A grande farra socialista está de volta


Aeroporto no Montijo, novos e grandes barcos, estradas e talvez a terceira ponte sobre o Tejo. É tempo de os portugueses apertarem os cintos, meterem a cabeça entre as pernas e rezarem para sair vivos da queda do avião chamado Portugal


Risos até às orelhas, olhinhos brilhantes, frases bacocas com fartura. Acabou a austeridade, venham as obras públicas, os aeroportos, os barcos, os comboios aos molhos e dinheiro para gastar na grande farra socialista.

O espetáculo não podia ser mais deprimente. De arrepiar, mesmo. Foi o regresso ao passado. Ao passado de Sócrates da Parque Escolar, dos TGV, das praias de Madrid no Poceirão, das autoestradas sem custos para os utilizadores e sem carros, dos aeroportos da Ota, do Campo de Tiro de Alcochete e da terceira ponte sobre o Tejo.

Dos milhões atirados à rua, do endividamento público brutal que acabou com estrondo na gloriosa bancarrota socialista. Agora, um ano depois de estar no poder com a ajuda preciosa da extrema–esquerda e do inefável Marcelo, o PS volta a tirar a máscara e arranca decidido para mais um período glorioso de negócios públicos, desastres económicos e outros momentos históricos que antecedem, ontem como hoje, mais uma bancarrota que, tal como a narrativa de Sócrates, vai ser culpa dos maus dos mercados, da maldita Europa, da malvada Merkel, do tenebroso Schäuble e, para dar mais picante ao desastre, do populista Trump, da desregulação de Wall Street e das políticas económicas expansionistas e protecionistas do novo presidente norte-americano.

O circo começou a sair à rua com a pomposa e ridícula cerimónia da assinatura de um protocolo para a construção de um aeroporto no Montijo. Estavam lá todos, felizes, bacocos, eufóricos, não com a obra, mas com o sonho dos milhões que vão ganhar e dar a ganhar aos amigos do costume.

O chefe da geringonça não podia estar mais feliz e determinado: “Hoje temos de decidir o que temos hoje para decidir.” Qual Sócrates, atirou umas máximas para jornalista perceber que o homem é um estudioso profundo das matérias em que se mete e um extraordinário vendedor de banha da cobra: “O aeroporto é muito mais que uma infraestrutura essencial de suporte ao turismo, é essencial também do ponto de vista geoestratégico para o posicionamento do país no mercado global e é também uma infraestrutura fundamental ao suporte do de-senvolvimento da economia. Portugal é um país europeu e orgulha-se de o ser, mas é também um país atlântico, aberto ao mundo, e isso orgulha-nos e queremos continuar a sê-lo.”

Ainda sem estudos realizados, como confessou o habitante do Montijo que Costa fez ministro do Planeamento e das Infraestruturas, o chefe da geringonça conseguiu passar umas “boas centenas de horas, para não dizer milhares de horas, a debruçar-se sobre este tema, inclusive lendo estudos que já demonstraram tudo e o seu contrário” e que, afinal, não existem.

Dito isto, vale a pena referir que o cidadão do Porto que anda a destruir Lisboa descobriu que esta “decisão protege os contribuintes, porque não vai ser realizado investimento público. Mas é aquela também que tem o valor de investimento mais baixo, não vai onerar as taxas aeroportuárias tanto e não vai pôr em causa a competitividade do destino Lisboa”.

Para a festa ficar completa, apareceu também o presidente dos afetos a antecipar-se aos socialistas a sugerir o nome de Mário Soares para o tal futuro aeroporto do Montijo.

Claro que a imaginação dos socialistas para gastar e ganhar muito dinheiro que não lhes pertence não tem limites. Além do novo aeroporto já falam em comboios ligeiros na Ponte Vasco da Gama, novos e grandes barcos para a travessia do Tejo e não vão esquecer outro grande projeto de Sócrates, a terceira ponte sobre o Tejo.

É o fartar vilanagem numa altura em que andam entretidos a enganar os portugueses com défices históricos, crescimentos espetaculares da economia e outros feitos desta geringonça que em má hora aterrou em Portugal.

Agora é tempo de o avião socialista levantar voo a caminho dos muitos milhões que as obras públicas sempre deram aos políticos e aos seus amigos dos negócios. Mas agora também é tempo de os portugueses apertarem os cintos, meterem a cabeça entre as pernas e rezarem para sair vivos da queda do avião chamado Portugal com Marcelo e Costa aos comandos.

Jornalista