Professores: Licenciados de segunda


A profissão docente deve ser considerada única e valorizada. Um professor primário é tão importante como um professor do secundário ou professor universitário. Infelizmente não o é.


Os professores sempre foram uma classe de segunda. Recordo-me na década oitenta, em que qualquer licenciado ou bacharel ou que tivesse umas cadeiras feitas na Faculdade conseguia dar aulas. Nesse tempo os professores estavam divididos em efectivos, provisórios e com habilitação.

No início do ano os mini-concursos colocavam imensas pessoas para darem aulas. O ano lectivo começava no início de Outubro e permitiam aos Conselhos Directivos colmatar a falta de professores.

Essa fase, em que qualquer um, com uma licenciatura dava aulas foi ultrapassada e os professores passaram a ter uma carreira única, independente do grau de ensino que leccionavam.

A profissão docente deve ser considerada única e valorizada. Um professor primário é tão importante como um professor do secundário ou professor universitário. Infelizmente não o é.

O anátema nessa diferenciação é terceiro-mundista. Um médico por ser pediatra não deixa de ser considerado como um médico especialista ou médico de família. Nos professores quem ensina crianças é um professor menor.

Os  licenciados de primeira neste país sempre foram  os médicos, advogados, juízes ou professores na Universidade (nem que sejam convidados).

Os professores sempre foram os licenciados de segunda. A sociedade, neste caso os pais, só se lembram dos professores quando precisam deles e apercebem-se  da sua importância. Foi na altura da pandemia ou quando há uma greve não têm onde deixar os seus filhos.

Um do busílis da profissão docente é que em vez de ensinarem, a maioria das vezes, aturam “os filhos dos outros”. E, cada vez se tem agravado essa premissa e a falta de educação da sociedade portuguesa, a começar pelos pais que não educam os filhos, a terem maneiras e a saberem estar na escola, numa sala de aula e na relação com os professores e pessoal não docente.

Outro busílis, é da falta de autoridade do professor. Há outras razões endógenas que se arrastam há décadas. Haver a possibilidade de estabelecer um faseamento da aposentação: é humanamente impossível um professor com 66 anos ter o vigor físico, intelectual e mental para leccionar turmas com mais de 25 alunos. É inconcebível o tempo de serviço não ser contado na totalidade que permitiria a muitos docentes aposentarem-se. O combate à precariedade, um docente andar todos os anos com o credo na boca, sem saber onde vai ficar e andar repetidamente com a casa às costas. Com a idade está consagrado na lei a diminuição da carga lectiva, contudo os docentes crescentemente, passam mais tempo na escola. Estar na escola não é sinónimo de se estar a trabalhar. Há inúmeras coisas que se podem fazer em casa, isso verificou-se com a pandemia.

A avaliação dos professores deve ser um processo natural e não competitivo.

Nunca houve vontade política para alterar este estado de coisas, deste modo, os professores nunca passaram de licenciados de segunda.

Nunca qualquer governo precisou tanto de bons professores e tão mal os considerou.

A resposta a esta questão é fácil: os professores são muitos, cerca de 150 mil e isso implica despesa em qualquer Orçamento.

Agora queixam-se que não há professores e voltamos à década oitenta, qualquer licenciado é professor. E, no futuro será necessário recrutar professores de países irmãos como Angola, Moçambique, Cabo-Verde, entre outros.

Ser professor é uma profissão em vias de extinção por miopia política.

Professores: Licenciados de segunda


A profissão docente deve ser considerada única e valorizada. Um professor primário é tão importante como um professor do secundário ou professor universitário. Infelizmente não o é.


Os professores sempre foram uma classe de segunda. Recordo-me na década oitenta, em que qualquer licenciado ou bacharel ou que tivesse umas cadeiras feitas na Faculdade conseguia dar aulas. Nesse tempo os professores estavam divididos em efectivos, provisórios e com habilitação.

No início do ano os mini-concursos colocavam imensas pessoas para darem aulas. O ano lectivo começava no início de Outubro e permitiam aos Conselhos Directivos colmatar a falta de professores.

Essa fase, em que qualquer um, com uma licenciatura dava aulas foi ultrapassada e os professores passaram a ter uma carreira única, independente do grau de ensino que leccionavam.

A profissão docente deve ser considerada única e valorizada. Um professor primário é tão importante como um professor do secundário ou professor universitário. Infelizmente não o é.

O anátema nessa diferenciação é terceiro-mundista. Um médico por ser pediatra não deixa de ser considerado como um médico especialista ou médico de família. Nos professores quem ensina crianças é um professor menor.

Os  licenciados de primeira neste país sempre foram  os médicos, advogados, juízes ou professores na Universidade (nem que sejam convidados).

Os professores sempre foram os licenciados de segunda. A sociedade, neste caso os pais, só se lembram dos professores quando precisam deles e apercebem-se  da sua importância. Foi na altura da pandemia ou quando há uma greve não têm onde deixar os seus filhos.

Um do busílis da profissão docente é que em vez de ensinarem, a maioria das vezes, aturam “os filhos dos outros”. E, cada vez se tem agravado essa premissa e a falta de educação da sociedade portuguesa, a começar pelos pais que não educam os filhos, a terem maneiras e a saberem estar na escola, numa sala de aula e na relação com os professores e pessoal não docente.

Outro busílis, é da falta de autoridade do professor. Há outras razões endógenas que se arrastam há décadas. Haver a possibilidade de estabelecer um faseamento da aposentação: é humanamente impossível um professor com 66 anos ter o vigor físico, intelectual e mental para leccionar turmas com mais de 25 alunos. É inconcebível o tempo de serviço não ser contado na totalidade que permitiria a muitos docentes aposentarem-se. O combate à precariedade, um docente andar todos os anos com o credo na boca, sem saber onde vai ficar e andar repetidamente com a casa às costas. Com a idade está consagrado na lei a diminuição da carga lectiva, contudo os docentes crescentemente, passam mais tempo na escola. Estar na escola não é sinónimo de se estar a trabalhar. Há inúmeras coisas que se podem fazer em casa, isso verificou-se com a pandemia.

A avaliação dos professores deve ser um processo natural e não competitivo.

Nunca houve vontade política para alterar este estado de coisas, deste modo, os professores nunca passaram de licenciados de segunda.

Nunca qualquer governo precisou tanto de bons professores e tão mal os considerou.

A resposta a esta questão é fácil: os professores são muitos, cerca de 150 mil e isso implica despesa em qualquer Orçamento.

Agora queixam-se que não há professores e voltamos à década oitenta, qualquer licenciado é professor. E, no futuro será necessário recrutar professores de países irmãos como Angola, Moçambique, Cabo-Verde, entre outros.

Ser professor é uma profissão em vias de extinção por miopia política.