Mulheres em formação política


É uma batalha em várias frentes e, por vezes, em frentes algo inesperadas. Nos países do G7 apenas 73 % consideram que homens e mulheres são igualmente adequados para assumir posições de liderança e poder.


A análise da reacção dos Governos de 194 países à pandemia do COVID-19 em 2020 permitiu concluir que os países liderados por mulheres alcançaram melhores resultados do que os restantes na gestão da crise de saúde pública (Covid Economics, 05-07-2020). Os autores do estudo, publicado pelo World Economic Forum, estão convencidos de que tal se deveu à adoção de medidas políticas mais proactivas nos países liderados por mulheres. Enfim, é caso para dizer: deixem-nas trabalhar!

Veio-me à mente esta expressão por a mesma ter sido pronunciada, noutro contexto, por alguém que, em 1987, por ocasião do 1º Encontro Nacional das Mulheres Sociais Democratas, não hesitou em contribuir para o que hoje é referido como empoderamento das mulheres e deu voz à questão, que ainda hoje persiste: “Porque continuam as mulheres arredadas da intervenção política no que toca aos lugares cimeiros, porque são tão poucas as que atingem esses lugares?” E o mesmo orador, Cavaco Silva, acrescentou: “É justo dizer-se que o PSD tem procurado contrariar esta tendência discriminadora. Mas sabe que para o fazer é necessário repensar e procurar resolver a questão sociocultural de fundo”.

Este fenómeno, muitas vezes chamado “teto de vidro”, preocupava igualmente Carlos Moedas, na altura Comissário Europeu, quando interveio na 2ª Academia de Formação Política para Mulheres, que teve lugar em 2019 na Serra da Estrela: “O chamado teto de vidro, glass ceiling, continua a ser uma realidade, e é chocante que esta ainda persista em 2019. Como podemos então progredir enquanto sociedade se apenas reconhecemos metade da população? Como podemos desenhar políticas públicas para todos se as mulheres não participarem no processo? Como podemos resolver os desafios globais como as alterações climáticas sem a contribuição das mulheres? Para mim é impossível!”

A aparente inabalabilidade do teto de vidro, apesar de todos os esforços para o estilhaçar e remover, faz lembrar a corrida entre a Alice e a Rainha Vermelha, sobretudo quando esta observa: “Neste país temos de correr com toda a energia para conseguirmos ficar no mesmo sítio”. Isto pode parecer dececionante. Mas não devemos esquecer o comentário final da Rainha Vermelha – extenuante, mas ainda assim esperançoso: “Se quiseres mesmo chegar a outro sítio, então corre com o dobro da velocidade.” Moral da história: há que persistir.

É uma batalha em várias frentes e, por vezes, em frentes algo inesperadas. É o que podemos retirar do último estudo sobre liderança (2020) da fundação Women Political Leaders. Nos países do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), em média, apenas 73 porcento dos inquiridos considera que homens e mulheres são igualmente adequados para assumir posições de liderança e poder. Mas a verdadeira surpresa surge quando os dados são desagregados por faixa etária.

A média desce para 67 porcento quando consideramos os jovens (homens) entre os 18 e os 34 anos. Aparentemente os jovens estão a tornar-se menos progressistas relativamente à igualdade de género em comparação com os mais velhos. O impacto desta deriva no relacionamento entre jovens (recordemos a questão da violência no namoro) e nas atitudes face aos populismos e sectarismos emergentes deve-nos fazer reflectir sobre algumas opções do sistema de ensino, quer na sua vertente vocacional quer geral.

Por isso, há ainda muito trabalho a fazer! E aqui a formação tem um papel crucial. A formação permite ultrapassar estereótipos, atavismos e preconceitos. Além disso, fornece o conhecimento e as ferramentas imprescindíveis para estruturar opiniões fundamentadas e objectivas e ser capaz apresentá-las de forma séria e competente. 

Isto aplica-se igualmente no campo da política, embora por aqui não abundem as oportunidades de formação, muito menos destinadas a mulheres. Mas a lacuna tem vindo a ser colmatada pelas Academias de Formação Política para Mulheres, organizadas pelas Mulheres Social Democratas com o apoio do Instituto Francisco Sá Carneiro e com o incentivo do líder do PSD, dr. Rui Rio, que sempre atribuiu extrema importância à formação política.

Na 5ª Academia, a realizar dia 6 de março, teremos a oportunidade de voltar a ouvir o orador do 1º Encontro de 1987, agora numa intervenção de fundo sobre “As Mulheres Social Democratas e a Política”. Estou certa de que ficará para a história.

