Deputados desistem de voto de condenação a Ventura para apoiar declaração de Ferro Rodrigues

Deputados desistem de voto de condenação a Ventura para apoiar declaração de Ferro Rodrigues


Não avançam para voto de condenação para não “amplificar” as declarações do deputado do Chega.


Afinal, as palavras de André Ventura sobre Joacine Katar Moreira não vão ser alvo de um voto de condenação na Assembleia da República.

A conferência de líderes parlamentares quis, esta quinta-feira, pôr "um ponto final" no que chamou de "episódio infeliz da democracia", associando-se "por esmagadora maioria" às declarações do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que considerou como “lamentáveis” as palavras do deputado único do Chega, que sugeriu que Joacine Katar Moreira fosse “devolvida à sua terra de origem”.

Representantes do PS, BE, PCP, PAN e PEV sublinharam aos jornalistas que a posição de Ferro Rodrigues mereceu a concordância de "todos os grupos parlamentares". Questionados sobre as iniciativas de voto de condenação que tinham apresentado, tanto o PS como o Bloco de Esquerda consideraram "desnecessário" avançar com o processo, que na sua opinião só serviria para "amplificar" as declarações do deputado do Chega.

Recorde-se que esta semana a deputada única do Livre apresentou uma proposta para a restituição de património cujos países de origem sejam antigas colónias de Portugal. Em reação, André Ventura escreveu nas redes sociais que propunha antes que Joacine Katar Moreira fosse "devolvida ao seu país de origem".

A mensagem do deputado mereceu muitas críticas e levou o presidente da Assembleia da República a emitir um comunicado sobre a sua própria posição.

"Eduardo Ferro Rodrigues, enquanto cidadão e presidente da Assembleia da República, considera lamentáveis as declarações xenófobas proferidas pelo deputado do Chega sobre a deputada Joacine Katar Moreira. São afirmações que merecem a mais veemente condenação", escreveu Ferro Rodrigues, numa nota divulgada pela agência Lusa. "O ódio não pode ser arma na política", vincou ainda, e acrescentou: "E não o será na Assembleia da República, órgão de soberania que é fiel aos valores da democracia e da tolerância".

Já André Ventura, confrontado com a polémica, garantiu que não iria pedir desculpa pelas afirmações, pois não as considerava ofensivas, e demarcou-se das declarações de Ferro Rodrigues.

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