Catalunha. Os ricos não querem pagar a crise


Como é que metade da população da Catalunha pode determinar o futuro de muitos mais milhões de espanhóis? Tudo é muito estranho, num povo que está há séculos integrado numa nação. 


A situação da Catalunha é explosiva e pode ser um drama para milhões de famílias. Há de tudo, desde pais que defendem a continuação na Espanha a filhos que querem a independência. Dos problemas familiares passamos para os da Espanha e da Europa. Se uma das regiões mais ricas do país quer a independência, o que se seguirá? Além de ser uma evidente falta de solidariedade para com as regiões mais pobres, o que levará os catalães a não quererem um referendo nacional? Mas desde quando é que um divórcio só inclui uma das partes? Parece-me, pois, óbvio que todos os espanhóis devem pronunciar-se sobre a pretensão de metade dos catalães, já que há, segundo se calcula, 50% que não querem a independência.

Como é que metade da população da Catalunha pode determinar o futuro de muitos mais milhões de espanhóis? Tudo é muito estranho, num povo que está há séculos integrado numa nação.

Se o Governo central aceitar tudo, é natural que outras regiões que também têm uma língua própria queiram seguir o mesmo caminho, abrindo portas para a desintegração total da Espanha. O que farão os bascos, que lutam há tantos anos pela independência, com os seus atentados contra alvos militares mas que vitimaram muitos civis? É certo que a ETA, supostamente, desistiu da luta, mas com os recentes acontecimentos poderá rapidamente juntar-se à festa. Também é óbvio que a condenação dos líderes do movimento que exige a independência parece exagerada e a justiça podia ter tido o bom senso de perceber que estava a julgar um dos casos mais complicados das últimas décadas. A separação de poderes é totalmente louvável, mas os juízes deviam ter percebido que uma pena bem mais leve poderia ter contribuído para um clima mais pacífico. Quanto à Europa, será que outras regiões ricas quererão a independência? O norte de Itália vai querer separar-se do sul? Não faltam exemplos de regiões europeias que podem querer seguir o mesmo caminho…