Um homem dividido entre dois clubes acaba sempre sozinho


Jesus acabou por perder o seu namoro português, o Benfica, e ficou a ver o Flamengo a entregar-se nos braços de outro. 


A telenovela de Jorge Jesus e o Benfica teve, como seria de esperar, um final triste. Ambas as partes perderam e ninguém saiu bem no retrato. Mas comecemos pelo regresso de Jesus ao Benfica, depois de ter sido campeão no Brasil pelo Flamengo. O confiançudo treinador anunciou, à chegada, que o Benfica iria arrasar a concorrência e que jogaria o triplo do que jogara no ano anterior com outro treinador. A verdade foi bem diferente e Jesus começou a culpar os jogadores, a covid, os árbitros e a estrutura do clube. Perante este cenário, já no corrente ano, o antigo clube de Jesus, o Flamengo, começou a namorar o técnico, prometendo-lhe o céu. Mas Jesus estava casado com o Benfica e ficou dividido. A antiga mulher continuava a acenar-lhe e o homem cada vez mais se enterrava no casamento em Portugal. Até que, quando tudo já corria mal, a antiga mulher fez-lhe um ultimato e Jesus ficou sem saber o que fazer, optando por ficar quieto. Farto de esperar, o Flamengo decidiu escolher outro treinador, também português, que quis o divórcio à força com a seleção polaca, envolvida no playoff de apuramento para o Mundial. Quando esta bronca rebentou, Paulo Sousa, o novo marido do Flamengo, foi acusado de tudo e mais alguma coisa, mas manteve-se impávido e sereno. Sousa tem um currículo como treinador idêntico ao de um Don Juan que promete muito mas concretiza pouco. Isto é: não ganhou nada em lado nenhum. No meio disto tudo, Jesus acabou por perder o seu namoro português, o Benfica, e ficou a ver o Flamengo a entregar-se nos braços de outro. Pobre sorte a do homem que ficou dividido, um clássico que muitos já viveram. P. S. Segundo um estudo da Universidade de Washington, nos próximos meses em Portugal haverá 60 mil casos diários de covid e no mundo mais de três mil milhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial, estarão infetadas. Posto isto, é óbvio que vamos ter de olhar para esta pandemia como olhávamos para a gripe. Não podemos ficar paralisados com algo que não é assim, pelo menos para já, mais perigoso que uma gripe. É que começa a cansar estarmos presos a esta história.