O espetro de Maria de Lurdes assombra Costa


Fernanda Tadeu, mulher de António Costa, esteve na enorme manifestação de professores contra a então ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues


Fernanda Tadeu, mulher de António Costa, esteve na enorme manifestação de professores contra a então ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. António Costa e Maria de Lurdes Rodrigues eram colegas do conselho de ministros presidido por José Sócrates, no tempo em que o atual primeiro-ministro carregava a pasta da Administração Interna, e Maria de Lurdes o peso da ministra da Educação mais odiada de sempre. Fernanda Tadeu era professora.

Numa entrevista ao i, a 1 de agosto de 2015, António Costa lembra como viveu esses tempos e acabou por dar razão à mulher. “O problema não foi ir à manifestação, foram as manifestações que me fazia todos os dias ao pequeno-almoço”, disse nessa altura Costa, considerando que “em muitas coisas, [a mulher] tinha muita razão”: “Vi o absurdo que constituiu aquele modelo de avaliação de professores (…) Percebi bem o absurdo do monstro burocrático que se estava ali a criar. Não me surpreendeu o grande castigo político que o PS sofreu por tudo isso. É das boas lições que o PS deve reter, para que nunca mais repita estratégias reformistas deste género.”

A situação que opõe professores ao governo é, hoje, distinta: não se trata de reformas absurdas feitas contra uma classe profissional por uma ministra com modus castigador. No entanto, há uma manifesta injustiça em que os professores tenham estado a trabalhar para o boneco em termos de carreira durante nove anos e meio. António Costa percebeu “o grande castigo político que o PS sofreu” por ter sido profundamente injusto com uma classe profissional. Agora, é primeiro- -ministro e tem responsabilidades acrescidas de aplicar o que percebeu naquele tempo.

É verdade que 600 milhões é muito dinheiro, mas também é verdade que para um conjunto de coisas – tipo salvar bancos e tal –, o dinheiro sempre aparece.

Provavelmente, o espetro de Maria de Lurdes Rodrigues pode levar o governo a tomar agora opções muito mais sensatas.