Há umas semanas demos conta no i da demora no atendimento no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, um problema de falta de meios há muito denunciado e que persiste, com esperas de meses para tratar de vistos de residência. Há agendamentos a serem feitos para o verão.
Nos últimos dias, os relatos sobre as filas para os balcões de atendimento do Instituto da Mobilidade e dos Transportes tornaram-se incontornáveis. Em Lisboa e Faro, as filas ocupam o quarteirão e é preciso ir para a rua de madrugada para conseguir vez – e, às vezes, tentar uns quantos dias seguidos. É um incómodo (com custos em tempo e deslocações) que seria evitável se os serviços estivessem dimensionados para a procura, que em muitos casos não é assim tão imprevisível.
Nos últimos anos tem havido melhorias nos agendamentos de alguns serviços, até com marcações online, horários alargados, inclusive ao fim de semana, mas nalgumas áreas é notório que o que falta são funcionários e uma organização mais ágil e realista.
O cenário está longe de ser exclusivo destes organismos: as filas à porta das lojas do cidadão, Segurança Social, conservatórias, centros de saúde ou centros de emprego são um registo habitual, com uma certa conformação de que é assim que funciona. Num supermercado, quando há caixas fechadas e as filas começam a entrar corredor dentro, não há contemplações e toda a gente opina sobre a gestão e o patrão, que não mete pessoas.
Os mais indignados não descansam enquanto não vêm abrir uma nova caixa: a loja também não quer confusão e, sobretudo, não deve querer perder clientes. Nos serviços públicos, como não há alternativa, não há grande pressa. A questão é que não são só as pessoas que se chateiam, são os funcionários que levam com insultos e ficam vulneráveis a situações de burnout. Noutro dia, numa dessas enchentes de supermercado, ouvi protestar: “É que nós, para o médico, vamos preparados para perder o dia; aqui, não.” Talvez a exigência tenha de ser a mesma em todo o lado para mudar o cenário.