É uma evolução assinalável. O fim de semana fez bem ao CDS e a reunião do seu conselho nacional também. Como o i hoje noticia, há centristas preocupados com as contradições de Paulo Núncio que ficaram evidentes na incrível sessão da semana passada na Assembleia da República. É objetivo que Pedro Passos Coelho também não ajudou o CDS. Este fim de semana, o ex-primeiro-ministro também caiu na real e, apesar de nunca ter acusado, como fez Cristas, o governo de andar a “plantar notícias” (deu-lhe só um ataque de fúria no parlamento), deixou cair o seu antigo secretário de Estado.
E foi duro. “Uma decisão infeliz e errada”, disse Passos Coelho sobre a opção, assumida pelo próprio Paulo Núncio como sendo sua, de ocultação das transferências de dinheiro para offshores durante o tempo da troika. É de louvar que os partidos de direita tenham finalmente percebido que o caso das offshores é um problema. Mais vale tarde do que nunca. Até porque, como ontem disse Marques Mendes no seu comentário semanal, a não comunicação ao fisco da saída de dinheiro – que anda a ser atribuída a um bug informático – até pode ser “um caso de polícia”. O problema é que Passos Coelho está demasiado próximo deste caso para poder sair bem disto. Se, como diz Mendes, Maria Luís Albuquerque vai dizer que não sabia de nada, “passa um atestado de incompetência a si própria”.
Pior: ninguém vai acreditar que Maria Luís e o próprio Passos Coelho tivessem sob a sua alçada um tão poderoso secretário de Estado que se estava nas tintas para comunicar decisões deste nível aos seus superiores. Em última análise, “a decisão infeliz e errada” de Núncio foi a do governo que Passos liderou. É um desastre político. Mas pode ser ainda pior que isso.