França. Popularidade de Macron sofre nova queda

França. Popularidade de Macron sofre nova queda


Os coletes amarelos perderam força, mas o chefe de Estado fica cada vez mais isolado na sociedade


A popularidade do presidente francês, Emmanuel Macron, voltou novamente a descer para níveis históricos. Segundo uma sondagem encomendada pelo jornal francês “Journal Du Dimanche”, a popularidade do chefe de Estado voltou a cair mais dois pontos percentuais, ficando em 23%. Já os franceses “muito insatisfeitos” com o líder subiram para os 45%, um aumento de seis pontos. Uma outra sondagem, da Ipsos e publicada na quarta-feira passada, apresenta um cenário ainda mais desfavorável para Macron: apenas 20% dos inquiridos estão satisfeitos com os 19 meses da sua presidência. 

Números que contrastam com a diminuição de intensidade dos protestos dos coletes amarelos deste sábado. Ao contrário das semanas anteriores, quando mais de 100 mil pessoas protestavam por todo o país, pouco mais de 60 mil saíram às ruas este sábado – com um dispositivo de 69 mil elementos das forças de segurança. Em Paris, os cerca de dois mil manifestantes foram largamente ultrapassados em número pela polícia, que destacou oito mil agentes, acompanhados de 14 veículos blindados, para a área do Palácio do Eliseu. Em contraste com o sábado de 8 de dezembro, quando foram detidas mais de mil pessoas, a polícia apenas deteve 168 este sábado. 

“[A situação] Está a acalmar, mas o que resta é um forte sentimento de ódio contra Macron”, explicou Herve Le Bras, sociólogo da Escola  de Estudos Avançados em Ciências Sociais, à AFP. 

Para acalmar – e dividir o movimento – Macron anunciou na semana passada um aumento de 100 euros no salário mínimo nacional, o cancelamento das taxas sobre as pensões para quem receba menos de dois mil euros e um debate público sobre impostos e reformas económicas, abrindo brechas dentro dos coletes amarelos. Uns, mais radicais, querem continuar a protestar nas ruas, enquanto outros defendem a via do diálogo com a presidência. 

Além disso, os protestos dos coletes amarelos ficaram muito conotados com a violência de alguns dos seus elementos, retirando-lhe legitimidade aos olhos da população, que até então apoiava maioritariamente o movimento e as suas reivindicações – primeiro contra o aumento dos impostos aos combustíveis e, depois, sobre o aumento do salário mínimo, contratação coletiva, entre outras. Os grafitis que se viram no sábado de 1 de dezembro no Arco do Triunfo chocou os franceses, por exemplo. 

Ainda assim, o movimento dos coletes amarelos extravasou fronteiras e inspirou réplicas noutros países – incluindo Portugal.