MP pede prisão efetiva para mãe que permitiu que filha fosse alvo de mutilação genital feminina

MP pede prisão efetiva para mãe que permitiu que filha fosse alvo de mutilação genital feminina


Menina de três anos foi excisada com o consentimento da mãe numa viagem à Guiné-Bissau.


O Ministério Público pediu, esta quinta-feira, uma pena de prisão efetiva para Rugui Djaló, a primeira pessoa a ser julgada em Portugal por um crime de mutilação genital feminina.

A procuradora do Ministério Público justificou o pedido, em audiência no Tribunal de Sintra, pelo facto de a guineense Rugui Djaló, mãe da vítima, ter consentido no que fizeram à filha de três anos, Maimuna, durante uma estadia de três meses na Guiné-Bissau.

O alerta foi dado, quando a mãe, já regressada a Portugal, levou a filha, em março de 2019, a um centro de saúde, dizendo que a criança estava vermelha na zona genital, e que tal se deveria ao uso de fralda num país tão quente como a Guiné.

Nas alegações finais, nas quais a procuradora pediu uma pena de prisão efetiva para arguida, referiu-se à situação como sendo de "gravidade extrema" e uma "violação de direitos humanos" para a qual se impõe "tolerância zero".

Já o advogado de defesa da guineense, de 20 anos e sem antecedentes criminais, sublinhou que a arguida, dada a natureza da tradição no seu país de origem, não saberia que se tratava de um crime, ou nem teria levado a menina ao centro de saúde.

Frisou ainda que a jovem "não é uma delinquente" e que esta "luta pela vida, pautando a sua conduta pelas regras" nacionais.

"Dou a minha vida pela minha filha", garantiu Rugui Djaló, no final da sessão. A leitura da sentença ficou marcada para 8 de janeiro, às 14h00.