Surf sim. Mas também no Feminino


No desporto em Portugal, existe uma natural tendência para se falar pouco no feminino. Não é descriminação nem desejo sequer entrar na discussão da igualdade de género. Reforço a palavra ‘natural’ assim como o facto de ser uma ‘tendência’. Simplesmente acontece dessa forma sem razões voluntárias. Contudo, há momentos que são de enaltecer e há…


No desporto em Portugal, existe uma natural tendência para se falar pouco no feminino. Não é descriminação nem desejo sequer entrar na discussão da igualdade de género. Reforço a palavra ‘natural’ assim como o facto de ser uma ‘tendência’. Simplesmente acontece dessa forma sem razões voluntárias. Contudo, há momentos que são de enaltecer e há personagens que são também ímpares no seu caminho. No feminino, claro!

Patrícia Lopes é uma veterana do surf nacional. Foi campeã nacional inúmeras vezes no final dos anos 90 e início da década de 2000. Foi também provavelmente o/a primeira surfista vinda de Portugal a percorrer o mundo com regularidade. Entrou em muitos campeonatos, era uma personagem aceite no panorama internacional da modalidade mas não vingou no que toca à qualificação para a elite do surf mundial. Atravessava-se uma fase em que o surf procurava ser aceite na generalidade da sociedade portuguesa.

Mais tarde surgem novos nomes. Joana Rocha e Francisca Santos foram outras senhoras que também lutaram pelas suas carreiras tanto doméstica como internacionalmente. Talvez com percursos diferentes. Joana é uma figura imponente no meio do surf de competição não só pelos resultados obtidos a títulos individual (e um título nacional em 2009) mas também pelos muitos e bons “meetings de girls” que liderou para fomento ao surf feminino em Portugal. Por seu turno, Francisca, campeã nacional em 2007 e 2010, era vista com uma grande esperança do surf nacional tendo apostado fortemente numa carreira internacional em busca da tão desejada qualificação. Mais uma vez, não aconteceu. Esta fase foi acompanhada por um período novo para surf em Portugal já que a aceitação do surf na sociedade já era uma realidade mas a estrutura base de desenvolvimento da modalidade começava a atingir contornos mais sólidos.

Entramos agora na geração atual. A tripla dinâmica do surf feminino em português considera Carol Henrique e Camilla Kemp. Há uma terceira personagem. Mas já lá vamos. Henrique tem uma raiz familiar no surf, foi campeã nacional da Liga MEO Surf em 2016 e é a melhor portuguesa classificada no circuito mundial de qualificação com um 22º posto ao momento. Kemp já venceu por diversas vezes na Liga mas ainda não levantou a taça do título, lutando também por um lugar na elite a nível global embora numa posição mais reservada ao dia de hoje (47º lugar).

Por falar em reservada. Falta a terceira personagem do surf feminino dos dias de hoje. A timidez no ranking mundial de qualificação (51º lugar) contrapõe com a afirmação nos escalões juniores. Tiago Pires foi o primeiro português campeão europeu júnior em 1999 dando seguimento com um vice título mundial. Vasco Ribeiro inscreveu o seu nome neste processo com um jackpot de título europeu e mundial em 2014. Mas ambos só o fizeram por uma vez. No feminino, já há uma portuguesa que o fez por duas vezes (2016 e 2017) procurando agora, no seu último ano como júnior, juntar o primeiro título mundial para encerrar a fase pré-adulta com chave de ouro. Para além disso, conta também com dois títulos nacionais em 2014 e 2015, e lidera a Liga MEO Surf 2017 com o destaque que duas vitórias em três etapas decorridas oferece dar.  

Esta surfista, de Cascais, beneficiou (e muito) do percurso das restantes que lhe antecederam e também da maturidade do surf enquanto desporto que hoje se lhe reconhece. Quando iniciou a sua carreira, o surf já era parte da sociedade. Para além disso, nesta mesma sociedade, já havia uma estrutura desportiva sólida e completa que olearam o seu caminho. E, por fim mas não menos importante, a cultura familiar desportiva outro aspeto também sempre presente. Até foi o seu “tio Pedro” que “me deu a minha primeira aula de surf quando eu tinha 9 anos”. Falo de Teresa Bonvalot, 17 anos. Se por um lado invoca desde 2014 que “estou focada em chegar ao World Tour” por outro os mais experientes, neste caso, Tiago Pires, escrevem-lhe os parabéns pelo segundo título europeu júnior e reforçam o mote “vamos conquistar o mundo”.

Patrícia, Joana, Francisca, Carol, Camilla e Teresa são todas desportistas que orgulham o surf nacional no feminino. Há algumas mais (e perdoem-me a falta de referência) mas são estas (entre outras) que vão poder acompanhar na 4ª etapa da Liga MEO Surf, principal competição do surf português, que hoje se iniciou na Praia Grande em Sintra. Entre a vitória no Allianz Sintra Pro e a celebração dos 20 anos da Associação Nacional de Surfistas, muitas ondas serão surfadas. Não só mas também, no feminino. Boa sorte meninas! 

