Políticos fazem a cama onde se vão deitar


Mas os políticos ainda não perceberam que o mundo mudou e que as golpadas do antigamente vão acabar mal? Que é muito difícil esconder para sempre uma mentira ou comportamentos éticos pouco recomendáveis?


Muito se tem falado nos últimos tempos sobre o crescimento do populismo e do perigo do aparecimento de figuras extremistas, vulgo extrema- -direita, embora se fale muito menos nos perigos da extrema-esquerda, como se existisse alguma diferença… No entanto, é notório que a extrema- -direita tem ganho espaço e visibilidade no mundo e são cada vez mais aqueles que acreditam que esses vendedores da “pureza” mudarão as suas vidas. O que, como sabemos, não augura nada de bom.

Muito se tem falado em fake news, no peso das redes sociais manipuladas por russos ou extraterrestres, e que é por essas razões e mais algumas que as pessoas deixam de acreditar nos políticos tradicionais, vulgo esquerda e direita tradicional. Mas o que dizer de políticos que dão uma morada diferente daquela onde realmente vivem para irem buscar mais uns cobres ao erário público? E o que dizer de deputados, e não é só o secretário-geral do PSD, que marcam presença ou alguém por eles em sessões onde não estão?

No caso de José Silvano, a história é verdadeiramente surreal e Rui Rio bem pode falar alemão, mandarim, russo ou árabe que o episódio não deixa de ser lamentável. Como é possível que alguém que defende um banho de ética na política esteja rodeado de casos muito pouco claros? Mas os políticos ainda não perceberam que o mundo mudou e que as golpadas do antigamente vão acabar mal? Que é muito difícil esconder para sempre uma mentira ou comportamentos éticos pouco recomendáveis?

É certo que já ninguém se lembra dos casos dos assessores das câmaras e da Assembleia da República que representam um verdadeiro escândalo de encapotamento de favores – não todos, como é óbvio, mas num número considerável. Poucos já querem saber dos vários deputados que ganham dinheiro com ajudas de custo que não justificam, a não ser com moradas e viagens falsas. Onde é que isto tudo nos vai levar? Ao populismo barato de uns tantos “tangarolas” que vão vender a tal “pureza” contra esta forma de fazer política.