Cavaleiro na seleção angolana depois de já ter jogado por Portugal

Cavaleiro na seleção angolana depois de já ter jogado por Portugal


O extremo do Fullham tornou-se o mais mais recente jogador a trocar de seleção mesmo depois de já ter representado outro país.


A notícia surpreendeu alguns adeptos de futebol, pois Ivan Cavaleiro, o jogador português, atualmente a jogar no Fullham, treinado por Marco Silva, foi convocado para jogar na Seleção de Angola, depois de já ter participado em duas partidas pela equipa sénior de Portugal. Nascido em Vila Franca de Xira, o extremo vai agora jogar pelos palancas negras. 

O jogador que passou pela formação do Benfica e por clubes como Monaco e Wolverhampton, foi convidado para participar nas primeiras jornadas de qualificação para o Mundial-2022 frente ao Egito e ao Gabão, a 2 e 5 de setembro.
A seleção angolana conta ainda com outro jogador numa situação semelhante Hélder Costa, extremo do Leeds, também formado pelo Benfica, que, apesar de ter nascido em Luanda, capital deste país africano, chegou a jogar pela seleção de Portugal e, inclusive, a marcar um golo.

O extremo da equipa treinada por Marcelo Bielsa já tinha inclusive sido convocado, em março, pelo selecionador Pedro Gonçalves, para os encontros contra a Gâmbia e o Gabão, a contar para a Taça das Nações Africanas, mas acabou por não jogar nenhuma das partidas.

É normal atletas nacionalizarem-se por outros países para poderem jogar pelas suas seleções, vejam-se os casos do “Mágico” Deco, um dos mais talentosos jogadores a envergarem a camisola da seleção nacional, ou até dos campeões europeus Pepe e Raphael Guerreiro, mas como pode este processo avançar quando os futebolistas já representaram outras nações?

Flexibilização das regras e da FIFA A troca de seleções mesmo depois de já se ter disputado jogos por uma nação não é algo novo, lendas do futebol como Alfredo di Stefano, que jogou em três(!) seleções diferentes, Argentina, Colômbia e Espanha, Ferenc Puskás, que representou a Hungria e a Espanha, ou Michel Platini, o ídolo francês participou num jogo amigável pela seleção do Kuwait, já tinham sido excepções a esta regra.

O assunto voltou a ser polémica nos últimos anos, quando atletas como Diego Costa, que atualmente representa a seleção espanhol depois de ter feito dois jogos pela canarinha, ou Thiago Motta, antes de jogar pela seleção italiana também representou o Brasil, em duas ocasiões, costumavam ser exceções à regra, mas agora a FIFA está a aplicar uma maior flexibilização das regras para permitir a mudança de nacionalidade para os atletas poderem trocar de seleções e puderem ter mais oportunidades de jogar. 

Esta regra foi mudada oficialmente no ano passado, quando a organização de futebol decretou, no seu congresso anual, que seria permitido atletas trocarem de nacionalidade se não tiverem feito mais de três jogos pela seleção sénior, em provas oficiais, antes de fazerem 21 anos, pode ler-se numa notícia publicada na BBC, quando esta nova regra foi divulgada.

Existem, no entanto, exceções à regra, caso um atleta dispute a final do Campeonato do Mundo ou de competições continentais, como o Europeu ou a Copa América, este não poderá trocar de seleção. 

Caso atletas participem em jogos de qualificação para estas competições continuam qualificados para trocar de seleção. 
Graças à flexibilização destas regras, jogadores como Declan Rice ou Jack Grealish puderam participar no Euro2020 envergando a camisola branca da seleção inglesa, mesmo depois de terem feito parte da seleção da República da Irlanda (Grealish, a nova coqueluche do Manchester City, no entanto, não chegou a representar a seleção senior).

Estas regras podem se tornar ainda mais flexíveis, para acompanhar as “mudanças da realidade global”. “O mundo está a mudar. A imigração está a mudar. Existem problemas de nacionalidade a surgir no mundo. Por isso, é um bom momento para realçar esta questão e pensar que existem soluções sem ferir a integridade do desporto”, afirmou o vice-presidente da FIFA, Victor Montagliani.

Outra regra que está a ser estudada pela entidade máxima do futebol é a possibilidade que prevê que um atleta sem ligação de sangue a um país só pode representá-lo depois de viver e jogar cinco anos neste país.