Haja saúde!


Nunca tanto como hoje fez sentido desejar aos nossos familiares e amigos um Ano Novo repleto de saúde que, de facto, é o mais importante de tudo. Pois sem ela nada de relevante se poderá verdadeiramente concretizar na vida de ninguém. De que serve ter o maior sucesso profissional se não se tiver saúde para…


Nunca tanto como hoje fez sentido desejar aos nossos familiares e amigos um Ano Novo repleto de saúde que, de facto, é o mais importante de tudo. Pois sem ela nada de relevante se poderá verdadeiramente concretizar na vida de ninguém.

De que serve ter o maior sucesso profissional se não se tiver saúde para prosseguir a carreira? 

De que serve ser efectivo no emprego se se for precário na saúde? 

De que serve ter todo o dinheiro do mundo se o mesmo não chegar ou simplesmente for inútil para comprar a saúde de que se possa precisar? 

Não deixando de ser um nobre sentimento generalizado que sempre se manifestou nesta ocasião, desejar aos outros muita saúde no novo ano tornou-se um cliché de boas festas. Porém, encaro hoje esse simples desejo como algo de muito sério, não apenas para os meus familiares e amigos próximos, como para mim próprio e para todas as pessoas em geral.

A saúde das pessoas no meu país tem ocupado de forma permanente o meu pensamento num misto de sentimentos pouco felizes, senão mesmo tristes e maus para a minha própria saúde… O que se passa todos os dias em Portugal com a saúde, ultrapassa já, em larga escala, os limites da tolerância democrática, tendo sido deixados para trás há muito e muito tempo os limites da decência de quem tem responsabilidade pelo estado a que isto chegou. 

Quando, à entrada da década de 20 do século XXI, num país desenvolvido da Eupora ocidental, morrem num só ano vinte mulheres saudáveis e sem preocupações de maior, em parto – sim a dar à luz – sendo a esmagadora maioria destas vítimas de idades compreendidas entre os 25 e os 30 anos, peço saúde! 

Quando assisto de muito perto à periclitante situação que se vive no Hospital de Faro que deixou de ser distrital (aliás em linha com a importância cada vez menor da cidade) para integrar juntamente com o de Portimão e o de Lagos, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, mas onde a instabilidade é completa, as incertezas são intrínsecas e a vulnerabilidade do cidadão-utente e doente é garantida, peço saúde! 

Quando a decadência criminosa dos serviços prestados neste hospital público obrigam a que uma pessoa com uma otite aguda que deu entrada nas urgências tenha de ser transferida para Portimão por falta de otorrino tendo estado 8 horas nisto, peço saúde! 

Quando outra pessoa, após um acidente grave que provocou queimaduras de grande dimensão é tratada de forma leviana, sem se fazerem os exames todos e prestar os cuidados mínimos ao ponto de ter de ser a própria doente a comprar e a levar as compressas porque não as há no centro de saúde de Olhão para o qual o hospital de Faro a despejou para fazer os pensos diários, peço saúde! 

Quando ainda uma outra pessoa que tendo caído partiu um braço e deslocou o ombro, tenha, após ida às urgências, de esperar em casa três dias consecutivos para poder ser vista por um ortopedista, sendo-lhe dito na cara que só não ficava lá internada por falta de camas, peço saúde! 

Quando outros morrem em plenas ambulâncias por socorro não assegurado em tempo útil e tal se passa em plena cidade de Lisboa, peço saúde! 

Enfim, peço saúde para mim e para toda as pessoas que residam neste país, pois não desejo a ninguém ter de recorrer aos serviços de saúde hospitalar portugueses, sendo que recorrer a alguns deles é correr perigo!

É, pois, por isto mesmo que não consigo entender o cinismo militante de um Governo de 70 elementos todos muito felizes e contentes por apresentarem um Orçamento de Estado mentiroso e meramente elaborado para produzir efeitos estatísticos de puro ilusionismo ao prever um superavit ou excedente orçamental à custa do desprezo a que condenam os cidadãos.