Surf sim. Mas também no Feminino


No desporto em Portugal, existe uma natural tendência para se falar pouco no feminino. Não é descriminação nem desejo sequer entrar na discussão da igualdade de género. Reforço a palavra ‘natural’ assim como o facto de ser uma ‘tendência’. Simplesmente acontece dessa forma sem razões voluntárias. Contudo, há momentos que são de enaltecer e há…


No desporto em Portugal, existe uma natural tendência para se falar pouco no feminino. Não é descriminação nem desejo sequer entrar na discussão da igualdade de género. Reforço a palavra ‘natural’ assim como o facto de ser uma ‘tendência’. Simplesmente acontece dessa forma sem razões voluntárias. Contudo, há momentos que são de enaltecer e há personagens que são também ímpares no seu caminho. No feminino, claro!

Patrícia Lopes é uma veterana do surf nacional. Foi campeã nacional inúmeras vezes no final dos anos 90 e início da década de 2000. Foi também provavelmente o/a primeira surfista vinda de Portugal a percorrer o mundo com regularidade. Entrou em muitos campeonatos, era uma personagem aceite no panorama internacional da modalidade mas não vingou no que toca à qualificação para a elite do surf mundial. Atravessava-se uma fase em que o surf procurava ser aceite na generalidade da sociedade portuguesa.

Mais tarde surgem novos nomes. Joana Rocha e Francisca Santos foram outras senhoras que também lutaram pelas suas carreiras tanto doméstica como internacionalmente. Talvez com percursos diferentes. Joana é uma figura imponente no meio do surf de competição não só pelos resultados obtidos a títulos individual (e um título nacional em 2009) mas também pelos muitos e bons “meetings de girls” que liderou para fomento ao surf feminino em Portugal. Por seu turno, Francisca, campeã nacional em 2007 e 2010, era vista com uma grande esperança do surf nacional tendo apostado fortemente numa carreira internacional em busca da tão desejada qualificação. Mais uma vez, não aconteceu. Esta fase foi acompanhada por um período novo para surf em Portugal já que a aceitação do surf na sociedade já era uma realidade mas a estrutura base de desenvolvimento da modalidade começava a atingir contornos mais sólidos.

Entramos agora na geração atual. A tripla dinâmica do surf feminino em português considera Carol Henrique e Camilla Kemp. Há uma terceira personagem. Mas já lá vamos. Henrique tem uma raiz familiar no surf, foi campeã nacional da Liga MEO Surf em 2016 e é a melhor portuguesa classificada no circuito mundial de qualificação com um 22º posto ao momento. Kemp já venceu por diversas vezes na Liga mas ainda não levantou a taça do título, lutando também por um lugar na elite a nível global embora numa posição mais reservada ao dia de hoje (47º lugar).

Por falar em reservada. Falta a terceira personagem do surf feminino dos dias de hoje. A timidez no ranking mundial de qualificação (51º lugar) contrapõe com a afirmação nos escalões juniores. Tiago Pires foi o primeiro português campeão europeu júnior em 1999 dando seguimento com um vice título mundial. Vasco Ribeiro inscreveu o seu nome neste processo com um jackpot de título europeu e mundial em 2014. Mas ambos só o fizeram por uma vez. No feminino, já há uma portuguesa que o fez por duas vezes (2016 e 2017) procurando agora, no seu último ano como júnior, juntar o primeiro título mundial para encerrar a fase pré-adulta com chave de ouro. Para além disso, conta também com dois títulos nacionais em 2014 e 2015, e lidera a Liga MEO Surf 2017 com o destaque que duas vitórias em três etapas decorridas oferece dar.  

Esta surfista, de Cascais, beneficiou (e muito) do percurso das restantes que lhe antecederam e também da maturidade do surf enquanto desporto que hoje se lhe reconhece. Quando iniciou a sua carreira, o surf já era parte da sociedade. Para além disso, nesta mesma sociedade, já havia uma estrutura desportiva sólida e completa que olearam o seu caminho. E, por fim mas não menos importante, a cultura familiar desportiva outro aspeto também sempre presente. Até foi o seu “tio Pedro” que “me deu a minha primeira aula de surf quando eu tinha 9 anos”. Falo de Teresa Bonvalot, 17 anos. Se por um lado invoca desde 2014 que “estou focada em chegar ao World Tour” por outro os mais experientes, neste caso, Tiago Pires, escrevem-lhe os parabéns pelo segundo título europeu júnior e reforçam o mote “vamos conquistar o mundo”.

Patrícia, Joana, Francisca, Carol, Camilla e Teresa são todas desportistas que orgulham o surf nacional no feminino. Há algumas mais (e perdoem-me a falta de referência) mas são estas (entre outras) que vão poder acompanhar na 4ª etapa da Liga MEO Surf, principal competição do surf português, que hoje se iniciou na Praia Grande em Sintra. Entre a vitória no Allianz Sintra Pro e a celebração dos 20 anos da Associação Nacional de Surfistas, muitas ondas serão surfadas. Não só mas também, no feminino. Boa sorte meninas!