Passos Coelho: “Não é fácil bater a geringonça, mas é preciso bater a geringonça”

Passos Coelho: “Não é fácil bater a geringonça, mas é preciso bater a geringonça”


O ex-primeiro-ministro despediu-se da liderança do PSD no discurso de abertura do 37º Congresso Nacional


No seu último discurso, Pedro Passos Coelho deixou uma mensagem a Rui Rio, mas não faltaram críticas à geringonça nem lembranças do passado. O até agora presidente do PSD foi recebido com um forte e demorado aplauso dos militantes presentes.

"Na minha qualidade de ex-presidente do partido e ex-primeiro-ministro – ainda para mais estive praticamente oito anos à frente do PSD – quero dizer que estou aqui como um soldado para contribuir para a união do nosso partido e para que os nossos resultados sejam os que ambicionas para o nosso partido e que são, com certeza, muitos porque é o que ambicionas para o nosso país", disse Passos Coelho dirigindo-se a Rui Rio que assume funções neste Congresso Nacional dos sociais-democratas. "A tarefa não é fácil. Mas nós gostamos de desafios difíceis", acrescentou o ex-líder do PSD.

"Sei que a batalha que temos pela frente – e não estás sozinho nela – é uma batalha difícil mas não estás sozinho", garantiu o ex-presidente. "Nós sabemos que não é na trincheira que acrescentamos [valor], aí subtrai-se, divide-se", disse ainda Passos Coelho. "É como sempre profetizou Mandela: é justamente conciliando, juntando, unindo que nós conseguimos com generosidade acrescentar e chegar mais longe".

Também Santana Lopes recebeu algumas palavras de apoio. "A sua derrota não foi uma derrota honrosa, foi uma derrota que traz a promessa da união e futuro para o partido e esses sinais, ainda o congresso não começou e já estão a ser dados".

Também o governo foi fortemente criticado pelo ex-primeiro-ministro que acusou o PS de não ter tido "a decência de renovar as caras para dizer 'isto aconteceu mas não volta a acontecer'", referindo-se aos "vários ministros que levaram o governo à banca rota" que continuam a integrar o atual Executivo. "Não houve até hoje um pedido de desculpas".

"Quando o primeiro-ministro José Sócrates governou, duplicou praticamente – em termos práticos – dívida pública", continuou Passos Coelho afirmando que António Costa sustenta os salários com "cativações, cortes" e relembra que o "investimento [está] a um nível mais baixo do que quando não havia dinheiro".

Sobre o mês de agosto, Passos deixou uma questão: "porquê esperar por agosto para dar aquilo que tem para dar? Porque agosto foi o mês que antecedeu as autárquicas e agosto é o mês que antecede as legislativas. Por isso é que se dá em agosto". O ex-primeiro-ministro criticou "essa propaganda que não incomoda o Bloco de Esquerda, o PCP, Os Verdes e o PS".

No entanto, Passos Coelho não nega a satisfação pelo "crescimento histórico" anunciado pelo governo. "Eu acho que não devemos dizer mal das coisas boas e eu estou satisfeito", afirmou lembrando que houve "13 países que cresceram bem mais do que Portugal na Zona Euro", nos quais estão incluídos Chipre, Irlanda e Espanha – países que passaram pelas mesmas dificuldades que Portugal.

"Porque é que já estamos a perder gás em Portugal ao fim de dois anos? Porque o governo só está preocupado consigo próprio não está preocupado com o futuro do país", critica o ex-primeiro-ministro. "Não é fácil bater a geringonça, mas é preciso bater a geringonça", diz lançando o desafio ao seu sucessor Rui Rio. "É a oportunidade de provar mais uma vez que o PSD sabe estar, mais uma vez, à altura do desafio", continuou, dizendo concordar "que a mudança de liderança ajudará nesta fase a provar que a geringonça continuou sempre a ser uma solução oportunista e negativa".