Deputada, Vice-Presidente do Instituto Sá Carneiro e Embaixadora da Fundação Women Political Leaders

Mulheres em formação política


É uma batalha em várias frentes e, por vezes, em frentes algo inesperadas. Nos países do G7 apenas 73 % consideram que homens e mulheres são igualmente adequados para assumir posições de liderança e poder.


A análise da reacção dos Governos de 194 países à pandemia do COVID-19 em 2020 permitiu concluir que os países liderados por mulheres alcançaram melhores resultados do que os restantes na gestão da crise de saúde pública (Covid Economics, 05-07-2020). Os autores do estudo, publicado pelo World Economic Forum, estão convencidos de que tal se deveu à adoção de medidas políticas mais proactivas nos países liderados por mulheres. Enfim, é caso para dizer: deixem-nas trabalhar!

Veio-me à mente esta expressão por a mesma ter sido pronunciada, noutro contexto, por alguém que, em 1987, por ocasião do 1º Encontro Nacional das Mulheres Sociais Democratas, não hesitou em contribuir para o que hoje é referido como empoderamento das mulheres e deu voz à questão, que ainda hoje persiste: “Porque continuam as mulheres arredadas da intervenção política no que toca aos lugares cimeiros, porque são tão poucas as que atingem esses lugares?” E o mesmo orador, Cavaco Silva, acrescentou: “É justo dizer-se que o PSD tem procurado contrariar esta tendência discriminadora. Mas sabe que para o fazer é necessário repensar e procurar resolver a questão sociocultural de fundo”.

Este fenómeno, muitas vezes chamado “teto de vidro”, preocupava igualmente Carlos Moedas, na altura Comissário Europeu, quando interveio na 2ª Academia de Formação Política para Mulheres, que teve lugar em 2019 na Serra da Estrela: “O chamado teto de vidro, glass ceiling, continua a ser uma realidade, e é chocante que esta ainda persista em 2019. Como podemos então progredir enquanto sociedade se apenas reconhecemos metade da população? Como podemos desenhar políticas públicas para todos se as mulheres não participarem no processo? Como podemos resolver os desafios globais como as alterações climáticas sem a contribuição das mulheres? Para mim é impossível!”

A aparente inabalabilidade do teto de vidro, apesar de todos os esforços para o estilhaçar e remover, faz lembrar a corrida entre a Alice e a Rainha Vermelha, sobretudo quando esta observa: “Neste país temos de correr com toda a energia para conseguirmos ficar no mesmo sítio”. Isto pode parecer dececionante. Mas não devemos esquecer o comentário final da Rainha Vermelha – extenuante, mas ainda assim esperançoso: “Se quiseres mesmo chegar a outro sítio, então corre com o dobro da velocidade.” Moral da história: há que persistir.

É uma batalha em várias frentes e, por vezes, em frentes algo inesperadas. É o que podemos retirar do último estudo sobre liderança (2020) da fundação Women Political Leaders. Nos países do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), em média, apenas 73 porcento dos inquiridos considera que homens e mulheres são igualmente adequados para assumir posições de liderança e poder. Mas a verdadeira surpresa surge quando os dados são desagregados por faixa etária.

A média desce para 67 porcento quando consideramos os jovens (homens) entre os 18 e os 34 anos. Aparentemente os jovens estão a tornar-se menos progressistas relativamente à igualdade de género em comparação com os mais velhos. O impacto desta deriva no relacionamento entre jovens (recordemos a questão da violência no namoro) e nas atitudes face aos populismos e sectarismos emergentes deve-nos fazer reflectir sobre algumas opções do sistema de ensino, quer na sua vertente vocacional quer geral.

Por isso, há ainda muito trabalho a fazer! E aqui a formação tem um papel crucial. A formação permite ultrapassar estereótipos, atavismos e preconceitos. Além disso, fornece o conhecimento e as ferramentas imprescindíveis para estruturar opiniões fundamentadas e objectivas e ser capaz apresentá-las de forma séria e competente. 

Isto aplica-se igualmente no campo da política, embora por aqui não abundem as oportunidades de formação, muito menos destinadas a mulheres. Mas a lacuna tem vindo a ser colmatada pelas Academias de Formação Política para Mulheres, organizadas pelas Mulheres Social Democratas com o apoio do Instituto Francisco Sá Carneiro e com o incentivo do líder do PSD, dr. Rui Rio, que sempre atribuiu extrema importância à formação política.

Na 5ª Academia, a realizar dia 6 de março, teremos a oportunidade de voltar a ouvir o orador do 1º Encontro de 1987, agora numa intervenção de fundo sobre “As Mulheres Social Democratas e a Política”. Estou certa de que ficará para a história.

Deputada, Vice-Presidente do Instituto Sá Carneiro e Embaixadora da Fundação Women Political Leaders