Um direito… das Direitas


A ideologia não é uma ferramenta de caciquismo e muito menos de claque de futebol. Há formas de se construir soluções de políticas públicas e, também, ao nível da economia e do capitalismo, que são possíveis ou igualmente corretas com visão de esquerda e de direita. Não há, queiramos muito ou pouco, uma solução única…


Haveria uma enormidade de contextualizações, históricas e de estudos, que iriam fortalecer a imagem do que é, ideologicamente, ser-se “de direita” no espetro político contemporâneo.

Porém, vamos deixar essa contextualização para a ciência política, abdicando de recuperar mais que o mero início histórico comumente aceite, desde 1789, em França: Foi quando os moderados e conservadores sentaram-se do lado direito da Assembleia Nacional Constituinte e, por seu lado, os radicais e alternativos ou progressistas ficaram à esquerda do parlamento. Nasceu, aqui, também, a Direita e a Esquerda.

Por estes dias, cá em Portugal, o Movimento Europa e Liberdade (MEL) organizou um debate aberto e amplo com a participação de vários dirigentes políticos dos partidos políticos que ideologicamente representam “as Direitas” na visão dos organizadores. Não significa que a história ideológica os reconheça, porém, será que Internacional Socialista reconheceria a UDP (Luís Fazenda), o PSR (Francisco Louça) ou ainda o PXXI (Miguel Portas) que deram, os três partidos políticos unidos, origem ao BE? Deixo ao critério dos cientistas políticos.

Não releva grande utilidade debatermos questiúnculas em como se “este ou aquele” é mais detentor de crachá na lapela de “Sou de Direita” que o outro.

Nesta convenção, por exemplo, como em qualquer uma de esquerda, há teóricos que não passam disso e acrescentam pouco às soluções que o país precisa. Muitas vezes, infelizmente, esses teóricos, assumem papeis de destaque em órgãos de comunicação social, em eventos partidários e, consequentemente, toldam ao pouco a mente do debate ideológico. Mas isso, é problema dos partidos políticos, queiram ou não.

Há, do muito que ouvi, na convecção que terminou ontem das Direitas, apenas uma nota: O PSD também é, sim, de direita.

É diferente dizer-se “não é” e assumirmos que “também é”.

Há muito eleitor que vê no pendor de liberdade da iniciativa privada e qualidade de serviços, como ideologia de direita, que é do PSD sim. Naturalmente que o PSD que Francisco Sá Carneiro fundou, sob nome de PPD, vinha de um período pós-Salazar, de uma Europa que olhava à memória de Mussolini ou Franco e, nesse campo, era no Humanismo e Personalismo que o PPD Sá Carneirista via espaço, dizendo-se de centro, junto dos moderados de direita para crescer ao centro-esquerda.

Assim foi, com clara evidência em discursos de Sá Carneiro, mas já não estamos em 1980.

Hoje, o PSD tem naturalmente, até, ainda eleitores de pensamento político de centro-esquerda (cada vez menos), pessoas que se posicionam só centro (não é fácil de os entender, pelo menos não sei como a iniciativa privada fica aí, as liberdades individuais ou tantos outros pontos que têm “lados” ideológicos distintos consoante o que se defende) e, hoje, em 2021, tem muitos eleitores, militantes e simpatizantes que se reveem numa política ideológica moderada e conservadora de centro-direita e de direita. Por isso, e é uma certeza mais do que uma opinião, o PSD de hoje também é de direita.

Naturalmente, não é só de direita e este posicionamento abrangente é legítimo. Como o é para o PS que flutuam entre o centro-esquerda e, cada vez mais, uma esquerda profunda ideológica de onde em 1980 Mário Soares marcou uma linha vermelha que já desapareceu 40 anos depois.

A ideologia não é uma ferramenta de caciquismo e muito menos de claque de futebol. Há formas de se construir soluções de políticas públicas e, também, ao nível da economia e do capitalismo, que são possíveis ou igualmente corretas com visão de esquerda e de direita. Não há, queiramos muito ou pouco, uma solução única como os radicais e extremistas (dos dois lados) tendem a fazer e conseguem descredibilizar todo o universo político e a democracia global.

