O adeus à Europa


AS EQUIPAS PORTUGUESAS despediram-se das competições europeias sem honra nem glória. Depois de Sérgio Conceição ter antecipado uma “reviravolta histórica” no Dragão, superando os 0-2 de Liverpool, o FC Porto baqueou com um rotundo 1-4.


Conceição, que deu uma nova alma ao Porto, há que reconhecê-lo, não pode fazer certas afirmações em público. Falar em “reviravolta histórica”, e depois perder por 4-1, tem o seu quê de caricato.

Os treinadores têm de ter um discurso para dentro do balneário e outro para fora, para as televisões. Têm de separar o que dizem para os media do ambiente que se vive internamente.

Depois destes 4-1, quem vai acreditar no que disser Sérgio Conceição quando acontecer outro resultado negativo? Com estas afirmações desajustadas, os treinadores desacreditam o seu discurso público.

MAS O BENFICA também não pode rir do seu rival. Partindo para Frankfurt com uma vantagem de dois golos, não teve ambição para a ampliar nem foi capaz de a conservar. Assustou-se quando sofreu o primeiro golo, mostrou falta de maturidade, só acordou quando sofreu o segundo – mas era tarde.

É verdade que se pode queixar do árbitro, mas isso não esconde a fraca atitude da equipa, que tem vindo em queda. Perdeu a alegria de jogar das primeiras semanas de Bruno Lage. 

O mesmo, aliás, se passa com o Porto, que vai vencendo a nível interno sem convencer. A sofrida vitória por 1-0 contra o Santa Clara – que também demonstrou uma estranha falta de ambição, trocando a bola na defesa e linha média quando o jogo estava nos descontos e exigia um futebol direto… – foi bem o espelho dessa quebra portista.

A EUROPA SEM EQUIPAS portuguesas e quase sem jogadores portugueses, quase todos eliminados – de Ronaldo a Bernardo Silva – entra na fase final.

Na Champions, a grande surpresa é o Ajax – que depois de eliminar o Real em Madrid elimina a Juventus em Turim. Quase inacreditável. Mas só surpreendente para quem não o viu jogar.

Após o empate por 1-1 com a Juventus na Holanda, eu disse aos meus amigos que o Ajax era favorito na eliminatória. Confirmou-se. E só não conseguiu uma goleada histórica em Itália porque falhou golos fáceis, passando a bola diante da baliza em vez de rematar.

O AJAX É POSSIVELMENTE neste momento a equipa que pratica o melhor futebol na Europa. Sem jogadores famosos, sem estrelas, tem uma impressionante personalidade, que a leva a jogar do mesmo modo em casa ou fora – mostrando que a dificuldade de jogar fora é perfeitamente superável. Fazendo girar a bola através de movimentos perfeitos, só peca na concretização: parece tão viciada no passe que se esquece de chutar à baliza.

Salvo algum imprevisto, teremos uma final Ajax- Barcelona. Será um espetáculo de luxo.

O adeus à Europa


AS EQUIPAS PORTUGUESAS despediram-se das competições europeias sem honra nem glória. Depois de Sérgio Conceição ter antecipado uma “reviravolta histórica” no Dragão, superando os 0-2 de Liverpool, o FC Porto baqueou com um rotundo 1-4.


Conceição, que deu uma nova alma ao Porto, há que reconhecê-lo, não pode fazer certas afirmações em público. Falar em “reviravolta histórica”, e depois perder por 4-1, tem o seu quê de caricato.

Os treinadores têm de ter um discurso para dentro do balneário e outro para fora, para as televisões. Têm de separar o que dizem para os media do ambiente que se vive internamente.

Depois destes 4-1, quem vai acreditar no que disser Sérgio Conceição quando acontecer outro resultado negativo? Com estas afirmações desajustadas, os treinadores desacreditam o seu discurso público.

MAS O BENFICA também não pode rir do seu rival. Partindo para Frankfurt com uma vantagem de dois golos, não teve ambição para a ampliar nem foi capaz de a conservar. Assustou-se quando sofreu o primeiro golo, mostrou falta de maturidade, só acordou quando sofreu o segundo – mas era tarde.

É verdade que se pode queixar do árbitro, mas isso não esconde a fraca atitude da equipa, que tem vindo em queda. Perdeu a alegria de jogar das primeiras semanas de Bruno Lage. 

O mesmo, aliás, se passa com o Porto, que vai vencendo a nível interno sem convencer. A sofrida vitória por 1-0 contra o Santa Clara – que também demonstrou uma estranha falta de ambição, trocando a bola na defesa e linha média quando o jogo estava nos descontos e exigia um futebol direto… – foi bem o espelho dessa quebra portista.

A EUROPA SEM EQUIPAS portuguesas e quase sem jogadores portugueses, quase todos eliminados – de Ronaldo a Bernardo Silva – entra na fase final.

Na Champions, a grande surpresa é o Ajax – que depois de eliminar o Real em Madrid elimina a Juventus em Turim. Quase inacreditável. Mas só surpreendente para quem não o viu jogar.

Após o empate por 1-1 com a Juventus na Holanda, eu disse aos meus amigos que o Ajax era favorito na eliminatória. Confirmou-se. E só não conseguiu uma goleada histórica em Itália porque falhou golos fáceis, passando a bola diante da baliza em vez de rematar.

O AJAX É POSSIVELMENTE neste momento a equipa que pratica o melhor futebol na Europa. Sem jogadores famosos, sem estrelas, tem uma impressionante personalidade, que a leva a jogar do mesmo modo em casa ou fora – mostrando que a dificuldade de jogar fora é perfeitamente superável. Fazendo girar a bola através de movimentos perfeitos, só peca na concretização: parece tão viciada no passe que se esquece de chutar à baliza.

Salvo algum imprevisto, teremos uma final Ajax- Barcelona. Será um espetáculo de luxo.