Para que serve o VAR?


Sou do Belenenses, pelo que neste momento tenho dois clubes: um que joga naqueles campeonatos que ninguém vê e outro que está na divisão principal mas não pode usar o emblema (a Cruz de Cristo, que foi sugerida aos fundadores pela minha avó materna). Além disso, tenho estima por Jorge Jesus – e quando ele…


Mas o Belenenses esfrangalhou-se, Jesus foi para o estrangeiro, e hoje sou um espetador de futebol bastante isento. Há, porém, uma coisa que me faz vibrar e me indigna: as injustiças. Os erros de arbitragem incompreensíveis.

Recordo um golo anulado ao Benfica num jogo contra o Porto, para a Taça da Liga, por fora de jogo que não existiu.

Recordo um penálti marcado contra o Braga, num jogo com o Porto, por pretensa falta sobre Militão que só o árbitro viu.

Recordo um penálti marcado contra o Boavista, mais uma vez num jogo com o Porto, por simulação de Brahimi. Na repetição foi evidente um ‘truque’ em que Brahimi é, aliás, exímio: correndo ao lado do defesa contrário, meteu o pé em gancho entre as pernas deste, forçando a queda.

Antes da existência do VAR, estes erros eram admissíveis. Não havia a possibilidade de rever as jogadas, pelo que prevalecia a visão instantânea do árbitro ou do fiscal de linha. Mas, depois da introdução do VAR, é inexplicável que eles ocorram.

Devo dizer que, naqueles três lances que referi, a impressão que tive à primeira vista foi aquela que as repetições confirmaram: não houve fora de jogo, não houve faltas. O golo do Benfica foi mal anulado e os penáltis contra Braga e Boavista foram mal assinalados.

Ora, nestes três casos, há um protagonista comum: o FC Porto. Em todos, foi ele o beneficiado. E isto levanta suspeitas. Não necessariamente de corrupção – mas de condicionamento dos árbitros. É de admitir que haja neste momento mecanismos de coação sobre os árbitros que os predisponham a favorecer o Porto. E esses mecanismos podem nem vir do clube mas de grupos ou de pessoas afetas ao clube: das claques, de adeptos mais ou menos influentes.

Mas no meio disto para que serve o VAR?

Nos lances mais decisivos dos jogos, os penáltis, o VAR tem pouca influência, pois aí acaba por prevalecer o critério subjetivo do árbitro – que pode ver empurrões ou rasteiras inexistentes, como a falta cavada por Brahimi.

Pelo contrário, nas jogadas dos golos, ao rever os lances desde o início, inventa por vezes foras de jogo onde eles não existem – ou existem por centímetros, o que devia ser irrelevante –, invalidando golos bonitos que são o sal do futebol.

 Assim, o VAR não vale a pena. Mais: prevejo que, a seguir por este caminho, o VAR vai matar o futebol. Tirou-lhe a espontaneidade e não elimina muitos dos erros de arbitragem.


Para que serve o VAR?


Sou do Belenenses, pelo que neste momento tenho dois clubes: um que joga naqueles campeonatos que ninguém vê e outro que está na divisão principal mas não pode usar o emblema (a Cruz de Cristo, que foi sugerida aos fundadores pela minha avó materna). Além disso, tenho estima por Jorge Jesus – e quando ele…


Mas o Belenenses esfrangalhou-se, Jesus foi para o estrangeiro, e hoje sou um espetador de futebol bastante isento. Há, porém, uma coisa que me faz vibrar e me indigna: as injustiças. Os erros de arbitragem incompreensíveis.

Recordo um golo anulado ao Benfica num jogo contra o Porto, para a Taça da Liga, por fora de jogo que não existiu.

Recordo um penálti marcado contra o Braga, num jogo com o Porto, por pretensa falta sobre Militão que só o árbitro viu.

Recordo um penálti marcado contra o Boavista, mais uma vez num jogo com o Porto, por simulação de Brahimi. Na repetição foi evidente um ‘truque’ em que Brahimi é, aliás, exímio: correndo ao lado do defesa contrário, meteu o pé em gancho entre as pernas deste, forçando a queda.

Antes da existência do VAR, estes erros eram admissíveis. Não havia a possibilidade de rever as jogadas, pelo que prevalecia a visão instantânea do árbitro ou do fiscal de linha. Mas, depois da introdução do VAR, é inexplicável que eles ocorram.

Devo dizer que, naqueles três lances que referi, a impressão que tive à primeira vista foi aquela que as repetições confirmaram: não houve fora de jogo, não houve faltas. O golo do Benfica foi mal anulado e os penáltis contra Braga e Boavista foram mal assinalados.

Ora, nestes três casos, há um protagonista comum: o FC Porto. Em todos, foi ele o beneficiado. E isto levanta suspeitas. Não necessariamente de corrupção – mas de condicionamento dos árbitros. É de admitir que haja neste momento mecanismos de coação sobre os árbitros que os predisponham a favorecer o Porto. E esses mecanismos podem nem vir do clube mas de grupos ou de pessoas afetas ao clube: das claques, de adeptos mais ou menos influentes.

Mas no meio disto para que serve o VAR?

Nos lances mais decisivos dos jogos, os penáltis, o VAR tem pouca influência, pois aí acaba por prevalecer o critério subjetivo do árbitro – que pode ver empurrões ou rasteiras inexistentes, como a falta cavada por Brahimi.

Pelo contrário, nas jogadas dos golos, ao rever os lances desde o início, inventa por vezes foras de jogo onde eles não existem – ou existem por centímetros, o que devia ser irrelevante –, invalidando golos bonitos que são o sal do futebol.

 Assim, o VAR não vale a pena. Mais: prevejo que, a seguir por este caminho, o VAR vai matar o futebol. Tirou-lhe a espontaneidade e não elimina muitos dos erros de arbitragem.