É uma nova molécula que permite detectar o cancro da próstata numa fase ainda precoce e foi agora introduzida na prática clínica em Portugal. O fármaco, desenvolvido por cientistas portugueses, além de prometer uma avaliação da doença mais eficaz, não terá um custo superior à terapia actualmente usada. A garantia é da equipa de investigadores do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), da Universidade de Coimbra.
E o primeiro exame de tomografia por emissão de positrões (PET/CT) com PSMA-Ga68 –, designação da nova molécula –, “já foi realizado em Coimbra”, anunciou ontem a universidade. A introdução deste radiofármaco no campo assistencial resulta de uma investigação que se prolongou nos últimos quatro anos e, segundo os cientistas portugueses, é sobretudo um trunfo em situações de recaída, explica Miguel Castelo Branco, director do instituto.
E, como tal, estão reunidas todas as condições para substituir a actual terapia em Portugal, ou seja, o uso da Fluorcolina-18F, defendeu por seu turno o coordenador da área clínica do ICNAS, João Pedroso de Lima. A molécula produzida neste instituto chegou agora à prática clínica em Portugal, mas “já é utilizada em alguns países europeus, segundo o investigador: “Este é um fármaco muito mais sensível pois permite avaliar parâmetros impossíveis de identificar por outros métodos de diagnóstico e fornece informações essenciais para detectar precocemente, e localizar, o reaparecimento do tumor e a sua metastização.”
O ICNAS, organismo autónomo da Universidade de Coimbra, dedica-se à investigação biomédica e à aplicação clínica de moléculas marcadas com substâncias radioactivas.
O cancro da próstata é o tumor maligno mais frequente no homem adulto. Em Portugal, a doença atinge anualmente entre 3500 a 4 mil portugueses. Destes, 1800 acabam por morrer. Este cancro tem aliás uma taxa de cura de 85% se for detectado a tempo. Apesar das causas do cancro da próstata não serem conhecidas, sabe-se que o factor hereditariedade e idade têm um grande peso. Uma vez que este cancro não apresenta sintomas numa fase inicial, especialistas acreditam que os exames de rastreio são fundamentais para a detecção e tratamento mais eficaz.