Por Marielle, por todas nós: #EleNão


Bandeiras negras agitam-se sobre o Brasil, e é contra elas que cresce o policromático #EleNão, #EleNunca e as #mulherescontraBolsonaro


Nas últimas semanas um hashtag tornou-se nas redes sociais do mundo inteiro. Foi slogan de eventos com milhões de adesões, deu mote a vídeos de artistas como a Madonna, fotografias e tweets de apoio lançados por gente mais ou menos anónima. No Brasil, mulheres artistas desafiam outras a declarar apoio à campanha #EleNão.

Mas quem é ele?

Jair Messias Bolsonaro era um deputado brasileiro relativamente desconhecido em Portugal até ao dia da votação do impeachment da presidente Dilma Roussef no congresso brasileiro, a 17 de abril de 2015. A sua declaração de voto ergueu a bandeira negra do fascismo entre os que defendiam o golpe: “Perderam em 1964, perderam agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em salas de aula que o PT nunca teve. Contra o comunismo, pela nossa liberdade. Pela memória do Col. Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”.

Bolsonaro, capitão do exército na reserva, sabia bem a quem dedicava o seu voto. Carlos Alberto Brilhante Ustra dirigiu o DOI-CODI, a PIDE da ditadura militar brasileira, durante 3 anos em que pelo menos 50 pessoas morreram e mais de 300 pessoas foram torturadas, entre elas Dilma Rousseff. Num retrato feito pelo El País, “quem saiu vivo, ou foi mutilado ou saiu com uma cicatriz eterna pela sádica violência aplicada sob comando de Ustra. Dava ordens, mapeava os movimentos de militantes, estabelecia as táticas para que sua equipe pudesse capturá-los e chegar aos líderes. “A especialidade deles era violentar e torturar mulheres”.

A lista de declarações repugnantes proferidas por Bolsonaro é interminável, sobretudo quando se dirige a mulheres, negros ou LGBT+. Foi capaz de berrar em pleno congresso que não violava a deputada Maria do Rosário (do PT) porque ela não merecia. Num programa de televisão, afirmou que os seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra ou “virarem gays”, porque "foram muito bem educados". É o autor do aviso "Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater” e acha que  as mulheres devem ganhar menos do que os homens “porque engravidam”.

O ultra-conservador Jair Bolsonaro é agora um dos candidatos com possibilidades de passar à segunda volta nas eleições presidenciais de outubro. Em seu apoio centenas de paramilitares marcham nas ruas do Rio de Janeiro e tanques do exército desfilam em Copacabana. Bandeiras negras agitam-se sobre o Brasil, e é contra elas que cresce o policromático #EleNão, #EleNunca e as #mulherescontraBolsonaro.

A partir destas mobilizações foram convocadas concentrações simultâneas em centenas de cidades para o dia 29 de setembro. Hoje o #elenão já soma 2,5 milhões de mulheres na redes unidas pelos valores da democracia, apesar das ameaças e ataques violentos contra algumas ativistas.

A ligação desta mobilização com o pedido de justiça por Marielle Franco é evidente. O apelo à mobilização de “nós mulheres, imigrantes, negras, indígenas, trans e demais companheiras de diferentes nacionalidades e crenças” convoca para a primeira linha de resistência as principais vítimas da violência racista, misógina, homofóbica, gratuita, representada por Bolsonaro. No Brasil de 2018, #LuteComoMarielleFranco é um apelo à coragem.

Ontem, um grupo de deputadas portuguesas juntou-se à campanha internacional de solidariedade com as mulheres que no Brasil lançaram esta frente de luta contra o avanço do fascismo. Com a presença da Mônica Tereza Benício, viúva de Marielle, dissemos que as mulheres de cá têm alguma coisa a dizer às mulheres de lá: estamos juntas. Como já estivemos com as mulheres norte-americanas contra Trump e estaremos sempre que um candidato queira fazer da violência de género política de Estado. Por Marielle e por todas nós.

Quer isto dizer que só as mulheres estão convocadas para as concentrações de dia 29? Nem pensar. Resistir ao avanço da extrema-direita é tarefa atual de todas e todos democratas em todo o mundo. E por isso desengane-se quem acha que isso se faz sem movimentos de mulheres.