Que políticos são estes que vêm cantar de galo estas barbaridades, quando têm o país a morrer por falta de cuidados médicos? E sabem-no! 

Que políticos são estes, quando o que orçamentam para a saúde não chega sequer para pagar a conta corrente anual com medicamentos? E sabem-no! 

Que políticos são estes que se marimbam para a situação miserável em que a saúde está mergulhada pelas suas próprias opções políticas e orientações estratégicas? E sabem-no! 

Com a saúde não se brinca, todos sempre o ouvimos dizer desde que nos lembramos de nós próprios, mas temos um Governo que com ela brinca e dela goza. E sabem-no!

"Há mais vida para além do orçamento." 

Disse uma vez um Presidente da República num discurso do 25 de Abril perante os deputados da nação no Parlamento e muito aplaudido pelas bancadas que hoje são as responsáveis pela nossa saúde e a quem dedico esta lembrança. 

A questão que coloco é o que diria hoje o Presidente Jorge Sampaio já que o actual PR nada diz? 

E o que dizem todos os Portugueses, além daqueles que por elas passam? Continuarão a achar – porque não é consigo – tudo isto normal e aceitável? Ou entendem que está na hora de, colectivamente, agirmos para pôr fim a esta hemorragia lamentável e a todos os títulos censurável?

O estado da nossa saúde é muito mau. Indisfarçávelmente mau. Razão pela qual toda a mensagem de Natal do Sr. Primeiro-Ministro andou à volta do SNS… Mas palavras leva-as o vento. É preciso agir e gastar dinheiro e, se necessário, pondo em causa excedentes orçamentais virtuais para combater os deficits de saúde reais. 

Pode começar o PM por colocar à frente do Ministério da Saúde alguém verdadeiramente capaz de resolver os problemas. Alguém destemido! 

A todos, sem excepção, desejo muita saúde para o novo ano de 2020!

Jurista

Haja saúde!


Nunca tanto como hoje fez sentido desejar aos nossos familiares e amigos um Ano Novo repleto de saúde que, de facto, é o mais importante de tudo. Pois sem ela nada de relevante se poderá verdadeiramente concretizar na vida de ninguém. De que serve ter o maior sucesso profissional se não se tiver saúde para…


Nunca tanto como hoje fez sentido desejar aos nossos familiares e amigos um Ano Novo repleto de saúde que, de facto, é o mais importante de tudo. Pois sem ela nada de relevante se poderá verdadeiramente concretizar na vida de ninguém.

De que serve ter o maior sucesso profissional se não se tiver saúde para prosseguir a carreira? 

De que serve ser efectivo no emprego se se for precário na saúde? 

De que serve ter todo o dinheiro do mundo se o mesmo não chegar ou simplesmente for inútil para comprar a saúde de que se possa precisar? 

Não deixando de ser um nobre sentimento generalizado que sempre se manifestou nesta ocasião, desejar aos outros muita saúde no novo ano tornou-se um cliché de boas festas. Porém, encaro hoje esse simples desejo como algo de muito sério, não apenas para os meus familiares e amigos próximos, como para mim próprio e para todas as pessoas em geral.

A saúde das pessoas no meu país tem ocupado de forma permanente o meu pensamento num misto de sentimentos pouco felizes, senão mesmo tristes e maus para a minha própria saúde… O que se passa todos os dias em Portugal com a saúde, ultrapassa já, em larga escala, os limites da tolerância democrática, tendo sido deixados para trás há muito e muito tempo os limites da decência de quem tem responsabilidade pelo estado a que isto chegou. 

Quando, à entrada da década de 20 do século XXI, num país desenvolvido da Eupora ocidental, morrem num só ano vinte mulheres saudáveis e sem preocupações de maior, em parto – sim a dar à luz – sendo a esmagadora maioria destas vítimas de idades compreendidas entre os 25 e os 30 anos, peço saúde! 

