O Alentejo é assim tão grande?


O alerta já tinha sido dado pelas Nações Unidas no início do ano, quando avisaram que há indícios de que esteja aumentar o tráfico de pessoas. No relatório elaborado a nível global com dados de 2016 apurou-se um recorde de 25 mil casos, o número mais elevado dos últimos 13 anos. Se, por um lado, as…


O alerta já tinha sido dado pelas Nações Unidas no início do ano, quando avisaram que há indícios de que esteja aumentar o tráfico de pessoas. No relatório elaborado a nível global com dados de 2016 apurou-se um recorde de 25 mil casos, o número mais elevado dos últimos 13 anos. Se, por um lado, as autoridades parecem estar a conseguir detetar mais vítimas, o que faz subir as estatísticas, este é um fenómeno que tem de ser mais bem enquadrado e analisado pelas autoridades nacionais e que é alimentado pela impunidade nos países onde esse trabalho é mais incipiente, dizia a ONU.

O Relatório Anual de Segurança Internacional (RASI) de 2018 revela que também por cá estão a aumentar os casos sinalizados. Em 2018 foram detetadas 168 presumíveis vítimas de tráfico humano no país, mais 12% do que no ano anterior, e ainda 35 casos em que Portugal foi país de origem ou de trânsito. A maioria das vítimas são adultos, mas foram também sinalizadas 30 crianças e jovens, com as autoridades a defender que o tráfico de menores para adoção e para exploração sexual ou laboral exige um reforço de controlo nas fronteiras aéreas.

Apesar de haver novas medidas e protocolos em curso, o Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras tem alertado sistematicamente para a falta de meios. Ontem, perante o anúncio de 55 inspetores nos aeroportos, Acácio Pereira, dirigente do sindicato, tornou a denunciar uma “política da manta curta”, avisando que ao deslocar mais inspetores para os aeroportos se vai destapar outras áreas, nomeadamente as investigações relacionadas com tráfico humano em todo o território.

No RASI é destacado o tráfico para efeitos de exploração laboral, com as autoridades a descreverem o recrutamento para campanhas sazonais de trabalhadores de países de leste, Paquistão, Nepal e Índia, designadamente para a apanha da azeitona ou da laranja. “Identifica-se dificuldades de deteção face à extensão geográfica envolvida, normalmente no Alentejo e na região oeste do país”, lê-se no relatório.

Será o Alentejo assim tão grande para se aceitar que continue a haver pessoas exploradas em território nacional enquanto se vão repetindo os alertas sobre falta de meios? 

 


O Alentejo é assim tão grande?


O alerta já tinha sido dado pelas Nações Unidas no início do ano, quando avisaram que há indícios de que esteja aumentar o tráfico de pessoas. No relatório elaborado a nível global com dados de 2016 apurou-se um recorde de 25 mil casos, o número mais elevado dos últimos 13 anos. Se, por um lado, as…


O alerta já tinha sido dado pelas Nações Unidas no início do ano, quando avisaram que há indícios de que esteja aumentar o tráfico de pessoas. No relatório elaborado a nível global com dados de 2016 apurou-se um recorde de 25 mil casos, o número mais elevado dos últimos 13 anos. Se, por um lado, as autoridades parecem estar a conseguir detetar mais vítimas, o que faz subir as estatísticas, este é um fenómeno que tem de ser mais bem enquadrado e analisado pelas autoridades nacionais e que é alimentado pela impunidade nos países onde esse trabalho é mais incipiente, dizia a ONU.

O Relatório Anual de Segurança Internacional (RASI) de 2018 revela que também por cá estão a aumentar os casos sinalizados. Em 2018 foram detetadas 168 presumíveis vítimas de tráfico humano no país, mais 12% do que no ano anterior, e ainda 35 casos em que Portugal foi país de origem ou de trânsito. A maioria das vítimas são adultos, mas foram também sinalizadas 30 crianças e jovens, com as autoridades a defender que o tráfico de menores para adoção e para exploração sexual ou laboral exige um reforço de controlo nas fronteiras aéreas.

Apesar de haver novas medidas e protocolos em curso, o Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras tem alertado sistematicamente para a falta de meios. Ontem, perante o anúncio de 55 inspetores nos aeroportos, Acácio Pereira, dirigente do sindicato, tornou a denunciar uma “política da manta curta”, avisando que ao deslocar mais inspetores para os aeroportos se vai destapar outras áreas, nomeadamente as investigações relacionadas com tráfico humano em todo o território.

No RASI é destacado o tráfico para efeitos de exploração laboral, com as autoridades a descreverem o recrutamento para campanhas sazonais de trabalhadores de países de leste, Paquistão, Nepal e Índia, designadamente para a apanha da azeitona ou da laranja. “Identifica-se dificuldades de deteção face à extensão geográfica envolvida, normalmente no Alentejo e na região oeste do país”, lê-se no relatório.

Será o Alentejo assim tão grande para se aceitar que continue a haver pessoas exploradas em território nacional enquanto se vão repetindo os alertas sobre falta de meios?