Serie A. A segunda oportunidade do Chievo

Serie A. A segunda oportunidade do Chievo


Depois de ser obrigado a encerrar as portas devido a problemas financeiros, o Chievo recebeu uma segunda oportunidade. Sergio Pellissier, o ex-capitão, criou um projeto que vai permitir refundar a equipa.


Enquanto fãs acompanham as multimilionárias contratações dos “tubarões” do futebol, como Paris Saint-Germain ou o Manchester City, outros históricos da modalidade são quase obrigados a fechar as portas por não terem dinheiro para pagar as suas despesas, como é o caso do clube italiano Chievo.

Fundado em 1929, na cidade de Verona, a equipa que ganhou a alcunha de “burros voadores” é um caso único no futebol italiano. O Chievo é dos poucos clubes provenientes de uma pequena cidade a escalar com sucesso até ao topo na Série A, em 2001.

Este pequeno clube chegou inclusive a disputar uma fase de pré-eliminatória da Champions, em 2006, depois de Juventus, Fiorentina, Lazio e AC Milan terem ficado fora da competição devido ao escândalo de corrupção da Calciopoli.
No entanto, nesse mesmo ano, depois de também ter sido eliminado dos playoffs da Taça UEFA pelo Sporting de Braga, o Chievo acabou por descer à segunda divisão. Na época seguinte conseguiu garantir o primeiro lugar na Serie B, o que valeu o regresso à principal competição do futebol italiano.

Permaneceu na Serie A até 2019, ano em que ficou no último lugar da tabela, com apenas 17 pontos, sendo-lhe ainda retirados 3 pontos devido a uma fraude de contabilidade, resultantes de várias trocas de jogadores de valor excessivo com o Cesena, para mascarar as contas. Este crime valeu ainda ao clube uma multa de 200 mil euros e uma suspensão de três meses para o Presidente Luca Campedelli.

A segunda relegação do Chievo foi o princípio do fim. Depois de ter ficado em oitavo lugar na última edição da segunda divisão italiana, a equipa não se conseguiu inscrever na presente época, mesmo sendo um dos favoritos para conseguir subir à Serie A. Motivo: dívidas acumuladas.

Devido ao contexto pandémico até lhe foi permitido pagar a dívida em prestações, mas depois de ter falhado três pagamentos consecutivos a equipa foi despromovida para a Série D. Sem conseguir atrair um comprador para ressuscitar o clube, a 3 de agosto deste ano a equipa acabou por ser dissolvida. 

Um chievo “sério, sólido, humilde” Mas eis que surge um salvador improvável. Depois de ter dado inúmeras alegrias dentro dos relvados, o antigo capitão do Chievo, o ex-avançado italiano Sergio Pellissier, que envergou o equipamento amarelo durante 17 anos e disputou 517 jogos, conseguiu levar para a frente um projeto que irá permitir a refundação da equipa de Verona na próxima época. 

“Não importa de onde vamos começar, o imprescindível é mesmo recomeçar. Não vou desistir, isto ainda não acabou”, garantiu o ex-avançado, agora presidente do Chievo, rebatizado como FC Chievo 1929, em entrevista ao Arena di Verona.
“Vou tentar, pelo Chievo, e não desisto quando encaro as primeiras dificuldades. Tenho agora o meu próprio clube: o FC Chievo 1929. A aprovação foi o primeiro passo. O clube está ali, pronto para ser preenchido, para ser preparado”, confessou emocionado Pellissier.

O clube vai regressar à atividade nos campeonatos amadores do futebol italiano, no entanto, Pellissier ambiciona mais e olha com otimismo para o futuro do clube. “Não tive sucesso hoje, mas amanhã é outro dia. Talvez por estarmos mais perto de outras realidades, creio que começar pela Serie D poderia ser o melhor para nós. Mas vamos dar um passo atrás, deixar os escalões profissionais, depois vamos tentar voltar lá para cima imediatamente”, prometeu.

Depois de se ter despedido do seu clube do coração, Pellissier vai liderar a segunda vida do Chievo, um clube que, segundo o ex-avançado, será um Chievo mudado. “Quero um Chievo sólido, sério, humilde, inspirado nos princípios que encontrei no meu Chievo, aquele que vivi por muitos anos”, afirmou o ídolo dos gialloblu.