Por Ricardo Santos e Sílvia Monteiro
No dia 22 de março celebrou-se o Dia Mundial da Água, com diversas efemérides realizadas em todo globo para comemorar este bem tão precioso. Durante a semana do Dia Mundial da Água, ocorreu também na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque (Estados Unidos da América), a UN 2023 Water Conference, onde foi discutido o estado e qual a visão para o futuro do Objetivo para o Desenvolvimento Sustentável 6 (SDG 6) das Nações Unidas.
EM 2015, todos os Estados Membros das Nações Unidas adotaram a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030, que descreve um plano compartilhado para a paz e prosperidade para pessoas e planeta, para agora e o futuro. Na sua génese encontram-se 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, que são um apelo urgente à ação de todos os países numa parceria global. Dentro dos objetivos encontra-se o que prevê garantir a disponibilidade e gestão sustentável de água e saneamento para todos. O SDG 6 procura garantir água potável e saneamento para todos, com o foco na gestão sustentável dos recursos aquáticos, águas residuais e ecossistema. É também fulcral nos cumprimentos dos restantes SDGs incluindo no combate à fome e pobreza, contribuindo para melhorias na saúde e bem-estar das populações, na qualidade de educação particularmente em países em desenvolvimento em que doenças relacionadas com consumo de água e alimentos contaminados aumentam a frequência de ausências nas escolas. Tem influências no desenvolvimento de cidades e comunidades sustentáveis, nas ações climáticas e na vida aquática.
O estado global atual do SDG 6 demonstra que menos de três quartos da população mundial tem acesso a água potável segura com semelhante percentagem de pessoas a ter acesso a instalações sanitárias, em casa, com água e sabonete. Cerca de 50% da população mundial tem acesso a um sistema de saneamento gerido em segurança e apenas 56% das águas residuais geradas são tratadas convenientemente a nível mundial, percentagem similar existente para a implementação de uma gestão integrada dos recursos hídricos. Por outro lado, 19% dos recursos hídricos renováveis encontram-se em elevado stress devido à falta de água e 21% das bacias hidrográficas estão a sofrer mudanças rápidas nas áreas cobertas por águas superficiais.
Apesar dos esforços feitos a nível mundial, a este ritmo prevê-se que em 2030, ano alvo da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, 1.6 biliões de pessoas ainda não tenham água potável segura disponível, 1.9 biliões não tenham acesso a instalações sanitárias para higiene básica e 2.8 biliões continuem sem acesso a saneamento básico. Cabe a todos os intervenientes do setor da água e setores que afetam a água, desde os reguladores à indústria e ao utilizador final, encontrar soluções, algumas mais simples outras mais complexas, para a boa gestão dos recursos hídricos existentes e para o cumprimento de 100 % de acesso a água potável segura e saneamento para toda a população mundial.
O tema deste ano, “Be the Change” – Seja a Mudança – apela para que todos nós façamos pequenas mudanças de comportamento para a melhoria do panorama mundial no que se refere ao desperdício de água potável. Pequenos gestos como fechar a torneira enquanto lavamos os dentes para poupar água, plantar uma árvore para evitar cheias e contrariar as alterações climáticas são fundamentais para o bem-estar global. A pandemia demonstrou que estamos todos intrinsecamente ligados e que precisamos todos de trabalhar em parceria para a melhoria das condições do planeta, da saúde das populações e dos animais. Temos, portanto, de terminar com uma pergunta… Também quer ser a mudança? É imperativo que a resposta seja sim!…
Investigadores do Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico