A década trouxe aumento dos salários mas não poder de compra

A década trouxe aumento dos salários mas não poder de compra


Ao arrancar uma nova década, recordamos a evolução dos salários em Portugal e de alguns dos principais produtos de consumo quotidiano. Os portugueses têm hoje melhores salários, mas os anos da troika contribuíram para uma desaceleração dos rendimentos. Por outro lado, o aumento do custo de vida não abrandou.


No espaço de uma década, a carteira dos portugueses cresceu aos solavancos, afetada, sobretudo, pelo cenário de crise económica e financeira que marcou a primeira metade deste conjunto de anos. A permanência da troika em território nacional – entre 2011 e 2014 – coincidiu com o travão (e o retrocesso) verificado nas remunerações médias em Portugal.

A subida do salário médio cresceu, por regra, à boleia do salário mínimo nacional e, por isso, a estagnação desse valor (fixado, na altura nos 485 euros) durante quatro anos, contribuiu para uma quebra em contraciclo, verificada em 2013 e 2014, último ano do programa de assistência internacional a Portugal. Nessa altura, o salário médio nacional situava-se nos 913,9 euros, segundo os dados da Pordata. A partir desse momento, o aumento constante e gradual do salário mínimo veio contribuir para alavancar os valores respeitantes à remuneração média nacional, com principal ênfase em 2018, quando o valor registado atingiu os 970,4 euros.

A partir de 1 de janeiro de 2020, o salário mínimo nacional chega aos 635 euros, o que representa um aumento de 160 euros face ao mesmo indicador, aquando o início da década anterior. Um aumento médio de 16 euros por ano.

Apesar de o salário médio ter aumentado a um ritmo mais lento – os dados provisórios do Governo em novembro de 2019 apontam para os 934 euros – verifica-se um aumento de 35 euros, em comparação com os dados de há dez anos. Um número que, ainda assim, deverá ser corrigido em alta pela Pordata.

A acompanhar as melhorias salariais estiveram, no entanto, os aumentos incontornáveis dos principais produtos de consumo quotidiano.

Pegando em referências onde se incluem o preço da habitação, os combustíveis, a alimentação ou os telemóveis, entre outras, é possível concluir que a inflação acompanhou, sem exceções, uma potencial maior capacidade de investimento por parte dos cidadãos portugueses. Em alguns casos, os aumentos verificados em determinados setores, com destaque para a habitação, sucederam a um ritmo mais elevado, acentuando diferenças.

Veja a fotogaleria ou consulte aqui a evolução do salário (2009-2019).