Sábado, 29 de setembro: Lisboa: Praça Luís de Camões,16h; Porto: Praça dos Leões,15h; Coimbra: Praça 8 de Maio, 16h


Por Marielle, por todas nós: #EleNão


Bandeiras negras agitam-se sobre o Brasil, e é contra elas que cresce o policromático #EleNão, #EleNunca e as #mulherescontraBolsonaro


Nas últimas semanas um hashtag tornou-se nas redes sociais do mundo inteiro. Foi slogan de eventos com milhões de adesões, deu mote a vídeos de artistas como a Madonna, fotografias e tweets de apoio lançados por gente mais ou menos anónima. No Brasil, mulheres artistas desafiam outras a declarar apoio à campanha #EleNão.

Mas quem é ele?

Jair Messias Bolsonaro era um deputado brasileiro relativamente desconhecido em Portugal até ao dia da votação do impeachment da presidente Dilma Roussef no congresso brasileiro, a 17 de abril de 2015. A sua declaração de voto ergueu a bandeira negra do fascismo entre os que defendiam o golpe: “Perderam em 1964, perderam agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em salas de aula que o PT nunca teve. Contra o comunismo, pela nossa liberdade. Pela memória do Col. Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”.

Bolsonaro, capitão do exército na reserva, sabia bem a quem dedicava o seu voto. Carlos Alberto Brilhante Ustra dirigiu o DOI-CODI, a PIDE da ditadura militar brasileira, durante 3 anos em que pelo menos 50 pessoas morreram e mais de 300 pessoas foram torturadas, entre elas Dilma Rousseff. Num retrato feito pelo El País, “quem saiu vivo, ou foi mutilado ou saiu com uma cicatriz eterna pela sádica violência aplicada sob comando de Ustra. Dava ordens, mapeava os movimentos de militantes, estabelecia as táticas para que sua equipe pudesse capturá-los e chegar aos líderes. “A especialidade deles era violentar e torturar mulheres”.

A lista de declarações repugnantes proferidas por Bolsonaro é interminável, sobretudo quando se dirige a mulheres, negros ou LGBT+. Foi capaz de berrar em pleno congresso que não violava a deputada Maria do Rosário (do PT) porque ela não merecia. Num programa de televisão, afirmou que os seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra ou “virarem gays”, porque "foram muito bem educados". É o autor do aviso "Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater” e acha que  as mulheres devem ganhar menos do que os homens “porque engravidam”.

O ultra-conservador Jair Bolsonaro é agora um dos candidatos com possibilidades de passar à segunda volta nas eleições presidenciais de outubro. Em seu apoio centenas de paramilitares marcham nas ruas do Rio de Janeiro e tanques do exército desfilam em Copacabana. Bandeiras negras agitam-se sobre o Brasil, e é contra elas que cresce o policromático #EleNão, #EleNunca e as #mulherescontraBolsonaro.

A partir destas mobilizações foram convocadas concentrações simultâneas em centenas de cidades para o dia 29 de setembro. Hoje o #elenão já soma 2,5 milhões de mulheres na redes unidas pelos valores da democracia, apesar das ameaças e ataques violentos contra algumas ativistas.

A ligação desta mobilização com o pedido de justiça por Marielle Franco é evidente. O apelo à mobilização de “nós mulheres, imigrantes, negras, indígenas, trans e demais companheiras de diferentes nacionalidades e crenças” convoca para a primeira linha de resistência as principais vítimas da violência racista, misógina, homofóbica, gratuita, representada por Bolsonaro. No Brasil de 2018, #LuteComoMarielleFranco é um apelo à coragem.

Ontem, um grupo de deputadas portuguesas juntou-se à campanha internacional de solidariedade com as mulheres que no Brasil lançaram esta frente de luta contra o avanço do fascismo. Com a presença da Mônica Tereza Benício, viúva de Marielle, dissemos que as mulheres de cá têm alguma coisa a dizer às mulheres de lá: estamos juntas. Como já estivemos com as mulheres norte-americanas contra Trump e estaremos sempre que um candidato queira fazer da violência de género política de Estado. Por Marielle e por todas nós.

Quer isto dizer que só as mulheres estão convocadas para as concentrações de dia 29? Nem pensar. Resistir ao avanço da extrema-direita é tarefa atual de todas e todos democratas em todo o mundo. E por isso desengane-se quem acha que isso se faz sem movimentos de mulheres.

Sábado, 29 de setembro: Lisboa: Praça Luís de Camões,16h; Porto: Praça dos Leões,15h; Coimbra: Praça 8 de Maio, 16h