Porém, há algo que trago com o MEL a reboque, há algo legítimo: Os que têm uma visão política e ideológica de direita têm o mesmo direito de se manifestar, pensar e debater que os que têm à esquerda. Não se entende a convulsão social por existir um espaço que agregue várias sensibilidades de ideologia de direita numa mesma sala. Não se entende o espanto, e crítica fácil, de se ver ex-dirigentes ou até um ex-primeiro-ministro dessa área a assistir a todos os momentos do debate. Ser de direita não é crime, é uma escolha que muitas vezes tem por base estudo e conclusões por observação económica, social e laboral.

Houve, à direita, quem não tenha deixado saudades? Mussolini, Hitler, Pinochet, Franco, Salazar, Salvini, Le Pen… sim. E à esquerda, não? Staline, Lenin, Mao Tsé-Tung, Saloth Sar (conhecido por Pol Pot), Fidel Castro, Nicolás Maduro ou ainda Kim Jong-un…

Houve só políticos errados de direita, enquanto todos os bons são só os socialistas Guterres, Tony Blair, François Mitterand ou, mais recente, Justin Trudeau (Canadá) ou Jacinta Ardern (Nova Zelândia)?

Claro que não. Ronald Reagen, Margaret Thatcher no passado demonstram que não foi assim e, ainda, hoje, Angela Merkel na Alemanha e Kyriákos Mitsotákis que teve a hercúlea missão de afugentar populismos e reerguer um país incrível em que a história não permite dissociar as palavras Democracia e Grécia, demonstram que o centro-direita tem muita qualidade política.

Há bons exemplos com lideranças de centro-esquerda e, igualmente, com lideranças de centro-direita. Esqueçam fanatismos.

E, como em Portugal é respeitado o debate entre as esquerdas, porque atacar o momento em que as direitas se reúnem?

A direita moderada, que é desta que falamos, que sendo de cariz histórico mais conservador é considerada tolerante perante a mudança de forma gradual, a direita que aceita muitos aspetos liberais e onde se inclui o Estado de direito, e o capitalismo, é a mesma direita que coloca politicamente de parte o individualismo e o laissez-faire do liberalismo total económico. Não vale a pena demagógicas conspirações de extrema-esquerda contra o que a história cala. Foi esta direita, muito tipificada na obra e estudo de Edmund Burke, que se quis, penso, debater nestes dias do Congresso do Movimento Europa e Liberdade. E se o foi: Muito bem!

Essa direita, e só essa, moderada, é a que faz falta também a Portugal. Falta para governar? Sim, numa visão pessoal, sim. Porém, numa visão democrática e de sociedade, faz falta para dar sustentabilidade à democracia moderada nacional onde o centro-direita e o centro-esquerda convivem e constroem um melhor Estado.

Mas, e aí não chega convenções, mais que ideologia e teoria é importante colocar exemplos práticos que demonstrem que há propostas para um país capaz de responder a nível social, por exemplo, à crise económica que vamos viver. Mais que teoria e retórica que, muitas vezes, bajula qualquer Dom Sebastião político de um passado, é preciso sustentar em ideias e debates o que o centro-direita pode acrescentar a uma menor carga fiscal, a um maior crescimento económico de um país que cresce pouco, um suporte real de inovação académica ou privada ao que o Estado Social tem de bom, como o SNS, ou, ainda, uma visão de futuro que veja Portugal como mais que uma passagem turística ou sol, praia e gastronomia boa a bom preço através de um globalização estratégica e reformista a nível nacional.

Essa é a preocupação que o centro-direita deveria ter e, se se reencontrar ao nível das propostas, com uma liderança abrangente que inclua tudo o que “ser de direita”, é possível o centro-direita voltar a governar Portugal.

Só assim, haverá cada vez menos convulsão social cada vez que alguém se assume de centro-direita. E, talvez num futuro próximo, saibamos a real importância deste “lado” político como, aos deste, saibamos absorver os méritos do centro-esquerda na democracia nacional, europeia e mundial.

Porém, debater, falar e construir é um direito… das Direitas.


