Políticos não faltam à chamada da JMJ

Políticos não faltam à chamada da JMJ


Do centro esquerda à direita, a JMJ está na agenda de muitos políticos. Hugo Carneiro vai fazer parte da equipa que acompanha os Bispos. Moedas e Carreiras recebem peregrinos.


Fernando Medina e Bernardino Soares foram os últimos de uma longa lista de políticos que nos últimos meses e dias visitaram a sede da Fundação JMJ. O agora cardeal Américo Aguiar fez questão de convidar os dois homens que sonharam consigo a concretização, em Lisboa e Loures, da Jornada Mundial da Juventude que se inicia na próxima terça-feira.

Foi exatamente uma semana antes da chegada do Papa que os dois ex-presidentes da Câmara foram homenageados com uma placa na entrada da sede, onde milhares de voluntários trabalham nos últimos preparativos para o evento.
Américo Aguiar sublinhou durante a visita que o assentimento das entidades públicas foi essencial para que Lisboa se tivesse candidatado à organização do maior evento alguma vez realizado em Portugal. E esse apoio veio, desde a primeira hora, por intermédio de Medina, então presidente da Câmara de Lisboa, Bernardino, então presidente da Câmara de Loures e Tiago Antunes, então secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, que na altura representou o Governo.

Juntamente com o Presidente da República, estes foram os primeiros políticos que se envolveram há quatro anos na organização da JMJ. De então para cá, mudaram alguns protagonistas e outros representantes da classe política foram-se envolvendo no evento. Muitos deles de forma particular e voluntária. 
Apesar dos avanços e recuos na preparação deste evento, só o Bloco de Esquerda, o Livre e o PAN é que se quiseram manter à margem da JMJ.

Políticos voluntários

A Jornada Mundial da Juventude tem uma tradição desde o início, ainda na década de 80, quando o Papa João Paulo II deu início àquele que viria a revelar-se o maior evento de jovens do globo. O evento é no essencial organizado por pessoas de todas as proveniências que se voluntariam para ajudar gratuitamente. Apesar de voluntário, é um trabalho que exige as mais diversas competências profissionais e que, sobretudo na reta final, exige uma dedicação exclusiva e sem horários.

Entre os milhares de voluntários que têm vindo a juntar-se à organização, há muitos atuais e ex-políticos, que de forma individual não quiseram ficar à margem. Os nomes de alguns desses voluntários chegaram fortuitamente ao conhecimento do Nascer do SOL. É o caso de Hugo Carneiro, deputado e ex-secretário geral adjunto do PSD, que nos últimos meses fez formação para, durante os dias da Jornada, acompanhar alguns das centenas de Bispos que vão marcar presença em Lisboa. Do mesmo grupo de voluntários faz parte José Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS.

O acolhimento aos peregrinos, jovens e bispos é também uma tarefa requisitada pela organização, a que algumas figuras da classe política aderiram. Ao que apurámos, há pessoas de todas as cores partidárias a abrirem as portas de sua casa para acolher alguns dos muitos milhares de estrangeiros que vão estar em Portugal na próxima semana.
Carlos Moedas e Carlos Carreiras, presidentes das câmaras de Lisboa e Cascais, estão entre os que desde a primeira hora se inscreveram na lista de famílias de acolhimento. Entre os nomes conhecidos que vão abrir a porta de sua casa estão também Vitor Escária (chefe de gabinete do primeiro-ministro), Filipe Anacoreta Correia (vice-presidente da CML), Assunção Cristas (ex-líder do CDS), Pedro Frazão e Gabriel Mithá Ribeiro (deputados do Chega).

Marcelo Rebelo de Sousa confessou ao nosso jornal que não chegou a inscrever-se como família de acolhimento, pelos muitos afazeres oficiais que terá nesses dias, mas a sua filha decidiu abrir as portas para acolher familiares jovens que vão chegar de outros pontos do país. No mesmo sentido, a ministra Ana Catarina Mendes diz ter-se disponibilizado para receber peregrinos, mas a resposta acabou por não chegar por parte da organização.

Políticos só vão de férias depois da JMJ

Apesar de este ser um evento não oficial, no sentido em que não se trata de uma visita oficial do Papa Francisco ao nosso país, haverá um momento destinado à recepção dos principais responsáveis políticos. Será no Centro Cultural de Belém logo no dia 2, o dia em que o Papa chega a Lisboa.

É no CCB que ministros e líderes partidários terão oportunidade de cumprimentar Francisco e quase todos asseguraram já a sua presença. Presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e membros do Governo, Luís Montenegro, André Ventura, Rui Rocha, Paulo Raimundo e Inês Sousa Real marcam todos presença na cerimónia em que também estarão os membros do Corpo Diplomático.

Mas para lá do momento mais oficial, são muitos os políticos que já puseram na agenda uma presença nalgum dos momentos altos da Jornada Mundial da Juventude, e há mesmo quem não queira faltar a nada, ainda que sem lugares oficiais marcados.

Luís Montenegro tenciona participar na vigília de dia 4 de Agosto no Parque Eduardo VII. Joaquim Miranda Sarmento, líder parlamentar do PSD, também irá interromper as férias para vir a Lisboa participar nalguns dos momentos altos da Jornada, com a presença do Papa Francisco.

Das várias bancadas parlamentares, ao que apurou o Nascer do Sol, são muitos os deputados que irão também participar nos eventos do Parque Eduardo VII e do Parque Tejo. A maior parte prefere manter na esfera privada essa participação e não tirar proveitos políticos do facto.

Uma selfie com Francisco

Numa altura em que o país se prepara para inaugurar um novo ciclo político já em setembro com as eleições regionais da Madeira, é sabido que uma fotografia com o Papa fica sempre bem. Ainda por cima o Papa Francisco, que tem elevados índices de popularidade mesmo entre os não católicos.

A oportunidade de fazer uma selfie com o Papa é, portanto, uma ocasião que muitos dos atores políticos, particularmente os que têm maior protagonismo a nível nacional e local, não quererão desperdiçar.
A par de Marcelo Rebelo de Sousa, Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa e Ricardo Leão, autarca de Loures, são os que maior proveito político devem tirar do sucesso da JMJ.