Queer Lisboa 18. Dez filmes para soprar as velas da ousadia


O número é razão para celebrar a maioridade do evento que há muito se emancipou. O Festival Internacional de Cinema Queer arranca hoje e decorre até dia 27 com longas e curtas-metragens, documentários, ciclos especiais e música. Com a ajuda do director artístico João Ferreira damos-lhe dez sugestões. O regresso faz-se ao Cinema São Jorge,…


O número é razão para celebrar a maioridade do evento que há muito se emancipou. O Festival Internacional de Cinema Queer arranca hoje e decorre até dia 27 com longas e curtas-metragens, documentários, ciclos especiais e música. Com a ajuda do director artístico João Ferreira damos-lhe dez sugestões. O regresso faz-se ao Cinema São Jorge, expandindo-se a outros espaços em Lisboa e no Porto. Horários completos, locais e todo o programa em www.queerlisboa.pt

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Polyester
de john waters

Amanhã às 21h30
Esta é a história bem humorada de uma dona de casa nos subúrbios: desilude-se aos poucos com um marido infiel na indústria pornográfica, uma filha grávida e um filho com fetiches perigosos. A fita de John Waters de 1981 está entre as muitas apresentadas numa retrospectiva. “Foi logo pensado para celebrar os 18 anos”, adianta o director. “Tem muito a ver com o espírito do festival, foi um realizador fundamental para construir o chamado cinema queer”. A novidade vai estar na experiência: serão distribuídos cartões numerados de 1 a 10 para raspar e sentir aromas quando o ecrã mandar.

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Touki bouki,
de Djibril Diop Mambety

Na secção “Queer Focus On Africa” a ideia era contrariar os olhares exteriores e mostrar afinal como é que os próprios realizadores africanos vêem a sexualidade. O filme de 1973, vem do Senegal e traz a história de dois amantes que querem trocar Dakar por França: muitas peripécias surgirão ao longo da viagem. “O filme mostra bem como a sexualidade está muito ligada à ideia da libertação e construção de uma identidade”, acrescenta João Ferreira. Influenciado pela nova vaga do cinema, o filme mistura realidade, excentricidade e um ambiente tão palpável quanto surreal. 

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hoje eu quero voltar sozinho de daniel ribeiro

Hoje às 21h00
As dúvidas da adolescência, os novos amores, as inquietações: está tudo aqui, na longa-metragem filmada em São Paulo, Brasil. O filme que vai abrir o festival “é uma história com qualidade universal, acessível ao grande público”, garante o director. Acompanhamos Leonardo, um rapaz cego que vê a sua relação com a melhor amiga, Giovana, ser interrompida quando um rapaz novo, Gabriel, chega à turma. Esta é a já a segunda vez que a história passa pelo festival: a estreia aconteceu em formato de curta-metragem. Agora, chega a versão longa.

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party girl
de Marie Amachoukeli, Claire Burger, Samuel Theis

Domingo, às 22h00
Angélique tem 60 anos, é empregada de bar e gosta de desfrutar da diversão da noite. Até que certo dia um cliente habitual a pede em casamento. Ela aceita mas a história não fica por aqui: “Há um final diferente, esta é uma mulher que vai contra todas as convenções.” A fita que passou pela secção Un Certain Regard, em Cannes, foi conseguida através de três realizadores (duas mulheres e um homem) que convidam amigos e familiares às filmagens misturando, assim, realidade e ficção. No Queer Lisboa o filme está inscrito na corrida para melhor longa-metragem.

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castanha
de Davi pretto

Amanhã às 19h30
É-nos apresentado João Carlos Castanha, de 52 anos que vive em Porto Alegre, no Brasil, com a mãe de 72 anos. A sua vida doméstica, pacata, contrasta com as noites agitadas passadas entre bares onde actua como travesti e actor. Esta é a personagem principal desta história, na competição para melhor documentário. Foi quando o realizador Davi Pretto se cruzou pessoalmente com ele que decidiu filmá-lo. Inicialmente a ideia era acompanhá-lo no dia-a-dia mas acabaram por, juntos, escrever uma ficção que traz os papéis e a fantasia criada por Castanha para primeiro plano.

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nighthawks
de ron peck

Jim é professor de Geografia e tem uma vida dupla: à noite percorre os bares e discotecas de Londres à procura do homem ideal. De 1978, o filme de Ron Peck está incluído num ciclo dedicado ao realizador que foi dos primeiros britânicos a abordar o tema da homossexualidade. Na terça-feira (dia 23) será ainda possível ver “Strip Jack Naked” em que Peck revê as mesmas questões, anos depois. “É um olhar nostálgico e desiludido sobre a evolução da forma como os gays vivem e de que maneira são representados na ficção.” Esta fita é uma autobiografia em que Ron Peck nunca aparece.

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will you dance with me
de derek jarman

Este exemplar foi filmado em 1984 numa discoteca em Londres – Jarman fazia uma espécie de casting para o anteriormente mencionado Ron Peck. As imagens em VHS recentemente descobertas mostram pessoas a dançar mas não só: o vídeo experimental consegue construir narrativas, contar pequenas histórias das pessoas, apenas através da observação. Será justo dizer que Jarman não era apenas um realizador por isso o resto da noite será passada com telediscos dos Pet Shop Boys e dos The Smiths para mostrar a sua importância na criação de um imaginário queer.

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something must break
de Nånting Måste Gå Sönder

Quinta-feira, às 22h00
As fitas do sueco costumam ter lugar marcado no festival, esta não é excepção. A história é um relato intenso do percurso de Sebastian que se recusa a escolher ser homem ou mulher. “Something Must Break” pensa a maneira como a sociedade sueca olha para estas questões de género mas também vê a problemática por dentro: Sebastian vive um amor com Andreas, que é heterossexual. De que maneira é que a relação entre ambos evolui e como é que Sebastian vai encontrando a sua identidade, são as questões em cima da mesa.

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flores raras
de bruno barreto

Tudo isto aconteceu: foi numa viagem ao Brasil que a poeta Elizabeth Bishop (Miranda Otto) conheceu a arquitecta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires) que lhe viraria a vida do avesso. De um lado está a mulher dedicada às letras, triste e deprimida, do outro a mulher das linhas e da paisagem, extrovertida, rica sexualmente emancipada. “Flores Raras” que encerrará o Queer Lisboa 18 é uma ambiciosa produção brasileira que segue o percurso de Bishop. Os temas do amor e da identidade acompanham um outro tema, o de ser estrangeiro e de se integrar num novo país, língua e cultura.  

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eastern boys
de robin campillo

Sexta-feira (26), às 22h00
São russos, ucranianos e moldavos os rapazes que o discreto Daniel conhece um dia, nas ruas de Paris. Quando convida um deles a visitá-lo a casa não pode imaginar as repercussões que o convite pode ter. A produção francesa que já passou por vários festivais trata de um tema recorrente na actualidade – o da imigração ilegal em França – e junta outra temática social delicada, a da prostituição. “A forma como se pega a realidade agarra muito bem o espectador. Trata-se de um tema social delicado, de alertar para uma realidade, mas não esquecendo que é cinema.”