Nós, por cá, todos bem


O governo vai governando à vista, como convém. A oposição opõe-se, mas pouco


“Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
Linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal…”
Alexandre O’Neill

Há frases que marcam a nossa História.

A que reproduzo hoje para título desta crónica foi pronunciada vezes sem conta pelos soldados portugueses que combatiam em África, nas suas mensagens de Natal. Sossegavam assim as famílias e davam ânimo a eles próprios.

Seguia-se normalmente a despedida: “Adeus, até ao meu regresso.” 

Nem todos, como sabemos, regressaram.

Lembrei-me desta frase para retratar uma situação bem diversa, bem menos trágica, felizmente, mas também preocupante.

Estamos no verão, embora tímido. Para muitos, o gozo das férias. 

A seleção de futebol já saiu do Mundial. O folhetim Sporting parece ter acabado. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.

Na política nacional, os setores vitais da sociedade, educação, saúde e justiça, estão em ebulição. Profissionais dos três setores manifestam-se e entram em greve. Na justiça, até os juízes ameaçam paralisar. 

Os parceiros que têm sustentado este governo, PCP e BE, ameaçam abrir hostilidades contra o executivo. Claro que não passam de ameaças, com vista a algumas vitórias no Orçamento do Estado que satisfaçam os respetivos eleitorados. 

O governo, quase a ir a banhos, promete não ceder, enquanto negoceia às escondidas. Entretanto vai piscando também o olho ao PSD, não vá o diabo tecê-las. Mas, publicamente, António Costa lá vai garantindo que quer conservar os companheiros que o colocaram no poder.

Para já, o tempo está a ajudar e os incêndios ainda não começaram.

Estamos, portanto, a viver a paz podre que, por vezes, antecede as guerras. Mas, por cá, tudo parece estar tranquilo.
O governo vai governando à vista, como convém. A oposição opõe-se, mas pouco. 

Com o país a entrar de férias, se o tempo ajudar e não acontecerem desgraças como as do ano passado, “lá vamos andando como Deus quer”.

Quando algum estrangeiro nos perguntar como estamos, lá vamos responder de imediato: “Nós, por cá, todos bem!”

Jornalista


Nós, por cá, todos bem


O governo vai governando à vista, como convém. A oposição opõe-se, mas pouco


“Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
Linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal…”
Alexandre O’Neill

Há frases que marcam a nossa História.

A que reproduzo hoje para título desta crónica foi pronunciada vezes sem conta pelos soldados portugueses que combatiam em África, nas suas mensagens de Natal. Sossegavam assim as famílias e davam ânimo a eles próprios.

Seguia-se normalmente a despedida: “Adeus, até ao meu regresso.” 

Nem todos, como sabemos, regressaram.

Lembrei-me desta frase para retratar uma situação bem diversa, bem menos trágica, felizmente, mas também preocupante.

Estamos no verão, embora tímido. Para muitos, o gozo das férias. 

A seleção de futebol já saiu do Mundial. O folhetim Sporting parece ter acabado. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.

Na política nacional, os setores vitais da sociedade, educação, saúde e justiça, estão em ebulição. Profissionais dos três setores manifestam-se e entram em greve. Na justiça, até os juízes ameaçam paralisar. 

Os parceiros que têm sustentado este governo, PCP e BE, ameaçam abrir hostilidades contra o executivo. Claro que não passam de ameaças, com vista a algumas vitórias no Orçamento do Estado que satisfaçam os respetivos eleitorados. 

O governo, quase a ir a banhos, promete não ceder, enquanto negoceia às escondidas. Entretanto vai piscando também o olho ao PSD, não vá o diabo tecê-las. Mas, publicamente, António Costa lá vai garantindo que quer conservar os companheiros que o colocaram no poder.

Para já, o tempo está a ajudar e os incêndios ainda não começaram.

Estamos, portanto, a viver a paz podre que, por vezes, antecede as guerras. Mas, por cá, tudo parece estar tranquilo.
O governo vai governando à vista, como convém. A oposição opõe-se, mas pouco. 

Com o país a entrar de férias, se o tempo ajudar e não acontecerem desgraças como as do ano passado, “lá vamos andando como Deus quer”.

Quando algum estrangeiro nos perguntar como estamos, lá vamos responder de imediato: “Nós, por cá, todos bem!”

Jornalista