Israel faz história


Poucos dias antes do encontro entre Trump e Netanyahu, o parlamento israelita legalizou quatro mil casas em mais de 50 colonatos. Os territórios ocupados já eram. Agora são terras de judeus


O dia 6 de fevereiro fica com certeza na história de Israel. O Knesset aprovou a legalização de quatro mil casas em mais de 50 colonatos. Evidentemente que a lei prevê que os proprietários dos terrenos sejam indemnizados.

Claro que os suspeitos do costume, como a ONU, pela voz do seu secretário–geral António Guterres, e a União Europeia, cada vez mais irrelevante na Europa e no mundo, deram uns gritinhos de indignação que não passam disso mesmo, sem qualquer importância na decisão de Israel de acabar de uma vez por todas com o mito dos territórios ocupados e da impensável solução de dois Estados sem que antes os palestinianos reconheçam o Estado judeu e renunciem ao seu ADN terrorista.

A visita de Netanyahu a Washington esta quarta-feira marca uma viragem de página importante no relacionamento entre os EUA e Israel. Depois de oito anos de Obama, que acabaram com a vergonhosa abstenção dos americanos numa resolução contra Israel e na transferência, no último dia do seu mandato, de mais de 200 milhões de dólares para os palestinianos, vem aí uma nova era com três marcas fundamentais e também históricas.

Em primeiro lugar, a nova administração Trump – e o embaixador nomeado para Jerusalém, David Friedman, é prova disso – compreende a necessidade de Israel construir mais habitações no seu território. Por questões de segurança nacional e também para responder às necessidades de crescimento da população, incluindo o regresso de muitos judeus da diáspora, nomeadamente da Europa, em virtude do aumento do antissemitismo em muitos países, como é o caso da França.

Em segundo lugar, o cumprimento da promessa de Trump de mudar a embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém. A Cidade Santa é hoje, como será no futuro, a capital do Estado judeu, que Israel, obviamente, nunca partilhará com ninguém, custe o que custar.

Em terceiro lugar, Trump vai com certeza dar razão ao primeiro-ministro israelita na questão do Irão e do acordo nuclear assinado no verão de 2015 – um acordo vergonhoso que põe em causa a segurança de Israel, dos EUA e do mundo. E isto porque os fanáticos que mandam na Pérsia desde 1979 estão decididos a ter a bomba atómica. Têm urânio enriquecido suficiente para construir dez bombas nucleares. Os fanáticos assinaram o acordo com uma mão e continuam a ameaçar destruir Israel com a outra. Os fanáticos de Teerão já receberam milhões e milhões em bens e fundos que estavam há anos congelados pelas sanções internacionais. Os fanáticos já podem vender petróleo à União Europeia e relançar as suas relações comerciais com uma Europa sem política externa, estagnada económica e politicamente, que andou a reboque dos atos criminosos de Obama na Ucrânia, no Médio Oriente, no golfo Pérsico e em África.

Sem sanções económicas e políticas, o Irão ganhou novo fôlego para reforçar os seus laços com os terroristas do Hezbollah do Líbano, no Iémen e, particularmente, para atacar Israel, o seu grande desígnio para se tornar a potência dominante do mundo muçulmano e ganhar a corrida aos rivais Arábia Saudita e Turquia.

Mas, para mal do senhor Obama, quem estava e está no poder em Israel chama–se Benjamin Netanyahu, que voltou a vencer as eleições em março do ano passado, uma vitória conseguida contra tudo e contra todos, incluindo a clique democrata instalada na Casa Branca. E Netanyahu, com o apoio da larga maioria da população israelita, veio logo dizer ao mundo naquele verão trágico que Israel nunca deixaria que os fanáticos de Teerão tivessem a bomba atómica.

Contra a vontade de Obama, Merkel, Hollande e Putin, que classificaram de histórico o acordo de Viena, Netanyahu e Israel estão há muito preparados para as traições americanas e europeias, e mais uma vez irão salvar o mundo de um bando de perigosos fanáticos. Em Munique, em 1938, um pacifista tacanho assinou um acordo de paz com Hitler que abriu caminho à ii Guerra Mundial. Em 2015, em Viena, um grupo de tacanhos assinou um acordo com o Irão que obriga Israel a defender o mundo de uma nova tragédia, mas desta vez com o apoio empenhado de Trump, que tudo fará para rebentar com o acordo nuclear e encostar às cordas o regime de Teerão, com mais sanções de toda a ordem.

A propósito do Irão e da decisão tomada por Trump de suspender a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos, importa aqui e agora divulgar os resultados de um estudo de opinião revelado a semana passada. Quem o fez foi o insuspeito Chatham House, sediado em Londres, que interrogou 10 mil pessoas de dez países europeus sobre a matéria. A pergunta era simples e direta: concorda que a imigração de muçulmanos deve ser travada? Vamos aos resultados: 55% concordam, 20% não concordam e 25% não têm opinião. Agora por países: 71% dos polacos, 65% dos austríacos, 64% dos belgas, 64% dos húngaros, 61% dos franceses, 58% dos gregos, 53% dos alemães, 51% dos italianos, 47% dos britânicos e 41% dos espanhóis concordam. Já nos EUA, como se sabe, 57% dos americanos estão ao lado de Trump na suspensão dos vistos aos cidadãos da Somália, Síria, Iraque, Líbia, Iémen, Afeganistão e Irão. Evidentemente, a comunicação social e os jornalistas lacaios do sistema e do politicamente correto esconderam este estudo da opinião pública. As pocilgas são mesmo pocilgas. Não há nada a fazer.

Jornalista