Um país governado de forma anedótica


O Governo muda de posição em menos de 24 horas.


Portugal pode perfeitamente entrar no Guinness como o país mais esquizofrénico do mundo, atendendo aos disparates de comunicação do Governo. E falo exclusivamente do período da Páscoa e à circulação possível em território nacional. Não precisamos de ir a outros exemplos para alcançarmos o pódio – a história da EDP podia dar-nos o primeiro lugar perpétuo… Ma isso são outros quinhentos. Há dois dias, Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, dizia que os hotéis portugueses podiam receber os estrangeiros que chegassem a Portugal, embora os portugueses não pudessem instalar-se, nesta época, em unidades hoteleiras. “Estão permitidas as deslocações de cidadãos não residentes em território nacional continental para locais de permanência comprovada”. Uns bateram palmas, à espera de lucrarem uns cobres com esta decisão, outros, os portugueses, protestaram por se sentirem discriminados. Eis que dia depois, um dos reis das gafes dos últimos tempos, o ministro da Administração Interna, esclareceu a nação de que a secretária de Estado estava errada. “Na próxima semana, para Portugal, não haverá viagens turísticas. Só serão admitidos aqueles que para aqui se deslocam em deslocações essenciais. São essas as formas de garantir a nossa segurança sanitária, tal como o esforço acrescido de manutenção, até 5 de abril, dos controlos nas fronteiras terrestres”. Extraordinário! O Governo muda de posição em menos de 24 horas. A não ser que o Executivo acredite que os estrangeiros vão seguir o exemplo dos portugueses e vão transformar as viagens essenciais em viagens de férias. A desorganização é total e ninguém acredita que os turistas que já tinham feito as suas reservas para os voos e alojamento não venham gozar a Páscoa a Portugal. E, como é evidente, ninguém os irá impossibilitar de chegarem ao seu destino. Tudo isto é triste, tudo isto é o nosso fado de termos que aturar estes incompetentes. Ah! A proibição de passar de concelho para concelho não se aplica se algum cidadão residente em Portugal quiser ir apanhar o avião para uma das regiões autónomas. Baralhados?