CPLP – 20 anos perdidos?


Celebram-se 20 anos de CPLP sem que se possa assinalar um marco ou decisão que efetivamente tenha trazido um benefício evidente para os mais de 270 milhões que compõem esta comunidade.


Por decoro de sentimento de colonialismo atualmente absurdo, por laxismo do gigante Brasil ou por inatividade dos restantes membros, passaram-se 20 anos e a CPLP não deixou um legado digno de registo.

Por exemplo, como é possível que ainda seja tão difícil a circulação de pessoas no espaço CPLP?

Em regra, todos enchem a boca para falar da CPLP e das suas potencialidades mas, em concreto, sabem o que representa esta comunidade?

Vamos a factos: os nove membros da CPLP agregam a si 86 países distribuídos pelas seis comunidades económicas regionais em que estão integrados (CEDEAO, CEEAC, SADC, ASEAN, MERCOSUL e UE). Totalizam 2,2 mil milhões de habitantes (31% da população mundial), distribuídos por quatro continentes (África, Ásia, América e Europa).

São números impressionantes, mas não deixam de o ser se nada fizermos para retirar valor. Passaram 20 anos e tudo o que fizemos foi agregar números e exaltar o seu potencial.

O secretário executivo, em fim de mandato, reclama uma agenda que aproxime os seus cidadãos. Permitam-me que discorde! Se há coisa que existe na CPLP é a proximidade entre os seus cidadãos. Basta conviver com a realidade mundana de cada um, longe das elites e da sociedade política seletiva, para se perceber isso. Do que a CPLP efetivamente precisa é de várias agendas setoriais! Alinhadas com os objetivos individuais de cada Estado--membro e apontadas a um interesse comum. 

Pela parte que me toca, tento levar a bom porto esta ideia. Tenho dedicado grande parte da minha vida profissional a promover esta comunidade e uma estratégia comum que agregue e respeite os objetivos individuais de cada membro.

É com satisfação pessoal que estou envolvido na preparação da ix Reunião de Ministros das Comunicações, que desde 2004 não se realizava. Há 12 anos que um dos setores mais importantes na vida das sociedades atuais vive de costas voltadas na CPLP. O objetivo é definir uma Agenda Digital para a CPLP que defina um rumo de valorização e benefício comum para a comunidade, aproveitando as sinergias de um setor que pode fazer a diferença de forma transversal. Não será uma tarefa fácil, mas estou convicto de que, a curto prazo, trará amplos benefícios para todos. Prometo voltar ao tema após o seu desfecho. 


CPLP – 20 anos perdidos?


Celebram-se 20 anos de CPLP sem que se possa assinalar um marco ou decisão que efetivamente tenha trazido um benefício evidente para os mais de 270 milhões que compõem esta comunidade.


Por decoro de sentimento de colonialismo atualmente absurdo, por laxismo do gigante Brasil ou por inatividade dos restantes membros, passaram-se 20 anos e a CPLP não deixou um legado digno de registo.

Por exemplo, como é possível que ainda seja tão difícil a circulação de pessoas no espaço CPLP?

Em regra, todos enchem a boca para falar da CPLP e das suas potencialidades mas, em concreto, sabem o que representa esta comunidade?

Vamos a factos: os nove membros da CPLP agregam a si 86 países distribuídos pelas seis comunidades económicas regionais em que estão integrados (CEDEAO, CEEAC, SADC, ASEAN, MERCOSUL e UE). Totalizam 2,2 mil milhões de habitantes (31% da população mundial), distribuídos por quatro continentes (África, Ásia, América e Europa).

São números impressionantes, mas não deixam de o ser se nada fizermos para retirar valor. Passaram 20 anos e tudo o que fizemos foi agregar números e exaltar o seu potencial.

O secretário executivo, em fim de mandato, reclama uma agenda que aproxime os seus cidadãos. Permitam-me que discorde! Se há coisa que existe na CPLP é a proximidade entre os seus cidadãos. Basta conviver com a realidade mundana de cada um, longe das elites e da sociedade política seletiva, para se perceber isso. Do que a CPLP efetivamente precisa é de várias agendas setoriais! Alinhadas com os objetivos individuais de cada Estado--membro e apontadas a um interesse comum. 

Pela parte que me toca, tento levar a bom porto esta ideia. Tenho dedicado grande parte da minha vida profissional a promover esta comunidade e uma estratégia comum que agregue e respeite os objetivos individuais de cada membro.

É com satisfação pessoal que estou envolvido na preparação da ix Reunião de Ministros das Comunicações, que desde 2004 não se realizava. Há 12 anos que um dos setores mais importantes na vida das sociedades atuais vive de costas voltadas na CPLP. O objetivo é definir uma Agenda Digital para a CPLP que defina um rumo de valorização e benefício comum para a comunidade, aproveitando as sinergias de um setor que pode fazer a diferença de forma transversal. Não será uma tarefa fácil, mas estou convicto de que, a curto prazo, trará amplos benefícios para todos. Prometo voltar ao tema após o seu desfecho.