Uma casa, uma construtora e um presidente


O presidente da Câmara Municipal de Lisboa não tem menos deveres que os seus munícipes, mas o cargo que ocupa obriga-o a ter mais obrigações. 


 A compra da casa que realizou em 2016 a uma neta do fundador da Teixeira Duarte, e que desempenhou funções na empresa, e que é irmã de um dos diretores e prima direita do presidente da construtora, merece ser esclarecida cabalmente, não deixando margens para dúvidas no que às suspeições de favorecimento diz respeito.

Afinal, a autarquia, depois da compra do imóvel, fez dois ajustes diretos à Teixeira Duarte, no valor de mais de cinco milhões, para que a empresa fizesse as obras de recuperação do miradouro de S. Pedro de Alcântara e do viaduto de Alcântara. O Ministério Público está a investigar o caso depois de ter recebido uma denúncia anónima, e é bom que Fernando Medina explique tudo. É natural que em véspera de eleições, sejam elas autárquicas ou legislativas, surjam queixas anónimas que pretendem pôr o bom nome dos autarcas em causa.

O i, depois da notícia divulgada pela “Sábado” e pelo “Observador”, continuou o seu trabalho de investigação. A verdade é que o estávamos a fazer pois já tínhamos tido a informação da compra da casa, mas nunca poderíamos avançar sem ter os dados confirmados. Não fazemos julgamentos sumários, apenas nos limitamos aos factos. É natural que Fernando Medina tenha “arranjado” vários inimigos ao longo do seu consulado. Afinal, foram muitas as obras que realizou em Lisboa, deixando, seguramente, alguém descontente por não ter sido contemplado.

Certo é que, até a este episódio, Medina tinha praticamente garantida a eleição no dia 1 de outubro. Restará agora ao presidente da câmara explicar a história dos ajustes diretos e se a compra da casa não beneficiou de alguma simpatia da Teixeira Duarte. Teresa Leal Coelho, a candidata do PSD à Câmara de Lisboa, já se colocou ao lado de Medina. Veremos o que tem a dizer o Ministério Público.