A notícia surgiu que nem uma bomba: um avião estava desgovernado, para simplificar a linguagem, e não poderia aterrar no aeroporto de Lisboa, depois de ter levantado voo de Alverca, onde esteve a ser reparado, e de andar às voltas pelos céus da capital. O piloto chegou a pedir autorização para amarar no Tejo, mas essa ideia rapidamente foi colocada de lado por força dos conselhos da Força Aérea. Depois, todas as pessoas tiveram a hipótese de acompanhar a trajetória do avião através de um site especializado que mostra os aviões, em tempo real, que voam pelos céus do mundo. Algumas televisões levaram algum tempo a descobrir esse site mas, em Portugal, todos aqueles que queriam seguir a trajetória do aparelho podiam ir ao site flightradar24.com. Houve um momento em que o avião desapareceu dos radares, mas rapidamente voltou a aparecer, havendo, pelo que percebi, o bom senso generalizado de não se falar em tragédia antes da confirmação da mesma que, felizmente, não ocorreu.
Quando o avião sobrevoava a pista do aeroporto de Beja, estava por perto um jornalista do “Jornal de Notícias” que filmou as tentativas falhadas de aterragem, que só conseguiu à terceira aproximação à pista. Por acaso era um jornalista que, calculo, seja correspondente do jornal. Mas poderia ser perfeitamente um daqueles apaixonados por aviões que vão fotografá-los e filmá-los nos momentos de aterragem e descolagem.
É óbvio que a informação, hoje, não vive sem o contributo de pessoas que assistem ao vivo aos acontecimentos e são muitas vezes elas que fazem de jornalistas. Há uns anos, não haveria imagens do avião das linhas do Cazaquistão e os jornais do fim de semana seguinte ainda trariam grandes novidades. Hoje, as imagens aparecem em direto e todos somos operadores de câmara e jornalistas.
Aos média cabe, cada vez mais, explicar o que se passou. Os sites e as redes sociais estão no fio da navalha e, muitas vezes, comem gato por lebre. É isso que os jornalistas têm de combater.