Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, falou, esta quinta-feira, sobre os festejos dos adeptos do Sporting Clube de Portugal, que se sagrou campeão nacional de futebol na noite de terça-feira, e juntou milhares de pessoas por toda a cidade de Lisboa, especialmente no Marquês de Pombal e no Estádio José Alvalade.
O autarca considerou que organizar os festejos “seria sempre uma realidade de muito difícil gestão na cidade de Lisboa”. “Trata-se de um clube com uma grande implantação no país e na cidade de Lisboa, que ganha um título após 19 anos de interregno, havia uma grande vontade, depois deste período de pandemia, de as pessoas celebrarem”, disse, em declarações aos jornalistas.
“Estas dificuldades já se verificaram noutros países onde já houve celebrações de títulos nacionais. A nossa preocupação foi sempre tentar encontrar uma solução para evitar aquilo que é a característica das celebrações da cidade de Lisboa que é a concentração total das pessoas no Marquês de Pombal”, acrescentou.
Fernando sublinhou ainda que “em Portugal vigora um regime de liberdade de reunião em espaço público, sem qualquer autorização de qualquer autoridade, protegido pelo artigo 45.º da Constituição da República Portuguesa”, algo que “muitos se têm esquecido nas analises que têm feito”.
"Trabalhámos sempre num cenário muito difícil, que era o de saber que haveria sempre largos milhares de pessoas na rua e que, ou haveria algum enquadramento relativamente a essa utilização do espaço por parte das pessoas, ou iríamos ter um processo descontrolado na cidade de Lisboa, com uma concentração que possivelmente seria total no Marquês de Pombal", afirmou.
Como tal defendeu a ausência de um palco na rotunda do Marquês de Pombal e uma viagem de autocarro, ao longo de cerca de seis quilómetros, para que "as pessoas pudessem estar distribuídas a ver a sua equipa".
Sobre o parecer negativo da Polícia de Segurança Pública (PSP), o autarca afirmou não ter conhecimento de tal decisão.
“Eu vi notícias das fontes associadas à polícia […] que induziram em erro notícias que alguns jornalistas publicaram, invocando que havia um parecer negativo contra essa organização. Se o há eu não o conheço. E se o há deve ser dirigido internamente à polícia ou ao Ministério da Administração Interna”, disse.
No entanto, admite que “houve várias coisas que não correram bem” e lembrou que o Governo já solicitou “ao Ministério da Administração Interna um relatório sobre todo o relacionamento com as entidades neste âmbito”.
“Eu próprio fornecerei ao Governo relato disso mesmo. E o Governo anunciou um inquérito à atuação da Polícia de Segurança Pública. Aguardemos os resultados. Eu não vou contribuir para o passa culpas”, sublinhou.
Apesar de tudo, o autarca afirma que “há lições a tirar daquilo que aconteceu” e reforçou que a receção da equipa do Sporting nos Paços do Concelhos, “esse sim” organizado pela Câmara de Lisboa, não terá público.