Criar o seu próprio negócio poderá ser a solução para responder à taxa de desemprego – os últimos dados do Eurostat revelam que a taxa de desemprego em Junho se manteve inalterada face a Maio, nos 12,4%– e para a criação do seu posto de trabalho. E como muitos especialistas defendem, é em alturas de crise que se podem criar verdadeiros negócios de sucesso. Esta tarefa, à primeira vista complicada, é bastante mais simples do que parece. Ter uma boa ideia – embora não seja tudo – é o requisito inicial para constituir uma empresa. A partir daí é necessário recolher informação e desenvolver a ideia (ver coluna ao lado).
O passo seguinte é arranjar capital. O ideal seria financiar o seu negócio com capitais próprios, mas a percentagem de empreendedores que conseguem criar uma empresa sem recorrer a financiadores externos é residual. Por isso, deve estar preparado para defender o seu projecto junto da banca, de investidores privados ou de empresas de capital de risco.
O recurso às instituições financeiras é uma das formas mais comuns de os empreendedores conseguirem obter financiamento, mas o certo é que o acesso ao crédito continua restrito. Ao contrário da habitação e consumo – que cresceram 51,5% e 24,9%, respectivamente, nos primeiros cinco meses de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado – o crédito a empresas caiu mais de 30% entre Janeiro e Maio, de acordo com últimos dados do Banco de Portugal.
Microcrédito Outra hipótese passa por recorrer ao microcrédito. Geralmente é a solução para todos aqueles que não têm acesso ao crédito bancário normal e desejam realizar um pequeno investimento. Para isso, os empreendedores não podem ter registo de incidentes não justificados no sistema bancário. No caso da Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC), o valor do empréstimo tem alguns limites e varia dos mil aos 15 mil euros (ver coluna). Existe ainda outra modalidade, o MicroInvest, que permite um financiamento máximo de 20 mil euros, mas as condições de acesso são restritas. E nem todos os projectos são aprovados. De acordo com a associação, a maioria dos pedidos que chegam à entidade são recusados porque, em muitos casos, o projecto não tem viabilidade.
A ideia, segundo a ANDC, é apoiar projectos que têm condições de sucesso porque “o nosso objectivo é ajudar as pessoas a melhorarem as suas condições de vida”. No entanto, também admite entraves: muitos dos potenciais microempresários têm incidentes bancários activos ou por outros motivos ligados ao negócio ou às suas condições pessoais.
Já a entidade Cooperativa António Sérgio (CASES) – que também gere um programa nacional de microcrédito – financia a concretização de projectos, mas com um limite máximo de financiamento que ronda os 20 mil euros. “Este microcrédito destina-se a todos aqueles que, demonstrando um perfil empreendedor, sentem dificuldades em ingressar no mercado de trabalho e estão, por isso, em risco de exclusão social. São igualmente destinatários do programa as cooperativas e microentidades que apresentem projectos viáveis com criação líquida de postos de trabalho”, diz.
Capital de risco Apostar no capital de risco é outra alternativa para quem quer lançar o seu negócio, mas não tem o capital necessário. Este é aplicável a projectos de arranque, expansão, modernização e inovação empresarial. O Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI) é o principal financiador público de fundos de capital de risco. As participações no capital social das empresas concretizam-se pela realização de aumentos de capital que podem ser complementados por suprimentos, prestações suplementares de capital ou outros instrumentos financeiros análogos por parte de um operador especializado nesta área.
Geralmente, as participações são temporárias e, na generalidade dos casos, minoritárias. O operador de capital de risco intervém na empresa com o objectivo de criar valor, alienando a sua participação num prazo médio de três a sete anos.
Guia SOS para o microcrédito
O que é o microcrédito?
É um pequeno empréstimo bancário destinado a apoiar pessoas que não têm acesso ao crédito bancário mas querem desenvolver uma actividade por conta própria.
Qual o montante máximo que pode ser pedido?
O montante máximo é de 15 mil euros. No entanto, segundo a Associação Nacional de Direito ao Crédito, a atribuição de um valor superior a 12 500 euros será dividida em duas fatias: a primeira até 12 500 euros, no início do primeiro ano, e a segunda, no montante complementar, no início do segundo ano se as condições de evolução do negócio o justificarem.
Que tipo de negócio?
Todos os tipos de negócio são admissíveis, desde que se verifique que podem terêxito com o financiamento disponível e desde que o exercício da respectiva actividade não contrarie os princípios pelos quais se
rege o microcrédito.
Quais são as condições?
O banco não exige garantias reais ao candidato, mas obriga à apresentação de um fiador que garanta 20% do capital emprestado. O valor mínimo do empréstimo é de mil euros e o valor máximo é de 12 500 no primeiro ano do negócio, período a partir do qual o candidato poderá solicitar um reforço de 2500 euros.