Euforia natalícia


A euforia natalícia não poderia ser mais bem canalizada para apoios a associações locais que vivem todo o ano de trabalho de voluntários ou na melhoria de uma escola, de uma creche, de um lar, de um centro de saúde, da enfermaria do hospital local? 


Depois dos cortes nos anos de crise multiplicam-se pelo país os certames natalícios. Se em tempos ser “aldeia presépio” era título de Piódão, não parece haver município que não se queira transfigurar em vila Natal e competir em pistas de gelo. É legítimo querer promover o comércio local e atrair visitantes, é bom para a economia e para o estado de espírito coletivo, mas tanto investimento no temporário dá que pensar – não seria o dinheiro público mais bem aplicado em apoios à população, a quem vive com mais dificuldades, e não em mais uma fila de luzes e carrosséis? A euforia natalícia não poderia ser mais bem canalizada para apoios a associações locais que vivem todo o ano de trabalho de voluntários ou na melhoria de uma escola, de uma creche, de um lar, de um centro de saúde, da enfermaria do hospital local? 

Em tempo de maior apelo à consciência ecológica, continua-se a promover de forma desenfreada o consumismo, como se não fosse no dia-a-dia que se altera um paradigma de consumo insustentável, para lá das expetativas que se depositam nos grandes planos e metas internacionais de cimeiras como a COP 25 ou o Pacto Ecológico Europeu, que esta quarta-feira será apresentado em Bruxelas. As promoções intensificam-se e quem não anda atento – ou não tem tempo para isso – paga caro: num dia, o brinquedo custa x, no outro dia está a um terço ou a metade do preço. Na dúvida, compra-se, nem que seja para ter mais um selo para o boneco, caderneta ou outro qualquer brinde da campanha em vigor, quase sempre dirigida aos mais novos. Não é exclusivo do Natal, mas também aqui a euforia natalícia poderia ser mais bem aproveitada pelas marcas e grandes superfícies para fazer diferente. Por cada 20 selos fariam um donativo a uma organização, por exemplo, em vez de mais um peluche. Com certeza há também muitas iniciativas solidárias e de responsabilidade social, e muitas intensificaram-se precisamente nos anos de mais dificuldades que o país atravessou no passado recente, mas anda-se nas ruas e às vezes há autênticos monumentos ao exagero de luzes e marketing, que teimam em ofuscar gestos bem mais simples e que podiam fazer a diferença.

Euforia natalícia


A euforia natalícia não poderia ser mais bem canalizada para apoios a associações locais que vivem todo o ano de trabalho de voluntários ou na melhoria de uma escola, de uma creche, de um lar, de um centro de saúde, da enfermaria do hospital local? 


Depois dos cortes nos anos de crise multiplicam-se pelo país os certames natalícios. Se em tempos ser “aldeia presépio” era título de Piódão, não parece haver município que não se queira transfigurar em vila Natal e competir em pistas de gelo. É legítimo querer promover o comércio local e atrair visitantes, é bom para a economia e para o estado de espírito coletivo, mas tanto investimento no temporário dá que pensar – não seria o dinheiro público mais bem aplicado em apoios à população, a quem vive com mais dificuldades, e não em mais uma fila de luzes e carrosséis? A euforia natalícia não poderia ser mais bem canalizada para apoios a associações locais que vivem todo o ano de trabalho de voluntários ou na melhoria de uma escola, de uma creche, de um lar, de um centro de saúde, da enfermaria do hospital local? 

Em tempo de maior apelo à consciência ecológica, continua-se a promover de forma desenfreada o consumismo, como se não fosse no dia-a-dia que se altera um paradigma de consumo insustentável, para lá das expetativas que se depositam nos grandes planos e metas internacionais de cimeiras como a COP 25 ou o Pacto Ecológico Europeu, que esta quarta-feira será apresentado em Bruxelas. As promoções intensificam-se e quem não anda atento – ou não tem tempo para isso – paga caro: num dia, o brinquedo custa x, no outro dia está a um terço ou a metade do preço. Na dúvida, compra-se, nem que seja para ter mais um selo para o boneco, caderneta ou outro qualquer brinde da campanha em vigor, quase sempre dirigida aos mais novos. Não é exclusivo do Natal, mas também aqui a euforia natalícia poderia ser mais bem aproveitada pelas marcas e grandes superfícies para fazer diferente. Por cada 20 selos fariam um donativo a uma organização, por exemplo, em vez de mais um peluche. Com certeza há também muitas iniciativas solidárias e de responsabilidade social, e muitas intensificaram-se precisamente nos anos de mais dificuldades que o país atravessou no passado recente, mas anda-se nas ruas e às vezes há autênticos monumentos ao exagero de luzes e marketing, que teimam em ofuscar gestos bem mais simples e que podiam fazer a diferença.