As eleições autárquicas já fizeram estragos a nível nacional no passado e parece que vão continuar a fazer. Guterres bateu com a porta quando foi derrotado a nível local e Passos Coelho já admite não se recandidatar à liderança do PSD quando na semana passada tinha garantido o contrário.
Mas as eleições de ontem levantam grandes questões ao futuro da geringonça: sendo o PS o grande vencedor da noite e o PCP o segundo maior derrotado, pior só mesmo o PSD, como será a convivência do PS com o BE e o PCP? É que os dois partidos que suportam o governo não vão querer, certamente, seguir a mesma estratégia que adotaram até aqui. As reivindicações e exigências nos Orçamentos do Estado serão maiores e ao PS não restará outra coisa que não ceder, se não quiser romper essa ‘coligação’. António Costa sabe perfeitamente que é muito melhor governar com o PCP a controlar os sindicatos do que ter o povo na rua a manifestar-se por tudo e por nada.
Mas o grande derrotado da noite foi, obviamente, Passos Coelho, que teve um discurso sereno e responsável. Admitiu a hecatombe – o pior resultado de sempre do PSD – mas fez saber que não se demitirá até ao próximo congresso do partido, deixando, no entanto, em aberto a hipótese de não se recandidatar à liderança do PSD. Por fim, o segundo grande vencedor das autárquicas foi o CDS, que teve um resultado histórico em Lisboa e conseguiu ainda ganhar mais uma câmara a nível nacional, na comparação com as últimas eleições.
Cristas deu um banho ao PSD e afirma-se como a verdadeira oposição na Câmara de Lisboa. Cristas dia agora que também o quer ser no país todo. Nada como um bom resultado para o discurso ser ‘confiançudo’. P.S. Não deixa de ser insólito que algumas figuras que tiveram ou têm problemas com a Justiça tenham ganho as respetivas câmaras com maioria absoluta ou quase. É o país que temos e o Ministério Público terá muito que observar num futuro próximo. Desde parcerias a adjudicações diretas…
