No ano que vem, em Jerusalém


Como Angela Merkel bem percebeu, Trump não quer saber para nada da Europa, estando preocupado é com a sua reeleição, para a qual é crucial ter os votos da comunidade judaica, pelo que nunca esmorecerá no apoio a Israel


Faz parte da tradição judaica que remonta à destruição do templo de Jerusalém pelo imperador Tito, no ano 70 d.C., terminar a festa da Páscoa com a oração “Leshana Habaa B’Yerushalayim” (no ano que vem, em Jerusalém). Essa oração expressa a velha aspiração judaica de regresso dos judeus espalhados pelo mundo à sua terra prometida, Eretz Israel.

Faz agora 70 anos que essa aspiração finalmente se concretizou. Efectivamente, foi no dia 14 de Maio de 1948 que foi proclamado o Estado de Israel pelo presidente do Conselho Nacional Judaico, David Ben Gurion. Nesse dia, o povo judeu ganhou finalmente o seu Estado, mas esse Estado nunca teve tarefa fácil. No dia seguinte à proclamação de independência foi imediatamente atacado pelos Estados árabes seus vizinhos e várias vezes esteve em risco de ser derrotado. Mas venceu sempre as suas batalhas, salientando-se as estrondosas vitórias que obteve na Guerra dos Seis Dias, em 1967, ou na Guerra do Yom Kipur, em 1973, perante novos ataques desencadeados pelos Estados árabes. Para isso contou sempre com o apoio dos Estados Unidos que, devido à comunidade judaica existente no país, nunca falharam no apoio ao seu aliado.

Esse apoio apenas esmoreceu no final da presidência de Barack Obama, em que, pela primeira vez, os Estados Unidos se abstiveram nas Nações Unidas, deixando passar a resolução 2334, de 23 de Dezembro de 2016, que condenava Israel. Benjamin Netanyahu limitou-se a dizer que estava ansioso por trabalhar com Donald Trump e, de facto, Trump não o desiludiu. Começou por transferir a embaixada americana para Jerusalém, reconhecendo dessa forma a cidade como capital de Israel, e agora pôs fim ao acordo nuclear com o Irão, que Israel nunca tinha visto com bons olhos. 

É manifesto que esta decisão de Trump pode provocar uma escalada no Médio Oriente. Aliás, logo após a mesma ser anunciada, forças iranianas atacaram posições israelitas nos montes Golã, levando Israel a retaliar, atacando bases iranianas na Síria. Não admira, por isso, que a União Europeia tenha combatido a decisão de Trump, pretendendo manter o acordo com o Irão, e tendo os países europeus boicotado mesmo a festa de inauguração da embaixada americana em Jerusalém. Mas, como Angela Merkel bem percebeu, Trump não quer saber para nada da Europa, estando preocupado é com a sua reeleição, para a qual é crucial ter os votos da comunidade judaica, pelo que nunca esmorecerá no apoio a Israel.

Neste enquadramento foi importantíssimo para Israel ter ganho o Festival Eurovisão da Canção realizado em Portugal, devido à interpretação de Netta Barzilai, tendo o primeiro-ministro Netanyahu já avisado que Israel organizará a próxima edição do festival em Jerusalém. Como bem salientou o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, embora enfurecendo os nossos diplomatas, os intérpretes e os artistas são muitas vezes mais importantes para a projecção internacional de um país do que os diplomatas de carreira. E, graças ao triunfo de Netta Barzilai, a organização do Festival Eurovisão em Jerusalém será uma oportunidade de ouro para o Estado de Israel projectar a sua imagem no mundo inteiro. No ano que vem, em Jerusalém. 


No ano que vem, em Jerusalém


Como Angela Merkel bem percebeu, Trump não quer saber para nada da Europa, estando preocupado é com a sua reeleição, para a qual é crucial ter os votos da comunidade judaica, pelo que nunca esmorecerá no apoio a Israel


Faz parte da tradição judaica que remonta à destruição do templo de Jerusalém pelo imperador Tito, no ano 70 d.C., terminar a festa da Páscoa com a oração “Leshana Habaa B’Yerushalayim” (no ano que vem, em Jerusalém). Essa oração expressa a velha aspiração judaica de regresso dos judeus espalhados pelo mundo à sua terra prometida, Eretz Israel.

Faz agora 70 anos que essa aspiração finalmente se concretizou. Efectivamente, foi no dia 14 de Maio de 1948 que foi proclamado o Estado de Israel pelo presidente do Conselho Nacional Judaico, David Ben Gurion. Nesse dia, o povo judeu ganhou finalmente o seu Estado, mas esse Estado nunca teve tarefa fácil. No dia seguinte à proclamação de independência foi imediatamente atacado pelos Estados árabes seus vizinhos e várias vezes esteve em risco de ser derrotado. Mas venceu sempre as suas batalhas, salientando-se as estrondosas vitórias que obteve na Guerra dos Seis Dias, em 1967, ou na Guerra do Yom Kipur, em 1973, perante novos ataques desencadeados pelos Estados árabes. Para isso contou sempre com o apoio dos Estados Unidos que, devido à comunidade judaica existente no país, nunca falharam no apoio ao seu aliado.

Esse apoio apenas esmoreceu no final da presidência de Barack Obama, em que, pela primeira vez, os Estados Unidos se abstiveram nas Nações Unidas, deixando passar a resolução 2334, de 23 de Dezembro de 2016, que condenava Israel. Benjamin Netanyahu limitou-se a dizer que estava ansioso por trabalhar com Donald Trump e, de facto, Trump não o desiludiu. Começou por transferir a embaixada americana para Jerusalém, reconhecendo dessa forma a cidade como capital de Israel, e agora pôs fim ao acordo nuclear com o Irão, que Israel nunca tinha visto com bons olhos. 

É manifesto que esta decisão de Trump pode provocar uma escalada no Médio Oriente. Aliás, logo após a mesma ser anunciada, forças iranianas atacaram posições israelitas nos montes Golã, levando Israel a retaliar, atacando bases iranianas na Síria. Não admira, por isso, que a União Europeia tenha combatido a decisão de Trump, pretendendo manter o acordo com o Irão, e tendo os países europeus boicotado mesmo a festa de inauguração da embaixada americana em Jerusalém. Mas, como Angela Merkel bem percebeu, Trump não quer saber para nada da Europa, estando preocupado é com a sua reeleição, para a qual é crucial ter os votos da comunidade judaica, pelo que nunca esmorecerá no apoio a Israel.

Neste enquadramento foi importantíssimo para Israel ter ganho o Festival Eurovisão da Canção realizado em Portugal, devido à interpretação de Netta Barzilai, tendo o primeiro-ministro Netanyahu já avisado que Israel organizará a próxima edição do festival em Jerusalém. Como bem salientou o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, embora enfurecendo os nossos diplomatas, os intérpretes e os artistas são muitas vezes mais importantes para a projecção internacional de um país do que os diplomatas de carreira. E, graças ao triunfo de Netta Barzilai, a organização do Festival Eurovisão em Jerusalém será uma oportunidade de ouro para o Estado de Israel projectar a sua imagem no mundo inteiro. No ano que vem, em Jerusalém.