caracteriza. Herman explica que a reedição não foi uma ideia sua, mas nasceu de uma proposta feita directamente pela direcção de programas da RTP. Herman não poupou elogios ao serviço público por respeitar as opções dos artistas sem lhes impor metas financeiras. 

A série estreia amanhã às 21h30 na RTP1 e vai contar com mais personagens do que o sketch original, visto pela primeira vez em 1998 no programa “Herman SIC”. Desta vez, o casal mudou-se para Mem Martins, para a antiga casa da mãe de Idália. Aidinha, a filha mais nova (protagonizada por Inês Sobral), é a única personagem recuperada, e a mesma actriz que chegou a entrar nas rábulas antigas. Aidinha, que sonha tornar--se uma cantora popular, trouxe para o convívio da família o seu namorado, Elias (Martinho Silva), que trabalha como DJ. 

A família é assombrada pela senhoria, Anália (Márcia Breia), que os quer despejar, mas vai prolongando o contrato com a promessa de favores amorosos de Elias. Outra novidade é a filha mais velha, Carla (Rita Tristão da Silva), que se tinha autodeclarado independente, mas acaba por ficar dependente da ajuda dos pais. Por último surge ainda uma empregada doméstica da família, com direito a quarto na casa, protagonizada pela própria Maria Rueff.

Actual

Herman José disse ao i que o contexto é actual, mas vai evitar as piadas fáceis e a colagem à actualidade. Para o apresentador, a ideia é que o humor tenha um carácter intemporal, que “as pessoas possam ver daqui a anos e continue a ter graça”. Oretrato é social, com a colagem q.b. ao dia-a-dia: “Os filhos que não conseguem viver sozinhos e a austeridade” são alguns dos factores que espelham a realidade. 

Quanto ao regresso da dupla, Herman José diz que trabalhar com Maria Rueff é como “se a EDP comprasse um vulcão para produzir electricidade”. A actriz, por seu lado, “tinha saudades de estar ao lado do Herman”. Já Rita Tristão da Silva lembra que os actores mais jovens, quando se viram a contracenar com Maria Rueff e Herman José, tiveram a sensação de estarem a “entrar num lugar sagrado”. A jovem actriz acrescenta que são “óptimos professores, atenciosos, e ajudam”.

Décor

A acção vai passar-se na casa de Mem Martins, mas na realidade é gravada nos estúdios da Valentim de Carvalho, em Paço de Arcos, e em cinco divisões: a sala de estar, o ateliê de Nelo, a cozinha, o quarto do casal e o quarto da empregada. 

A decoração do espaço, “a cargo do Nelo”, é do mais popular, kitsch ou simplesmente feia. As estantes com livros com as lombadas clássicas e bibelôs de porcelana, os cães em loiça, o relógio com uma pantera, os sofás em veludo, o papel de parede com cornucópias, o carrinho de chá, tapetes felpudos por cima da alcatifa, cortinas com motivos de frutas, a loiça exposta, os panos, véus e penas no ateliê do Nelo, os candeeiros dourados, os naperons de renda… Um cenário a condizer.