Descontos no supermercado e o fim das lojas de brinquedos


Devíamos resistir a estas promoções bombásticas acima de tudo porque rebentam com a concorrência – e a concorrência, neste caso, não são os outros supermercados, mas sim as lojas de brinquedos.


Um dia destes, numa ida ao supermercado, apanhei um folheto que prometia descontos de 50% nos brinquedos. No dia seguinte – não terá sido coincidência -, ouvi no rádio do carro um anúncio de outra cadeia de supermercados que falava em brinquedos de sonho a preços imbatíveis.

O Natal aproxima-se a passos largos e há cada vez mais quem aproveite estas superpromoções para comprar os presentes para os filhos, netos, sobrinhos ou filhos de amigos. Claro que é tentador. Há mesmo quem não tenha alternativa, enquanto outros aproveitam para encher o carrinho (ou até dois ou três, como davam conta algumas notícias) com presentes para fazer as delícias dos mais novos.

Porque é que acho que devíamos resistir a estas promoções bombásticas? Nem vou argumentar com o plástico, o clima e o planeta que queremos deixar às gerações mais jovens. Devíamos resistir a estas promoções bombásticas acima de tudo porque rebentam com a concorrência – e a concorrência, neste caso, não são os outros supermercados, mas sim as lojas de brinquedos.

Para as crianças – de hoje ou do futuro -, talvez mais importante do que ter uma pistola nerf do último modelo, uma caixa de Lego gigante ou qualquer outro desses produtos massificados fosse haver essa velha instituição que são as lojas de brinquedos.

Ao comprarmos os presentes no supermercado não estamos apenas a poupar na carteira – e, já agora, a engrossar os lucros da Jerónimo Martins ou da Sonae. Estamos também a contribuir para que as lojas de brinquedos desapareçam do mapa. Não sei o que pensarão sobre isso as crianças de hoje, mas sei que muitos adultos, sem elas, teriam tido certamente infâncias mais cinzentas.

Nada tenho contra os supermercados e, por razões várias, até sou um frequentador assíduo. Mas temos de ter consciência de que eles são um pouco como os eucaliptos: secam tudo à sua volta. Não é por acaso que há tantos estabelecimentos históricos e comércio tradicional a fechar as portas. Se, além dos bens alimentares e dos produtos domésticos (detergentes, etc.), comprarmos lá as ferramentas, os livros, o material escolar, os presentes para as crianças, etc., haverá consequências. Em vez de lojas de ferragens, de livrarias, de papelarias e de lojas de brinquedos, passaremos a ter apenas o Continente, o Pingo Doce e o Minipreço. E também o Aldi e o Lidl, que estão por todo o lado.

Descontos no supermercado e o fim das lojas de brinquedos


Devíamos resistir a estas promoções bombásticas acima de tudo porque rebentam com a concorrência - e a concorrência, neste caso, não são os outros supermercados, mas sim as lojas de brinquedos.


Um dia destes, numa ida ao supermercado, apanhei um folheto que prometia descontos de 50% nos brinquedos. No dia seguinte – não terá sido coincidência -, ouvi no rádio do carro um anúncio de outra cadeia de supermercados que falava em brinquedos de sonho a preços imbatíveis.

O Natal aproxima-se a passos largos e há cada vez mais quem aproveite estas superpromoções para comprar os presentes para os filhos, netos, sobrinhos ou filhos de amigos. Claro que é tentador. Há mesmo quem não tenha alternativa, enquanto outros aproveitam para encher o carrinho (ou até dois ou três, como davam conta algumas notícias) com presentes para fazer as delícias dos mais novos.

Porque é que acho que devíamos resistir a estas promoções bombásticas? Nem vou argumentar com o plástico, o clima e o planeta que queremos deixar às gerações mais jovens. Devíamos resistir a estas promoções bombásticas acima de tudo porque rebentam com a concorrência – e a concorrência, neste caso, não são os outros supermercados, mas sim as lojas de brinquedos.

Para as crianças – de hoje ou do futuro -, talvez mais importante do que ter uma pistola nerf do último modelo, uma caixa de Lego gigante ou qualquer outro desses produtos massificados fosse haver essa velha instituição que são as lojas de brinquedos.

Ao comprarmos os presentes no supermercado não estamos apenas a poupar na carteira – e, já agora, a engrossar os lucros da Jerónimo Martins ou da Sonae. Estamos também a contribuir para que as lojas de brinquedos desapareçam do mapa. Não sei o que pensarão sobre isso as crianças de hoje, mas sei que muitos adultos, sem elas, teriam tido certamente infâncias mais cinzentas.

Nada tenho contra os supermercados e, por razões várias, até sou um frequentador assíduo. Mas temos de ter consciência de que eles são um pouco como os eucaliptos: secam tudo à sua volta. Não é por acaso que há tantos estabelecimentos históricos e comércio tradicional a fechar as portas. Se, além dos bens alimentares e dos produtos domésticos (detergentes, etc.), comprarmos lá as ferramentas, os livros, o material escolar, os presentes para as crianças, etc., haverá consequências. Em vez de lojas de ferragens, de livrarias, de papelarias e de lojas de brinquedos, passaremos a ter apenas o Continente, o Pingo Doce e o Minipreço. E também o Aldi e o Lidl, que estão por todo o lado.