Um direito… das Direitas


A ideologia não é uma ferramenta de caciquismo e muito menos de claque de futebol. Há formas de se construir soluções de políticas públicas e, também, ao nível da economia e do capitalismo, que são possíveis ou igualmente corretas com visão de esquerda e de direita. Não há, queiramos muito ou pouco, uma solução única…


Haveria uma enormidade de contextualizações, históricas e de estudos, que iriam fortalecer a imagem do que é, ideologicamente, ser-se “de direita” no espetro político contemporâneo.

Porém, vamos deixar essa contextualização para a ciência política, abdicando de recuperar mais que o mero início histórico comumente aceite, desde 1789, em França: Foi quando os moderados e conservadores sentaram-se do lado direito da Assembleia Nacional Constituinte e, por seu lado, os radicais e alternativos ou progressistas ficaram à esquerda do parlamento. Nasceu, aqui, também, a Direita e a Esquerda.

Por estes dias, cá em Portugal, o Movimento Europa e Liberdade (MEL) organizou um debate aberto e amplo com a participação de vários dirigentes políticos dos partidos políticos que ideologicamente representam “as Direitas” na visão dos organizadores. Não significa que a história ideológica os reconheça, porém, será que Internacional Socialista reconheceria a UDP (Luís Fazenda), o PSR (Francisco Louça) ou ainda o PXXI (Miguel Portas) que deram, os três partidos políticos unidos, origem ao BE? Deixo ao critério dos cientistas políticos.

Não releva grande utilidade debatermos questiúnculas em como se “este ou aquele” é mais detentor de crachá na lapela de “Sou de Direita” que o outro.

Nesta convenção, por exemplo, como em qualquer uma de esquerda, há teóricos que não passam disso e acrescentam pouco às soluções que o país precisa. Muitas vezes, infelizmente, esses teóricos, assumem papeis de destaque em órgãos de comunicação social, em eventos partidários e, consequentemente, toldam ao pouco a mente do debate ideológico. Mas isso, é problema dos partidos políticos, queiram ou não.

Há, do muito que ouvi, na convecção que terminou ontem das Direitas, apenas uma nota: O PSD também é, sim, de direita.

É diferente dizer-se “não é” e assumirmos que “também é”.

Há muito eleitor que vê no pendor de liberdade da iniciativa privada e qualidade de serviços, como ideologia de direita, que é do PSD sim. Naturalmente que o PSD que Francisco Sá Carneiro fundou, sob nome de PPD, vinha de um período pós-Salazar, de uma Europa que olhava à memória de Mussolini ou Franco e, nesse campo, era no Humanismo e Personalismo que o PPD Sá Carneirista via espaço, dizendo-se de centro, junto dos moderados de direita para crescer ao centro-esquerda.

Assim foi, com clara evidência em discursos de Sá Carneiro, mas já não estamos em 1980.

Hoje, o PSD tem naturalmente, até, ainda eleitores de pensamento político de centro-esquerda (cada vez menos), pessoas que se posicionam só centro (não é fácil de os entender, pelo menos não sei como a iniciativa privada fica aí, as liberdades individuais ou tantos outros pontos que têm “lados” ideológicos distintos consoante o que se defende) e, hoje, em 2021, tem muitos eleitores, militantes e simpatizantes que se reveem numa política ideológica moderada e conservadora de centro-direita e de direita. Por isso, e é uma certeza mais do que uma opinião, o PSD de hoje também é de direita.

Naturalmente, não é só de direita e este posicionamento abrangente é legítimo. Como o é para o PS que flutuam entre o centro-esquerda e, cada vez mais, uma esquerda profunda ideológica de onde em 1980 Mário Soares marcou uma linha vermelha que já desapareceu 40 anos depois.

A ideologia não é uma ferramenta de caciquismo e muito menos de claque de futebol. Há formas de se construir soluções de políticas públicas e, também, ao nível da economia e do capitalismo, que são possíveis ou igualmente corretas com visão de esquerda e de direita. Não há, queiramos muito ou pouco, uma solução única como os radicais e extremistas (dos dois lados) tendem a fazer e conseguem descredibilizar todo o universo político e a democracia global.

