A questão da chamada “disciplina” de “Educação Física”


A “Disciplina” de “Ed. Física” tem que ser reestruturada, de modo a ter duas componentes: a Teórica e a Prática


É difícil viver, academicamente, em Portugal (Prof. Max Cunha). E de facto assim é!

Ora senão vejamos: quando na Juventude, dizíamos coisas sem lógica, éramos penalizados pelos professores grisalhos. Quando, anos mais tarde, passámos a escrever e a dizer coisas com toda a lógica, somos criticados, por todos aqueles que são amantes do “politicamente correcto”, apesar de tais críticas poderem configurar, em alguns casos, cumplicidade com actos de cobardia, com ilicitudes ou acções indignas, mas que proporcionam vantagens, no plano pessoal, a quem assim procede, apesar de saberem que é um caminho errado.

Quando se diz “que o Rei vai nu”, esses apressam-se a dizer que é mentira, pois que o “Rei vai vestido de nu”, o que é diferente…

Isto também se passa no meio académico, em que há grandes lutas partidárias, entre “irmãos”, de obediência diversa… que colocam interesses alheios à Universidade, como se fossem do interesse dela, apenas para “ocupar” o terreno e impor uma certa hegemonia, não do saber, não do conhecimento, mas apenas como afirmação de poder.

Vem isto a propósito de uma “intenção”, do actual Governo (M.E.), de reverter uma medida tomada, em 2012, por Nuno Crato, com o fim da nota da disciplina de “Ed. Física” a contar para a entrada no Ensino superior!

1 – Considerando que o Ensino Superior, como foi no passado, é que deve avaliar os seus candidatos, aos vários cursos superiores, e não o Ensino Secundário, não compreendemos a passividade e a falta de pró-actividade contestatária, por parte da Universidade, por este assunto, e até a não invocação da falta de legitimidade, para tal decisão do Ministério da Educação.

2 – O “M.E.”, acolitado por um tal “Conselho da Educação”, chamemos-lhe assim…, é que deve definir o que deve ser entendido por “Ed. Física” vs. “Motricidade Humana” vs. “Cinesiologia”, e estabelecer um novo programa para a “Disciplina”, ao longo dos diversos patamares escolares, com carácter obrigatório, e com avaliação.

É evidente que esta “Disciplina” tem que ser leccionada em duas vertentes: a TEÓRICA (a mais importante) e a PRÁTICA, como aliás qualquer exame de condução automóvel tem.

É que sem conhecimento prévio da “máquina humana”, não se deve “mexer” nela. Primeiro é preciso compreender o que ela é, para que serve, como se deve movimentar, o que acontece se for mal utilizada, consequências, etc., etc., e depois sim, movimentá-la, não com objectivos atléticos (isso é para os Clubes Desportivos e Ginásios), mas apenas PEDAGÓGICOS e educativos, o que torna a disciplina acessível até a um aluno com alguma deficiência física.

Este é que é o papel, e a missão, do Ministério da Educação; educar, formar, conferir integridade de carácter, aos futuros cidadãos, e transmitir-lhes o espírito de serviço à comunidade e ainda de cidadania, ou seja, de participação na vida política, social e familiar, com responsabilidade e dignidade. É isto que País, e os Pais dos alunos, esperam do Ministério da Educação.

3 – A “Disciplina” de “Ed. Física” tem que ser reestruturada, de modo a ter duas componentes: a Teórica e a Prática, como se disse. A motivação só pode surgir depois da compreensão da necessidade da movimentação das alavancas humanas, de forma correcta, de acordo com os seus seis distintos, centros articulares, com a noção, aproximada, da força, da velocidade, da resistência, e do equilíbrio, da máquina humana, da sua autonomia, em termos de necessidades metabólicas, de acordo com o anabolismo e catabolismo (A+C=metabolismo), da sua autonomia, em relação à ingestão de água, da informação homeotérmica e dos limites da sua variação, da sua homeostasia, do síndrome geral de adaptação, com as suas cinco fases, do sentido cinestésico, do tipo de trabalho muscular, na suas três diferentes formas possíveis de utilização, do que é o estereótipo motor-dinâmico, e como se treina para o aperfeiçoar, sendo, a falta dele, fonte de grandes desastres, etc., etc.

Mas mais importante ainda é ter a noção exacta de que o organismo humano é capaz de realizar coisas espantosas, como, por exemplo, criar, através do glicogénio, fabricado no fígado, uma energia que chega para colocar, mais ou menos, 1 tonelada (1000 Kg) a 1000 metros de altitude (nível do mar), ou seja, 1.020.000 Kgm, em cada 24 horas, sendo que 82% dessa energia é só para manter a temperatura constante do organismo.

Depois de saberem isto, os jovens, que hoje estão a ingerir muitas bebidas alcoólicas, que destroem o fígado, percebem então que se estão a suicidar.

O problema é que 95% dos universitários, e não só, não sabem isto porque a Escola, ou seja, o Ministério da Educação, nunca lhes explicou isso, como outras coisas, que só na Escola podem aprender!

Boa reforma!

 

Sociólogo

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