O meu filho já tem 5 anos!?


Juro-te uma coisa – nunca, nunca pensei em desistir de ti. Ponderei pausas, tempos, precisei de férias (e ainda preciso!) mas, durante estes anos, sempre soube que fazias total sentido na minha vida


Os cinco anos são uma idade muito engraçada. Com cinco anos já se percebe a personalidade, as qualidades, os defeitos; dizem umas coisas acertadas e fazem muitas asneiras, como é próprio da idade. Cinco anos é uma idade bonita. Emocionante. Porque, apesar de passarem a correr, é inegável perceber que durante este tempo muita coisa aconteceu e nós tornámo-nos um só. Somos a mesma pessoa, confundimo-nos, porque estamos ligados duma forma só nossa. Nunca pensei que ele chegasse a esta idade tão depressa e só por vos falar dele fico como aquelas mães que choram por tudo e por nada, não só porque acham os seus rebentos maravilhosos, mas sobretudo porque lhes faltam horas de sono.

Na verdade, nunca pensei gostar cada vez mais dele e todos os dias fico orgulhosa daquilo em que se tem tornado. Era tão pequenino e já tinha muita vontade, tantos sonhos! Cheguei a temer que, com a sua rebeldia, fizesse as escolhas erradas ou também que o castrassem ao ponto de deixar de ser quem é. Nenhuma das duas hipóteses seria válida para mim. Mas mesmo com estes receios tive de o deixar crescer – nunca lhe fiz planos –, sempre deixei que se expandisse e crescesse autónomo, livre, independente. E acho que ele hoje é quem quer ser.

O tempo vai passando e, apesar dos nossos problemas, das dores de cabeça e das preocupações, não imagino a minha vida sem ele. Tem sido uma jornada incrível. Temos crescido juntos e tenho aprendido mais do que alguma vez pensei aprender. Mesmo com a diferença de idade que nos separa, às vezes parece que é o puto que toma conta de mim. Quanto estou mais desesperançada, quando o mando dar uma volta, quando queria que as coisas fossem mais fáceis, ele mostra-me porque é tão importante.

Porque me faz sonhar todos os dias. Meu querido, agora escrevo para ti. Diretamente para ti. Este é o teu mês, foi em janeiro que te tive, assustada, sem saber muito bem o que seria de nós. Apesar de ser mãe solteira, nunca estive sozinha. Tenho tido ao longo destes anos a ajuda e a influência de pessoas que te querem tanto bem como eu. Sabes disso, não sabes?

O teu nome não me surgiu logo, confesso. Eras para ter um nome mais pomposo, menos tu, mas depois, quando se fez luz, foi óbvio para mim: teria de te chamar “Cancro com Humor”. E foi assim que nasceste, há cinco anos, em janeiro de 2013 – o ano em que te mostrava ao mundo como o projeto maior da minha vida.

Juro-te uma coisa – nunca, nunca pensei em desistir de ti. Ponderei pausas, tempos, precisei de férias (e ainda preciso!) mas, durante estes anos, sempre soube que fazias total sentido na minha vida. Foste tu que me salvaste do medo da morte. Foste tu que deste mais cor ao meu humor. Foste tu que me apresentaste ao amor. Foste tu que mais me fizeste chorar. Foste tu que me tornaste mais criativa e humana. Foste tu que me tornaste independente. Foste tu quem me ajudou a perdoar o passado, avançando. Foste tu que me ajudaste, pela primeira vez, a desejar o futuro. Foste tu o responsável por encontrar a minha vocação e, graças a ti, apaixonei-me pela comunicação e trabalhei diariamente na minha escrita. Foste tu que me tiraste o chão também, quando eles me deixaram. Foste tu quem me amadureceu. Foste a realização de tantos sonhos, tantas aventuras, tantos abraços. Gosto tanto de ti.

Não há como não chorar ao escrever este texto para ti. Cancro com Humor: fazes cinco anos e eu sou uma mãe babada, emocionada e com o coração apertado só de imaginar que um dia poderás sair de casa e seguir sem mim. Continua a crescer. Estou aqui a dar o meu melhor para que sejas cada vez maior.

Da tua mãe,

Marine

Blogger. Escreve à quinta-feira