Banca.Compra de carro lidera pedidos de novos créditos

Banca.Compra de carro lidera pedidos de novos créditos


Portugueses têm vindo a pedir mais dinheiro aos bancos nos últimos seis meses. Pedidos de novos créditos para comprar automóvel dispararam


Os portugueses estão a pedir mais dinheiro e os bancos a emprestar mais. De acordo com os dados do Banco de Portugal (BdP), divulgados ontem, o novo crédito concedido subiu mais de 11% nos primeiros seis meses do ano. O crédito para a compra de carro foi o que mais aumentou.

No total foram emprestados mais de três milhões de euros para crédito ao consumo, dos quais 40% se destinaram à compra de carro. Os créditos para este fim dispararam assim mais de 21%, totalizando perto de 1,3 milhões em junho.

Já o número de novos créditos acordados entre os bancos e os consumidores na rubrica ‘outros créditos pessoais (sem finalidade específica, lar, consolidado e outras finalidades)’ também aumentou 5,8% em termos homólogos, mas caiu 18,6% se compararmos com o mês anterior (para 214,713 milhões de euros).

Este ano tem ficado marcado pelo registo de vários recordes no que diz respeito à concessão de créditos. A procura de financiamento para comprar casa, por exemplo, está em máximos de 2010.

Em junho deste ano, por exemplo, o montante de novos contratos de créditos pessoais foi de 219 milhões de euros. Para ver como este valor tem vindo a aumentar basta olhar, por exemplo, para o mesmo mês, mas referente a 2013, altura em que o montante de novos contratos de crédito pessoais era de 129 milhões de euros.

Excesso de dependência

Em entrevista ao Jornal de Negócios, Flore-Anne Messy, diretora da OCDE para a educação financeira, em Portugal, diz que “há excesso de dependência do crédito” e corre-se o risco de voltar a problemas antigos. “Se eu tivesse de eleger prioridades para Portugal, focava-me na digitalização e também neste acesso ao crédito que será um problema daqui a alguns anos se não for trabalhado já”, explica a responsável, acrescentando que pedir empréstimos é bom para a economia, mas é preciso saber planear a longo prazo e evitar situações de sobreendividamento,

Também Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, considera importante combater as práticas da banca no crédito às famílias: “Quando há crescimento económico e as pessoas têm algum alívio, os bancos tendem outra vez a impor mecanismos de crédito às vezes muito agressivos”.

Para Catarina Martins, os baixos salários são a principal razão para o aumento do recurso a créditos. “O Bloco de Esquerda já no passado fez vários projetos precisamente para proteger as famílias das práticas muito agressivas da banca e que depois têm resultados que podem ser devastadores na vida de cada um e de cada uma”, sublinha.

Menos restrições

Um inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito da zona euro revelou que, para os cinco grupos bancários da amostra portuguesa, “os critérios de concessão de crédito ao setor privado não financeiro permaneceram em termos globais estáveis nos últimos meses”.

No entanto, e de acordo com o documento relativo a janeiro de 2017, “algumas instituições indicaram que as pressões exercidas pela concorrência terão contribuído para uma ligeira redução da restritividade na concessão de crédito”. Uma outra instituição indicou ainda “que a redução na perceção de riscos associados às perspetivas para o mercado de habitação e à situação económica em geral terá contribuído para critérios ligeiramente menos restritivos nos empréstimos a particulares”.