Covid-19. Japão em estado de emergência,  salvaguarda economia

Covid-19. Japão em estado de emergência, salvaguarda economia


Foi declarado o estado de emergência, mas não foi imposto o confinamento. Governo quer preservar a economia.


O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou o estado de emergência em boa parte do país esta terça-feira, mas sem impor o confinamento.

Os governadores de Tóquio, Osaka e outras cinco regiões abrangidas podem apelar aos cidadãos para cumprirem as regras de distanciamento social e pedir o encerramento temporário dos estabelecimentos comerciais não essenciais – mas não os podem forçar.

A decisão foi tomada na sequência do rápido desenvolvimento do surto do novo coronavírus, que já ultrapassou a faixa dos 4 mil casos confirmados, pondo o Japão num nível alerta sem precedentes.

A imposição do estado de emergência por parte do Governo central, que entrou em vigor no próprio dia em que foi declarado, reflete a profunda ansiedade sobre a possibilidade de o sistema de saúde japonês colapsar, caso ocorra um surto da covid-19, diz o Japan Times.

“A coisa mais importante a fazer, mais do que outra coisa, é mudar o comportamento das pessoas”, disse o primeiro-ministro num encontro da task force de resposta à pandemia, citado pelo mesmo jornal. “Segundo as estimativas dos especialistas, se todos nós fizermos um esforço e reduzirmos as nossas interações por, pelo menos, 70% a 80%, seremos capazes de ver o aumento de infeções chegar ao pico e depois abrandar em duas semanas”.

Mas Abe está disposto a não impor a quarentena a nível nacional e a declaração de emergência não é tão restritiva como as que têm sido impostas um pouco por todo o mundo.

O encerramento do comércio não essencial não é obrigatório, levando alguns a questionar se a medida terá o efeito de diminuir o ritmo de contágio: lojas, restaurantes e fábricas têm a permissão para continuar de portas abertas.

“Mesmo com a declaração do estado de emergência, a opinião dos especialistas é que não precisamos de isolar as nossas cidades como têm feito no estrangeiro”, justificou Abe, anunciando ao mesmo tempo um pacote de resgate à economia de 39 triliões ienes (337 mil milhões de euros – o equivalente a 7% do PIB anual, informa o Financial Times. “Como Governo, o nosso objetivo é minimizar o impacto na economia”.

A experiência do primeiro-ministro vai ser monitorizada de perto por parte dos outros países, diz o Financial Times, por não ter imposto o confinamento de todo o país, apesar do número significativo de casos confirmados com a infeção e por não ter ainda a capacidade de testar a população em massa.

O Japão realizou apenas 45 mil testes até hoje, significativamente menos que a Coreia do Sul, que fez perto de 500 mil testes – Seul é muitas vezes elogiada pela forma como lidou com o coronavírus, devido à quantidade de testes que efetuou.

O primeiro-ministro japonês tem sido criticado por não ter imposto estas medidas mais cedo e o número de casos, alertam os especialistas, pode ser exponencialmente maior do que as estatísticas oficiais sugerem (devido à falta de testes), diz a CNN.

O presidente da Associação Médica de Tóquio, Ozaki Haruo, disse aos repórteres na segunda-feira que o aumento do número de casos com coronavírus podia resultar na falta de camas e no alastramento do vírus dentro dos hospitais, de acordo com a estação pública NHK.