Falta de água


Existem também, cada vez mais programas de apoio a cidadãos e comunidades para se tornarem ambientalmente conscientes, sustentáveis e que ajudem a salvar os recursos naturais que tanto escasseiam.


Portugal tem sido assolado por temperaturas acima da média. Os noticiários abrem todos os dias com imagens de incêndios e de praias superlotadas, com as incontornáveis entrevistas de verão: “a água está boa?”

Embora tenha deixado de passar nas notícias nos últimos dias, o país encontra-se em seca extrema… e assim vai continuar se nada se alterar nas nossas atitudes perante esta situação devastadora que não é situação única em Portugal, mas sim a nível mundial. Barragens secas, aldeias submersas a descoberto, abastecimento a populações com camiões-cisterna e culturas agrícolas secas… tudo isso veio para ficar.

Em 2012, a comunidade científica mundial elaborou um relatório onde se previa que em dez anos a falta generalizada de água bem como eventos de cheias imprevisíveis iriam ser cada vez mais frequentes e que isso colocaria sob tensão diferentes aspetos da sociedade: desde a economia dos países, à política e segurança global. Esse mesmo relatório, indica que se não mudarmos os nossos hábitos de consumo e utilização de água, em 2040 não existirá água potável para suprir as necessidades de consumo populacional.

Temos, portanto, de modificar os nossos hábitos e ser mais inteligentes na forma como utilizamos os nossos recursos naturais e aceitar que algumas coisas têm necessariamente de mudar. Muita da água fresca é utilizada na agricultura e em indústria, onde é necessária. No entanto é também necessário a mudança de mentalidades para culturas mais tolerantes à falta de água e, sempre que seja possível nessa região, a utilização de fontes alternativas de água, nomeadamente de água residual tratada, para a rega de produtos agrícolas. Os campos de golfe, por exemplo utilizam muita água potável para manter a sua atividade. Existem, no entanto, alguns bons exemplos de campos de golfe que utilizam unicamente águas residuais tratadas na rega dos seus relvados, tendo-se tornado num exemplo de como podemos utilizar os recursos disponíveis de forma sustentável. Países em desenvolvimento são muitas vezes pioneiros na reutilização de águas residuais, devido à falta de água potável que muitas vezes os assola. As águas residuais são fontes inesgotáveis de água, e que são pouco afetadas pelas alterações climáticas. O tratamento de águas residuais e sua reutilização têm impacto no meio recetor, diminuindo a quantidade de água que é lançada no ambiente e melhorando a sua qualidade, e na economia circular, tema cada vez mais relevante. Por outro lado, é necessário pensar qual o melhor tipo de água para reutilização porque muitas vezes o tratamento de águas não potáveis para a utilização que se quer dar, exigem tratamentos de água bastante dispendiosos, ficando até mais cara a sua utilização relativamente à água potável que convencionalmente utilizamos.

Temos também de ver o quadro geral e pensar como devemos trabalhar com a natureza para mitigar os piores impactos das alterações climáticas, como a criação de soluções naturais que diminuam as necessidades de água nas comunidades, mas que ao mesmo tempo sejam sustentáveis.

Muitos de nós já vimos seguramente jardins com a indicação que estão a ser regados com água residual tratada, ou sabemos que as nossas ruas são lavadas utilizando o mesmo recurso. Existem também, cada vez mais programas de apoio a cidadãos e comunidades para se tornarem ambientalmente conscientes, sustentáveis e que ajudem a salvar os recursos naturais que tanto escasseiam (o fundo ambiental é um exemplo bem sucedido neste aspeto). Estes são exemplos do que temos de fazer no futuro em que todos nós poderemos e temos obrigação de participar. Pelo nosso bem coletivo temos de gerir melhor a água que todos utilizamos.

 

Investigadores do Instituto Superior Técnico

Falta de água


Existem também, cada vez mais programas de apoio a cidadãos e comunidades para se tornarem ambientalmente conscientes, sustentáveis e que ajudem a salvar os recursos naturais que tanto escasseiam.


Portugal tem sido assolado por temperaturas acima da média. Os noticiários abrem todos os dias com imagens de incêndios e de praias superlotadas, com as incontornáveis entrevistas de verão: “a água está boa?”

Embora tenha deixado de passar nas notícias nos últimos dias, o país encontra-se em seca extrema… e assim vai continuar se nada se alterar nas nossas atitudes perante esta situação devastadora que não é situação única em Portugal, mas sim a nível mundial. Barragens secas, aldeias submersas a descoberto, abastecimento a populações com camiões-cisterna e culturas agrícolas secas… tudo isso veio para ficar.

Em 2012, a comunidade científica mundial elaborou um relatório onde se previa que em dez anos a falta generalizada de água bem como eventos de cheias imprevisíveis iriam ser cada vez mais frequentes e que isso colocaria sob tensão diferentes aspetos da sociedade: desde a economia dos países, à política e segurança global. Esse mesmo relatório, indica que se não mudarmos os nossos hábitos de consumo e utilização de água, em 2040 não existirá água potável para suprir as necessidades de consumo populacional.

Temos, portanto, de modificar os nossos hábitos e ser mais inteligentes na forma como utilizamos os nossos recursos naturais e aceitar que algumas coisas têm necessariamente de mudar. Muita da água fresca é utilizada na agricultura e em indústria, onde é necessária. No entanto é também necessário a mudança de mentalidades para culturas mais tolerantes à falta de água e, sempre que seja possível nessa região, a utilização de fontes alternativas de água, nomeadamente de água residual tratada, para a rega de produtos agrícolas. Os campos de golfe, por exemplo utilizam muita água potável para manter a sua atividade. Existem, no entanto, alguns bons exemplos de campos de golfe que utilizam unicamente águas residuais tratadas na rega dos seus relvados, tendo-se tornado num exemplo de como podemos utilizar os recursos disponíveis de forma sustentável. Países em desenvolvimento são muitas vezes pioneiros na reutilização de águas residuais, devido à falta de água potável que muitas vezes os assola. As águas residuais são fontes inesgotáveis de água, e que são pouco afetadas pelas alterações climáticas. O tratamento de águas residuais e sua reutilização têm impacto no meio recetor, diminuindo a quantidade de água que é lançada no ambiente e melhorando a sua qualidade, e na economia circular, tema cada vez mais relevante. Por outro lado, é necessário pensar qual o melhor tipo de água para reutilização porque muitas vezes o tratamento de águas não potáveis para a utilização que se quer dar, exigem tratamentos de água bastante dispendiosos, ficando até mais cara a sua utilização relativamente à água potável que convencionalmente utilizamos.

Temos também de ver o quadro geral e pensar como devemos trabalhar com a natureza para mitigar os piores impactos das alterações climáticas, como a criação de soluções naturais que diminuam as necessidades de água nas comunidades, mas que ao mesmo tempo sejam sustentáveis.

Muitos de nós já vimos seguramente jardins com a indicação que estão a ser regados com água residual tratada, ou sabemos que as nossas ruas são lavadas utilizando o mesmo recurso. Existem também, cada vez mais programas de apoio a cidadãos e comunidades para se tornarem ambientalmente conscientes, sustentáveis e que ajudem a salvar os recursos naturais que tanto escasseiam (o fundo ambiental é um exemplo bem sucedido neste aspeto). Estes são exemplos do que temos de fazer no futuro em que todos nós poderemos e temos obrigação de participar. Pelo nosso bem coletivo temos de gerir melhor a água que todos utilizamos.

 

Investigadores do Instituto Superior Técnico