O presidente Michel Temer deu luz verde à intervenção das Forças Armadas brasileiras para conterem a onda de violência resultante das manifestações de hoje, em Brasília.
Cerca de 150 mil pessoas juntaram-se na capital brasileira para protestar contra a recusa do chefe de Estado brasileiro em apresentar a demissão, na sequência da abertura de uma investigação sobre si, pela suspeita da prática de crimes de corrupção passiva, obstrução à justiça e organização criminosa.
A manifestação começou por ser pacífica, mas acabou por resvalar para a violência, na zona da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os protestantes envolveram-se em confrontos violentos com a polícia e atacaram os edifícios onde têm sede os ministérios da Agricultura, do Planeamento e dos Transportes. No primeiro foi mesmo ateado fogo, o que obrigou à sua evacuação.
“O presidente entende que é inaceitável a baderna e o descontrolo, e não permitirá que atos como este venham a perturbar um processo que se desenvolve de maneira democrática e em respeito com as manifestações”, explicou o ministro da Defesa, Raul Jungman, citado pela “Folha de São Paulo”, na hora de justificar a decisão de chamar o exército para a rua, criticando ainda o clima de “violência, vandalismo, desrespeito, agressão e ameaça” que se vive na capital.
De acordo com a “Folha”, o governo teme que esse mesmo clima possa levar outras cidades brasileiras a sairem às ruas em protesto contra Temer.
No Brasil especula-se cada vez mais sobre a hipótese da abertura de um novo processo de “impeachment” – a anterior presidente, Dilma Rousseff, foi afastada do cargo em agosto de 2016, de acordo com essa mesma moldura constitucional -, muito por culpa da revelação das gravações, levadas a cabo por dois administradores da empresa JBS, e nas quais se revela que Temer terá tentado comprar o silêncio do ex-líder líder da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, detido no âmbito da Operação Lava Jato.
O presidente diz que as gravações foram “adulteradas” e já garantiu que não se vai demitir.