Portugal, o país onde chover é um ato do além


E como todos fomos apanhados de surpresa pelas cheias, agora qualquer pingo de chuva é prenúncio de alterações climáticas e por aí fora. Como se não fosse normal haver chuva no outono e no inverno. 


Olhando a lente do dia-a-dia percebemos que se vai do oito ao oitenta com uma facilidade estonteante. Há dois meses discutia-se a seca com uma ferocidade que parecia que íamos todos ficar sem água nas torneiras. Nesse momento, discutiu-se a dessalinização, mostravam-se imagens de Israel, ao mesmo tempo que se dava exemplos de cidades como Xangai, onde quase metade da água consumida foi reaproveitada. Isto é, a água que foi deitada nos esgotos foi tratada e voltou às torneiras dos consumidores.

Não sei se algo foi feito de concreto em Portugal para percebermos o que temos de fazer no futuro, até porque hoje só se quer falar de cheias. A seca deve regressar em março! E como todos fomos apanhados de surpresa pelas cheias, agora qualquer pingo de chuva é prenúncio de alterações climáticas e por aí fora. Como se não fosse normal haver chuva no outono e no inverno. Há até vários vídeos engraçados a circular nas redes sociais onde as pessoas do campo explicam que há séculos que os rios transbordam nalgumas zonas e que é benéfico para a agricultura e não só.

Este yo-yo informativo faz até com que se realizem diretos a anunciar que está a chover, como se fosse alguma coisa do além.

Esta ânsia de estar a surfar na onda das notícias do dia é altamente prejudicial para se perceber o que realmente interessa. Carlos Moedas, por exemplo, anunciou, com pompa e circunstância, na noite das cheias, que os coletores que vão permitir escoar as águas da cidade para o rio iam avançar por ter sido aprovado o orçamento no dia anterior. Ora, o presidente da Câmara de Lisboa sabe perfeitamente que não chegou a nenhuma decisão final da ciclovia da Almirante Reis porque as obras dos coletores iriam estragar o que fosse feito nessa matéria. Isto há meses… Mas agora quis mostrar que a decisão tinha sido tomada uns dias antes. Se é verdade que o orçamento só foi aprovado nessa altura, há muito que as obras estavam calendarizadas.

O mesmo se passa com o Governo, que mistura seca com cheias para não se chegar a lado algum. O que vai ser feito na dessalinização? E no aproveitamento das águas residuais? O que se quer com as barragens? Vai ou não haver um plano de transvases? E os incêndios? Está tudo a ser preparado para no verão o país não ficar a arder?

Era bem melhor que os boys de Costa perdessem algum tempo para irem explicando ao povo, tim tim por tim tim, o que o Executivo está a fazer para resolver os problemas. É só uma ideia.

Portugal, o país onde chover é um ato do além


E como todos fomos apanhados de surpresa pelas cheias, agora qualquer pingo de chuva é prenúncio de alterações climáticas e por aí fora. Como se não fosse normal haver chuva no outono e no inverno. 


Olhando a lente do dia-a-dia percebemos que se vai do oito ao oitenta com uma facilidade estonteante. Há dois meses discutia-se a seca com uma ferocidade que parecia que íamos todos ficar sem água nas torneiras. Nesse momento, discutiu-se a dessalinização, mostravam-se imagens de Israel, ao mesmo tempo que se dava exemplos de cidades como Xangai, onde quase metade da água consumida foi reaproveitada. Isto é, a água que foi deitada nos esgotos foi tratada e voltou às torneiras dos consumidores.

Não sei se algo foi feito de concreto em Portugal para percebermos o que temos de fazer no futuro, até porque hoje só se quer falar de cheias. A seca deve regressar em março! E como todos fomos apanhados de surpresa pelas cheias, agora qualquer pingo de chuva é prenúncio de alterações climáticas e por aí fora. Como se não fosse normal haver chuva no outono e no inverno. Há até vários vídeos engraçados a circular nas redes sociais onde as pessoas do campo explicam que há séculos que os rios transbordam nalgumas zonas e que é benéfico para a agricultura e não só.

Este yo-yo informativo faz até com que se realizem diretos a anunciar que está a chover, como se fosse alguma coisa do além.

Esta ânsia de estar a surfar na onda das notícias do dia é altamente prejudicial para se perceber o que realmente interessa. Carlos Moedas, por exemplo, anunciou, com pompa e circunstância, na noite das cheias, que os coletores que vão permitir escoar as águas da cidade para o rio iam avançar por ter sido aprovado o orçamento no dia anterior. Ora, o presidente da Câmara de Lisboa sabe perfeitamente que não chegou a nenhuma decisão final da ciclovia da Almirante Reis porque as obras dos coletores iriam estragar o que fosse feito nessa matéria. Isto há meses… Mas agora quis mostrar que a decisão tinha sido tomada uns dias antes. Se é verdade que o orçamento só foi aprovado nessa altura, há muito que as obras estavam calendarizadas.

O mesmo se passa com o Governo, que mistura seca com cheias para não se chegar a lado algum. O que vai ser feito na dessalinização? E no aproveitamento das águas residuais? O que se quer com as barragens? Vai ou não haver um plano de transvases? E os incêndios? Está tudo a ser preparado para no verão o país não ficar a arder?

Era bem melhor que os boys de Costa perdessem algum tempo para irem explicando ao povo, tim tim por tim tim, o que o Executivo está a fazer para resolver os problemas. É só uma ideia.