Poiares Maduro. “De pouco nos serve esta estabilidade política”

Poiares Maduro. “De pouco nos serve esta estabilidade política”


Antigo ministro deixa avisos a Marcelo. Sobre a liderança do PSD diz que só após as autárquicas se pode abrir a discussão.


O antigo ministro-adjunto de Passos Coelho, Miguel Poiares Maduro, defendeu este fim de semana, numa entrevista ao Nascer do Sol que “de pouco nos serve esta estabilidade política em que temos vivido. É artificial e paralisante do país, preserva o status quo e não promove as reformas de que precisamos”.

E deixou avisos a Marcelo Rebelo de Sousa, lembrando que neste segundo mandato como Presidente da República, “terá de ter consciência de que a estabilidade política a qualquer custo, nomeadamente com coligações meramente oportunísticas e artificiais, não oferecerá ao país a transformação económica e social que o próprio Presidente já reconheceu ser fundamental”.

Na entrevista, Poiares Maduro admite que Marcelo será “um pouco mais” exigente no seu segundo mandato, “mas não muito”. Porque não é da sua natureza. E explica porquê: “A sua personalidade convive muito melhor com um clima de cooperação do que de conflito. Para além disso a fragmentação política levará a que procure sobretudo exercer um papel criador de pontes para assegurar a estabilidade política”. Contudo, tal estratégia tem custos.

“Haverá um momento em que nos teremos de questionar até que ponto a obsessão com a estabilidade política é produtiva para o país”. Mais, “a estabilidade política não pode ser transformada num fim em si mesmo. A vantagem normalmente atribuída à estabilidade política é a autoridade e continuidade que fornece a um Governo para poder implementar reformas eficazes. A estabilidade que temos hoje não tem servido essa finalidade”, advertiu o antigo governante, que recusa ser incluído na lista de candidatos autárquicos do PSD. Mais, nem foi sondado porque já tinha recusado previamente.

Sobre o prazo de vida política de Rui Rio à frente do PSD e o eventual regresso de Passos Coelho, Poiares Maduro sustenta que “neste momento, a atual liderança do PSD tem toda a legitimidade de prosseguir a sua estratégia e todos, concordando ou não com ela, devem respeitar essa legitimidade”. Por fim, lembra que “o próprio Rui Rio já foi claro quando disse que se após as eleições autárquicas verificar que não tem condições de liderar o partido tirará essa conclusão”. Assim, “só nesse contexto fará sentido reabrir uma discussão sobre a liderança do PSD seja com quem for”. Ou seja, só depois das autárquicas, e conforme os resultados, se deve equacionar se os sociais-democratas devem mudar de líder.

Esta é, aliás, a visão de outros antigos dirigentes ouvidos pelo i sob anonimato.