Iker Casillas. A necessidade de transformar o negativo


“Já sei o onze, mas permitam-me que não o diga. Quero um grupo forte até à hora do jogo. Para não falar que saber o onze de antemão poderia alterar a motivação dos jogadores.” Vicente del Bosque jogou à defesa na segunda-feira e não abriu o véu sobre eventuais mudanças na equipa espanhola que hoje…


“Já sei o onze, mas permitam-me que não o diga. Quero um grupo forte até à hora do jogo. Para não falar que saber o onze de antemão poderia alterar a motivação dos jogadores.” Vicente del Bosque jogou à defesa na segunda-feira e não abriu o véu sobre eventuais mudanças na equipa espanhola que hoje defronta o Chile num encontro com a obrigação de vencer e, de preferência, marcando muitos golos.

Os dias desde a humilhação com a Holanda na sexta-feira à noite têm sido agitados. A imprensa e os críticos espanhóis procuram uma revolução na equipa e tentam fazer sangue apontando culpados. Fala-se da possibilidade de alterações tácticas para tornar o meio-campo mais ofensivo – deixar de actuar com Xabi Alonso e Busquets lado a lado – e noutras alterações pontuais, especialmente nos flancos. Mas a baliza, defendida por Casillas, permanece intocável. O peso do guarda-redes do Real Madrid numa selecção bicampeã europeia e campeã mundial ainda é grande e nem a péssima imagem deixada contra a Holanda – mal batido nos dois golos de Van Persie e de joelhos a perseguir Robben – parece mudar o panorama. E David de Gea, uma das alternativas, até está de fora das contas por lesão.

A lista de defensores de Casillas foi crescendo e ontem ganhou mais um nome surpreendente: José Mourinho. O antigo treinador do Real Madrid, responsável por ter relegado o guarda-redes para o banco, afirmou que manteria a aposta para o encontro com o Chile. “Não o poria no banco. A posição de guarda- -redes é muito específica e não gosto de mudar o titular só por um mau jogo”, afirmou em declarações ao Yahoo Sports para depois apontar uma excepção: “Só se o mau momento de forma deixasse claro que não está em condições estáveis para desempenhar o lugar.”

“Um mau jogo não é suficiente para mudar.” É essa a frase-chave de Mourinho e de muitos outros, especialmente lembrando a trajectória de Iker Casillas, internacional desde 2000 e que fez o primeiro jogo numa fase final a 2 de Junho de 2002 na vitória (3-1) à Eslovénia na Coreia do Sul.

Sofrer cinco golos (ou mais) num encontro do Mundial está longe de ser inédito. Iker Casillas foi o primeiro a fazê-lo em 2014 mas neste milénio limitou-se a repetir os exemplos de Myong-guk Ri (Coreia do Norte-Portugal, 0-7) em 2010, Dragoslav Jevric (Sérvia e Montenegro-Argentina, 0-6) em 2006, Erick Lonnis (Costa Rica-Brasil, 2-5) e Al Deayea (Arábia Saudita-Alemanha, 0-8) em 2002. À excepção do costa-riquenho, que fazia o último jogo do grupo e que ditou a eliminação, não tendo oportunidade para continuar a jogar, todos os outros mereceram a aposta dos respectivos seleccionadores e actuaram no jogo seguinte.

O último caso em que houve uma mudança após um resultado semelhante foi em 1998. Na segunda jornada do Grupo H, a Argentina goleou a Jamaica por 5-0. Warren Barrett até era capitão mas, com a equipa já eliminada, abriu espaço para Aaron Lawrence.

Espanha-Chile, RTP1 e Sport TV1, 20h00