Quando assisto de muito perto à periclitante situação que se vive no Hospital de Faro que deixou de ser distrital (aliás em linha com a importância cada vez menor da cidade) para integrar juntamente com o de Portimão e o de Lagos, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, mas onde a instabilidade é completa, as incertezas são intrínsecas e a vulnerabilidade do cidadão-utente e doente é garantida, peço saúde! 

Quando a decadência criminosa dos serviços prestados neste hospital público obrigam a que uma pessoa com uma otite aguda que deu entrada nas urgências tenha de ser transferida para Portimão por falta de otorrino tendo estado 8 horas nisto, peço saúde! 

Quando outra pessoa, após um acidente grave que provocou queimaduras de grande dimensão é tratada de forma leviana, sem se fazerem os exames todos e prestar os cuidados mínimos ao ponto de ter de ser a própria doente a comprar e a levar as compressas porque não as há no centro de saúde de Olhão para o qual o hospital de Faro a despejou para fazer os pensos diários, peço saúde! 

Quando ainda uma outra pessoa que tendo caído partiu um braço e deslocou o ombro, tenha, após ida às urgências, de esperar em casa três dias consecutivos para poder ser vista por um ortopedista, sendo-lhe dito na cara que só não ficava lá internada por falta de camas, peço saúde! 

Quando outros morrem em plenas ambulâncias por socorro não assegurado em tempo útil e tal se passa em plena cidade de Lisboa, peço saúde! 

Enfim, peço saúde para mim e para toda as pessoas que residam neste país, pois não desejo a ninguém ter de recorrer aos serviços de saúde hospitalar portugueses, sendo que recorrer a alguns deles é correr perigo!

É, pois, por isto mesmo que não consigo entender o cinismo militante de um Governo de 70 elementos todos muito felizes e contentes por apresentarem um Orçamento de Estado mentiroso e meramente elaborado para produzir efeitos estatísticos de puro ilusionismo ao prever um superavit ou excedente orçamental à custa do desprezo a que condenam os cidadãos.

Que políticos são estes que vêm cantar de galo estas barbaridades, quando têm o país a morrer por falta de cuidados médicos? E sabem-no! 

Que políticos são estes, quando o que orçamentam para a saúde não chega sequer para pagar a conta corrente anual com medicamentos? E sabem-no! 

Que políticos são estes que se marimbam para a situação miserável em que a saúde está mergulhada pelas suas próprias opções políticas e orientações estratégicas? E sabem-no! 

Com a saúde não se brinca, todos sempre o ouvimos dizer desde que nos lembramos de nós próprios, mas temos um Governo que com ela brinca e dela goza. E sabem-no!

"Há mais vida para além do orçamento." 

Disse uma vez um Presidente da República num discurso do 25 de Abril perante os deputados da nação no Parlamento e muito aplaudido pelas bancadas que hoje são as responsáveis pela nossa saúde e a quem dedico esta lembrança. 

A questão que coloco é o que diria hoje o Presidente Jorge Sampaio já que o actual PR nada diz? 

E o que dizem todos os Portugueses, além daqueles que por elas passam? Continuarão a achar – porque não é consigo – tudo isto normal e aceitável? Ou entendem que está na hora de, colectivamente, agirmos para pôr fim a esta hemorragia lamentável e a todos os títulos censurável?

O estado da nossa saúde é muito mau. Indisfarçávelmente mau. Razão pela qual toda a mensagem de Natal do Sr. Primeiro-Ministro andou à volta do SNS… Mas palavras leva-as o vento. É preciso agir e gastar dinheiro e, se necessário, pondo em causa excedentes orçamentais virtuais para combater os deficits de saúde reais. 

Pode começar o PM por colocar à frente do Ministério da Saúde alguém verdadeiramente capaz de resolver os problemas. Alguém destemido! 

A todos, sem excepção, desejo muita saúde para o novo ano de 2020!

Jurista