DGS só divulgou parecer sobre Festa do Avante! pela “tranquilidade social”

DGS só divulgou parecer sobre Festa do Avante! pela “tranquilidade social”


Autoridades de Saúde reiteram que não existe qualquer tipo discriminação “negativa ou positiva” em relação ao evento.


A Direção-Geral da Saúde (DGS) acabou por divulgar, esta segunda-feira, o parecer técnico sobre a Festa do Avante!, já depois de ontem, domingo, ter afirmado que não o faria. Na habitual conferência de imprensa das autoridades de Saúde, o secretário de Estado da Saúde, António Sales, revelou que o documento acabou por ser divulgado, “excecionalmente”, devido ao "interesse público" e pela "tranquilidade social", algo "importante neste tempo que vivemos".

"[A DGS] Fê-lo porque este evento adquiriu um caráter excecional, não do ponto de vista técnico porque do ponto de vista técnico é como qualquer outro evento, mas do ponto de vista social e até do impacto mediático", disse o governante esta segunda-feira.

Questionado sobre o facto de o PCP referir, em comunicado, que a DGS estava a ser mais exigente com o evento comunista do que com outros eventos, Sales reiterou que não existe qualquer tipo discriminação "negativa ou positiva". "As competências da DGS são técnico-normativas e não incluem decisões de caráter político", afirmou.

"O que a Direção-Geral da Saúde fez foi a aplicação das normas adaptadas aos princípios de precaução de saúde públicas determinadas pelas autoridades de saúde. E por isso mesmo no evento em concreto será feita a aplicação de normas de acordo com as características [do evento], que implicam grande mobilidade dentro, daí a complexidade e o trabalho profundo que foi feito", acrescentou, explicando que a DGS estabeleceu regras para a ocupação de espaços distintos e teve atenção à "enorme variabilidade de espaços existentes".

Já Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, explicou que a autoridade tem um conjunto de regras gerais que adapta depois a cada evento.

"É do conjunto desta análise, das características do evento e da situação epidemiológica, que a Direção-Geral da Saúde faz uma avaliação do risco e emite um parecer. Tanto quanto possível os nossos pareceres baseiam-se sempre em normas universais, em regras gerais que são aplicáveis em todas as circunstâncias. No entanto, volto a dizer, as características do evento e epidemiologia da doença ditam ajustamentos que têm de ser feitos em fundação da avaliação do risco", alertou.

Na mesma conferência, Graça Freitas foi confrontada com a possibilidade de o período de isolamento reduzir, tendo em conta o risco de contágio, e admitiu que seria “extraordinariamente positivo”.

"Temos grandes expectativas, nós e toda a comunidade em todo mundo, o pessoal da saúde, que venha a ser claramente estabelecido que o período de contágio é muito pequeno a partir dos dez dias de início de sintomas ou de contacto com um caso doente. Se se vier a verificar que há evidências nesse sentido, seria extraordinariamente positivo poder diminuir o período de isolamento de 14 para 10 dias. Como sabem, 14 é o número de dias que é considerado máximo para incubação, se houver evidência científica em contrário melhor", referiu.

O secretário de Estado da Saúde destacou ainda que estamos numa fase de “preparação”.

"Se tivesse que escolher uma palavra para definir a fase em que estamos agora seria preparação. Estamos mais preparados e conseguimos, por isso, prepara-nos melhor. Numa primeira fase estivemos a reagir. Agora essa reação vem preparada de experiência, ainda sem se saber tudo, mas já sabendo mais, antecipando melhor os cenários e garantindo respostas mais adequadas", disse.