Porém, há algo que trago com o MEL a reboque, há algo legítimo: Os que têm uma visão política e ideológica de direita têm o mesmo direito de se manifestar, pensar e debater que os que têm à esquerda. Não se entende a convulsão social por existir um espaço que agregue várias sensibilidades de ideologia de direita numa mesma sala. Não se entende o espanto, e crítica fácil, de se ver ex-dirigentes ou até um ex-primeiro-ministro dessa área a assistir a todos os momentos do debate. Ser de direita não é crime, é uma escolha que muitas vezes tem por base estudo e conclusões por observação económica, social e laboral.

Houve, à direita, quem não tenha deixado saudades? Mussolini, Hitler, Pinochet, Franco, Salazar, Salvini, Le Pen… sim. E à esquerda, não? Staline, Lenin, Mao Tsé-Tung, Saloth Sar (conhecido por Pol Pot), Fidel Castro, Nicolás Maduro ou ainda Kim Jong-un…

Houve só políticos errados de direita, enquanto todos os bons são só os socialistas Guterres, Tony Blair, François Mitterand ou, mais recente, Justin Trudeau (Canadá) ou Jacinta Ardern (Nova Zelândia)?

Claro que não. Ronald Reagen, Margaret Thatcher no passado demonstram que não foi assim e, ainda, hoje, Angela Merkel na Alemanha e Kyriákos Mitsotákis que teve a hercúlea missão de afugentar populismos e reerguer um país incrível em que a história não permite dissociar as palavras Democracia e Grécia, demonstram que o centro-direita tem muita qualidade política.

Há bons exemplos com lideranças de centro-esquerda e, igualmente, com lideranças de centro-direita. Esqueçam fanatismos.

E, como em Portugal é respeitado o debate entre as esquerdas, porque atacar o momento em que as direitas se reúnem?

A direita moderada, que é desta que falamos, que sendo de cariz histórico mais conservador é considerada tolerante perante a mudança de forma gradual, a direita que aceita muitos aspetos liberais e onde se inclui o Estado de direito, e o capitalismo, é a mesma direita que coloca politicamente de parte o individualismo e o laissez-faire do liberalismo total económico. Não vale a pena demagógicas conspirações de extrema-esquerda contra o que a história cala. Foi esta direita, muito tipificada na obra e estudo de Edmund Burke, que se quis, penso, debater nestes dias do Congresso do Movimento Europa e Liberdade. E se o foi: Muito bem!

Essa direita, e só essa, moderada, é a que faz falta também a Portugal. Falta para governar? Sim, numa visão pessoal, sim. Porém, numa visão democrática e de sociedade, faz falta para dar sustentabilidade à democracia moderada nacional onde o centro-direita e o centro-esquerda convivem e constroem um melhor Estado.

Mas, e aí não chega convenções, mais que ideologia e teoria é importante colocar exemplos práticos que demonstrem que há propostas para um país capaz de responder a nível social, por exemplo, à crise económica que vamos viver. Mais que teoria e retórica que, muitas vezes, bajula qualquer Dom Sebastião político de um passado, é preciso sustentar em ideias e debates o que o centro-direita pode acrescentar a uma menor carga fiscal, a um maior crescimento económico de um país que cresce pouco, um suporte real de inovação académica ou privada ao que o Estado Social tem de bom, como o SNS, ou, ainda, uma visão de futuro que veja Portugal como mais que uma passagem turística ou sol, praia e gastronomia boa a bom preço através de um globalização estratégica e reformista a nível nacional.

Essa é a preocupação que o centro-direita deveria ter e, se se reencontrar ao nível das propostas, com uma liderança abrangente que inclua tudo o que “ser de direita”, é possível o centro-direita voltar a governar Portugal.

Só assim, haverá cada vez menos convulsão social cada vez que alguém se assume de centro-direita. E, talvez num futuro próximo, saibamos a real importância deste “lado” político como, aos deste, saibamos absorver os méritos do centro-esquerda na democracia nacional, europeia e mundial.

Porém, debater, falar e construir é um direito… das Direitas.